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O Caminho traçado até à final

 Jorge Jesus assumiu o comando do Clube Regatas do Flamengo nesta edição do torneio, frente ao Emelec, e não se pode afirmar ter sido um começo de sonho. Primeiro jogo e primeira derrota no Equador por 2-0, algo invertido no Maracanã com os da casa a vencer por igual resultado, levando a eliminatória para pontapés de grande penalidade, carimbando passagem para as fases seguintes. A partir daí caiu no sorteio quartos e meias finais brasileiras.

Primeiro contra o Internacional, vitória por 2-0 em casa e empate sem golos em Porto Alegre. Grémio depois, o actual 6º classificado do Brasileirão e um novo empate em Porto Alegre, desta feita na 1ª mão por uma bola. Na segunda parte da eliminatória, exibição de gala no Rio de Janeiro com um estrondoso resultado de 5 a 0 para marcar presença na final da mais importante prova da América do Sul, algo que os adeptos do “mengão” só conquistaram por uma vez na sua história e já no longínquo ano de 1981.

Já os Argentinos do River Plate iniciaram as fases a eliminar sempre com um aspecto em comum: primeiro jogo sempre jogado em casa.

Nos oitavos, teve também de garantir passagem através da lotaria dos penaltis perante os brasileiros do Cruzeiro, após empates registados sem golos em casa e fora. Seguir-se-ia o Cerro Porteño e vitória em Buenos Aires por 2-0, e nem o empate 1-1 no segundo encontro no Paraguai, impediria um clássico de escala planetária River x Boca nas meias finais.  

Reedição da final da época passada da competição organizada pela Conmebol, novamente com festa vermelha e branca no final, iniciada após vitória por 2-0 no El Monumental. Na segunda volta da eliminatória, única derrota na prova e logo no derradeiro Superclássico argentino na Bombonera, mas por um escasso 1-0 que no somatório de ambas as mãos, não impediu que River e Flamengo meçam forças numa final entre países rivais.

O Flamengo de Jorge Jesus

Principais figuras

Gabriel Barbosa – Artilheiro da competição e peça chave no ataque dos cariocas. Tem se mostrado de pontaria afinada. Atacante móvel, poderoso fisicamente e com grande capacidade de aceleração.

Bruno Henrique – Entende-se como ninguém com Gabigol na dupla de ataque, ou não fossem companheiros de longa data, já desde os tempos do Santos. Forte tecnicamente, rápido e capaz de ter agora uma maior frieza no momento de finalizar as jogadas.

Éverton Ribeiro – O capitão tornou-se num símbolo deste plantel. Sabe como ninguém tratar bem da bola tecnicamente, fortíssimo no último passe e a guardar a posse de bola para a sua equipa. As suas movimentações ao longo do jogo são cruciais e permitem à equipa jogar em dois sistemas tácticos distintos, intercalando-os em várias fases dos encontros: 4-4-2 quando aparece aberto no corredor direito e o 4-2-3-1 quando surge mais no corredor central, desviando o avançado Bruno Henrique para um dos flancos.

Diego Alves – A experiência adquirida ao longo de 34 anos de vida e marcados com passagem por Espanha, tornam-no nos dias de hoje, um guardião de nível mundial. Seguro, fiável, transmite confiança a todo o sector defensivo e também ele tem sido o garante do somatório de conquistas.

