Angola, e em particular o “Girabola” – assim é denominado o campeonato angolano – foi sempre um lugar no qual vários treinadores portugueses tiveram a oportunidade de trabalhar e na grande maioria dos casos sempre com grande sucesso.
Não sendo um dos campeonatos mais observados e analisados a nível mundial, e tal como tem acontecido um pouco por todo o mundo, a evolução do futebol angolano, embora muitas vezes esquecido, tem sido visível e muito desse crescimento se ficará a dever, em parte, ao treinador português.
Na presente época, Ivo Campos, atual treinador do Interclube, é um desses bons exemplos de contribuição para o crescimento do futebol e do jogador angolano.
Num 1x3x4x3, as ideias do técnico português estão bem vincadas: com bola, um futebol apoiado em que a manutenção criteriosa da posse é outro dos pontos chave, e no momento sem bola, e nomeadamente após a perda, a ideia passa por uma forte reação a esse mesmo momento da perda da posse.
ORGANIZAÇÃO OFENSIVA
FASE DE CONSTRUÇÃO
- Saída curta desde trás através da reposição de bola do GR
- Construção a 3
- Alas a oferecerem profundidade e largura máxima nos corredores
- Linha de 3 defesas garante amplitude e largura nessa saída curta e permite aos defesas em posição lateral que tenham maiores condições para sair em progressão criando desequilíbrios desde trás e que tenham a possibilidade de entrar em triangulações: ligação construção – criação
- Se adversário condiciona (pressão alta na reposição de bola do GR) essa saída curta pela linha de 3, um ou mais médios, procura(m) vir criar superioridade em zonas mais baixas: movimentos de apoio arrastando marcações
- Médios do corredor central, procuram dar linhas de passe por dentro e ao mesmo tempo atrair adversário à pressão alta para que se abra (mais) espaço entre a linha média e a linha defensiva: momento para acelerar jogo
FASE DE CRIAÇÃO – FINALIZAÇÃO
- Alternância entre jogo interior e jogo exterior
- “Chamar” adversário para pressão alta de forma a que conceda espaços no corredor central: ligar jogo por dentro e acelerá-lo
- Com essa pressão alta do adversário, e após ligar jogo por dentro, procura de atacar o espaço nas costas da última linha – atacar a profundidade ou libertar fora para que o jogo se acelere
- Jogo exterior: procura de atrair a um corredor para posteriormente variar jogo em apoio ou de forma mais longa para o corredor oposto: criação de superioridade numérica
- Alas a fixar laterais adversários em largura, médio mais ofensivo a arrastar central e PL com movimentos de ataque a esse espaço gerado: movimentos de ataque à profundidade
- Movimentos de fora para dentro dos extremos – atacando as costas da última linha defensiva
- Médios com boa chegada a zonas de finalização e com grande capacidade de remate exterior
TRANSIÇÃO DEFENSIVA
- A ideia geral é que a equipa chegue junta à frente: zonas de finalização
- Procura que essa reação seja forte logo após o momento da perda: último terço
- Última linha defensiva bem subida de forma a que a equipa adote um posicionamento “curto” e com poucos espaços entre setores para anular uma possível saída rápida por parte do adversário
- Os médios, para além de chegarem a zonas de finalização, tornam-se fundamentais nesse primeiro momento de reação forte à perda
- Médios com disponibilidade para recuperarem defensivamente, se a sua primeira ação de reação/pressão não tem sucesso
- A linha de 3 defesas garante que a equipa esteja, praticamente sempre, equilibrada atrás
- Bola perdida, recuperada pelo adversário e atrasada para o seu GR: momento de reação/pressão
ORGANIZAÇÃO DEFENSIVA
1º MOMENTO DE PRESSÃO
- Se o adversário sai a jogar curto, a ideia passa por condicionar essa mesma saída através de um bloco subido
- 1ª linha de pressão: condicionamento dos centrais e do pivot defensivo
- Criar desconforto no adversário, levando-o a que opte por um jogo mais direto
- Linha defensiva e linha média próximas, para se estar mais preparado e mais perto de se ganhar 1ª e 2ª bola
2º MOMENTO DE PRESSÃO
- Já num bloco médio, a ideia passa por fechar zonas interiores e encaminhar o adversário para os corredores laterais
- Indicadores de pressão: adversário a receber de costas, passe atrasado, bola no ar
- Forte concentração e compactação de jogadores nessa(s) zona(s) laterais de forma a criar superioridade numérica, e de forma a encurtar espaços: definição de momento para pressão/recuperação da posse
- Médios a saltarem na pressão às possíveis ligações interiores (médios adversários)
- Alas a “apertarem” extremos adversários
3º MOMENTO DE PRESSÃO
- Num bloco baixo, alas baixam para junto da última linha: formação de uma