Onze Provável

Pontos Fortes

  • Na sua organização defensiva, procura de imediato num primeiro momento, pressionar alto e de forma agressiva, tentando condicionar desde logo o inicio de construção adversária desde trás;
  • Na sua organização defensiva e quando a equipa adversária consegue ultrapassar o seu agressivo bloco médio-alto, mantém o rigor posicional, não concedendo grandes espaços;
  • Transições defensivas rápidas e com fortes reacções à perda da bola, através do pressing constante sobre o seu portador e rápidos no recuperar das suas posições iniciais;
  • Capacidade para jogar com uma defesa em linha e subida no terreno, com Rodrigo Caio mais no acompanhamento na marcação em zonas mais adiantadas e Marí nas suas coberturas;

I

  • Linha defensiva sempre muito compacta com laterais a fechar muito bem por dentro, não permitindo espaços e penetrações adversárias no espaço central-lateral;
  • Fortes no controlo do jogo aéreo, tendo como principais referências nestes momentos Pablo Marí e Arão, ambos a ganhar um elevado número de bolas aéreas por jogo;
  •  Capacidade para interpretar o que o jogo vai pedindo, não sendo raras as vezes em que baixam mais o seu bloco, não só como uma mera tentativa de conceder menos espaços atrás, mas essencialmente convidar à subida no terreno dos oponentes e assim garantir mais espaços na frente para poderem ter as desejadas saídas velozes nos contra-ataques;
  • Grande capacidade de ambos os centrais para serem eles, com sua capacidade de visão de jogo e passe, a iniciar as saídas a jogar ;

I

  • Grande imprevisibilidade de movimentações ofensivas, executada e interpretada pela polivalência de vários elementos atacantes, sempre na tentativa de iludir marcações adversárias e explorar de zonas frágeis

  • Ofensivamente, constantes desmarcações em largura dos avançados centro (Gabigol e Bruno Henrique), na tentativa de arrastar consigo marcações adversária e alargar ao máximo a linha defensiva adversária;
  • Muito posicionamento entre linhas de um avançado centro, enquanto que o outro avançado procura projetar-se em profundidade e explorar as costas da defesa;
  • Importância de Gabigol no espaço entre linhas;
  • Jogadores posicionados estrategicamente para no momento da recuperação da bola, serem servidos através de um passe vertical e assim permitir que imediatamente saiam em velocidade de contra-ataque, apanhando equipa rival em inferioridade / igualdade numérica. Estes jogadores referências de saídas de contra ataque, são principalmente Gabriel Barbosa e Bruno Henrique. (interessante analisar-se na final, como os atuais campeões da Libertadores irão condicionar estes momentos);

Aspectos a Explorar 

  • Quando atacantes adversários em contra-ataque, realizam desmarcações laterais, tendem em levar consigo cobertura/dobras dos centrais, podendo despovoar zona central (algo que o River Plate procura de forma sistemática)
  • Expõe-se em demasia aos contra-ataques adversários, com a colocação de vários elementos no processo ofensivo;
  • Laterais permitem que em zonas favoráveis a cruzamentos por parte do opositor, seja concedido algum espaço/tempo para estes serem tirado com “conta, peso e medida” certas para a área;
  • Contra adversários que por modelo de jogo ou estratégia, se apresentem com linhas mais recuadas, juntas, compactas e com agressividade de pressing sobre o portador da bola, não concedendo espaços livres e sendo capazes de impedir as saídas vertiginosas em contragolpe, impedindo o verticalizar e as transições ofensivas, os comandados da equipa técnica lusa, tendem em ter algumas dificuldades em encontrar o antídoto para conseguir desbloquear o jogo e arranjar os espaços necessários para a sua forma de jogar;

O Campeão em título River Plate

Principais Figuras

  • De la Cruz – Médio interior do losango, bastante completo, rápido tanto nas transições defensivas, como  nas ofensivas, equilibrador da equipa, ambidestro e forte no 1×1.
  • Enzo – O nosso bem conhecido, na actualidade ocupa uma posição mais recuada no terreno com bastante eficácia. Mantém quase intactas as capacidade de recuperação da bola, agressividade defensiva e progressão em transporte. Numa posição mais recuada do vértice do meio campo é ainda o construtor de jogo recuado, fazendo utilidade da sua periférica visão de jogo e qualidade de passe
  • Quintero- Outro bem conhecido do futebol português, o colombiano mantem intactas as suas qualidade de 1×1, velocidade, remate, imprevisibilidade. No entanto, fisicamente ainda não estará na plenitude das suas capacidades, após o recente regresso à competição após lesão. No entanto, será sempre um elemento a ter em atenção, mesmo que apartir do banco de suplentes consegue mexer com o jogo.
  • Palacios – Não será por acaso que o Real Madrid anda bem atento ao jovem craque argentino. Com qualidade de passe acima da média (sobretudo no último passe) e muita visão de jogo. Enquanto Enzo é o construtor de jogo recuado da equipa, Palacios assume claramente a construção e criação de jogo no ultimo terço ofensivo.

Onze PROVÁVEL

Pontos fortes

  • Plantel experiente, formado por um grupo de jogadores que jogam juntos a algumas épocas e que se conhecem bem;
  • Em organização defensiva, e reconhecendo alguma lentidão por parte da sua linha defensiva, optam por jogar com uma linha mais baixa e num posicionamento médio do seu bloco;
  • Agressividade defensiva no momento de pressão ao portador da bola;
  • Primeira fase de construção ofensiva a 3 (recuo do médio mais defensivo), com centrais em campo grande, abertos nos corredores laterais e muitas vezes em transporte, sendo o elo de ligação e de entrada no último terço do terreno;
  • Constante recurso aos três elementos da construção de jogo, para circulação de bola por trás, variando assim o centro de jogo sem oposição e em segurança. (será outro aspeto interessante observar no jogo decisivo, se JJ conseguirá/quererá ou não, condicionar as linhas de passe a esses três elementos recuados, não permitindo essa variação do centro de jogo dos argentinos por trás);
  • Bastante mobilidade ofensiva no último terço do terreno, algo só possível de ser concretizado fruto de uma adaptação às ideias do seu treinador/modelo de jogo e dos seus companheiros de equipa
  • Constantes trocas posicionais entre os médios do losango. Exemplos: Médio defensivo/médio ofensivo, Médio ofensivo/medio interior, Médios interiores/Avançados centro ;
  • Trocas de posicionamento vão promovendo desgaste mental e faltas de referências de marcação ao adversário ao longo dos encontros
  • Equipa vertical e que tenta explorar ao máximo, os momentos de contra-ataques rápidos, não tendo problemas até, em recorrer a um futebol direto mas sempre com critério e orientado para a dupla de avançados;
  • Desmarcações em largura e profundidade dos avançados, sempre à procura de ganhar as costas das defesas adversárias, e/ou ganhar a linha de fundo para tirar passes rasteiros quase sempre recuados para a marca de grande penalidade;
  • Surgir de vários elementos (3/4) em zonas de finalização: 1 Avançado + Médio Ofensivo + médio interior;
  • Encontram soluções para resolver sempre que haja a impossibilidade de ganhar a profundidade ofensiva que tanto o seu jogar necessita. Passa pelo atrair/arrastar marcações no corredor central, acompanhadas de passe de rutura nos espaços deixados livres: Exemplo- Avançado recua entre linhas arrastando consigo a atenção do central, enquanto médio ofensivo ou interior executa passe de rutura no espaço. Ainda pode existir o recuo de um ou até mesmo dos dois avançados, enquanto ao longo dessa movimentação, os médios interiores vão ocupando as posições centrais na frente, entretanto deixadas vagas.

Aspectos a explorar

  • Com a participação no processo ofensivo de um grande número de elementos, expõe-se em demasia aos contra ataques adversários, ficando por diversas situações em igualdade/inferioridade numéricas (Enzo + dois centrais);
  • Em organização defensiva, losango está constantemente a bascular para o corredor em posse de bola, o que contra equipas com variação do centro de jogo rápidas, pode não só levar ao desgaste dos médios, como também encontrar corredores de jogo livres
  • A vontade em colocar sobre o terreno de jogo elevados índices de raça e agressividade defensiva na pressão ao portador da bola, leva a alguma perda de clarividência e capacidade de temporizar lances defensivos. Assim, em situações defensivas em igualdade/inferioridade numérica, assistimos por diversas vezes, entradas precipitadas (de carrinho ou à queima por exemplo) frente a jogadores evoluídos tecnicamente que com um simples ilusão corporal, retire defesas da jogada;
  • Algum desgaste físico natural, devido ao pressing alto que procuram exercer para condicionar jogo colectivo adversário;
  • Pressing dos dois avançados centro sobre toda a linha defensiva adversária, desgasta-os fisicamente. (Assistimos a um dos atacantes a pressionar tanto lateral e central do seu raio de acção);
  • Incapacidade dos médios em controlar jogo aéreo, muito devido à sua estatura física e características;
  • Demasiado espaço concedido nos espaços entre central/lateral;
  • Lateral esquerdo Casco por diversas ocasiões, incapaz de acompanhar em velocidade extremos contrários;
  • Quando o resultado não lhes é favorável com o decorrer do encontro, a equipa tem tendência para ir arriscando ofensivamente e a se expor nas transições defensivas de forma descontrolada, deixando cada vez mais espaços livres e um menor número de elementos lá atrás.  ;

Como as equipas se poderão encaixar

Frente a frente estarão duas equipas com uma forma de pensar o jogo de forma muito semelhante, sempre a tirarem partido da verticalização do jogo, dos momentos de transições defesa-ataque e com grande preponderância nas movimentações das suas duplas de ataque, quanto ao explorar da profundidade e largura e ofensiva diz respeito. Mais perto da glória final, estará portanto aquela que conseguir, não só conceder o menor espaço livre possível para o rival explorar, como também ser capaz de evitar e anular que as suas peças chaves consigam reconhecer esses espaços e acelerar num jogo de transições ofensivas.

O facto ainda de quer uma, quer outra serem capazes de não dar referencias de marcação adversárias, torna este duelo bastante imprevisível do ponto de vista ofensivo. Os canarinhos pelas movimentações da sua frente de ataque que possibilita jogar de igual forma ao longo do jogo, em sistemas tácticos distintos (4-4-2 em linha potenciando a largura/ 4-4-2 losango/ 4-2-3-1 capitalizando o jogo interior ofensivamente e fechando-o defensivamente com reforço do meio campo)

Já os comandado de Marcelo Gallardo, através das constantes trocas posicionais entre médios do losango e dupla ofensiva de avançados, consegue obter os espaços onde pretende desequilibrar e onde se sentem mais confortáveis. O não cair na tentação de deixar-se iludir por essa movimentação, suportada por uma rigorosa marcação zonal, poderá ser a grande missão de Jorge Jesus neste confronto.

Do ponto de vista defensivo, os cariocas conseguem ter mais recursos para defender tanto em largura como no fechar do corredor central. Os Argentinos, por sua vez, conseguem com o seu losango gerar fortes zonas de pressão nos corredores de jogo, mas perante uma boa circulação de bola lateralizada, rápida ou até longa, não conseguem que os 4 médios basculem a toda a largura de igual forma. Será interessante verificar como Gallardo irá conseguir controlar essa largura ofensiva adversária, principalmente exacerbada pela projecção dos tecnicistas laterais Rafinha e Filipe Luís.

  Numa comparação entre os modelos de jogo de ambos, a grande final poderá decidir-se pelo corredor central, sobretudo a favor dos rubro-negros. Enquanto Gerson tem condições físicas e tácticas capazes de garantir os vaivéns constantes a atacar e defender, sendo protegido na retaguarda pelo mais posicional Arão, já Los Millonarios contam excessivamente com o posicionamento de Enzo Perez (extremamente competente e crucial, diga se de passagem) para controlar o corredor central. Ezequiel Palacios é um jogador de caraterísticas essencialmente ofensivas, contribuindo pouco no auxílio defensivo.

Prevê-se uma final interessante do ponto de vista estratégico e táctico.



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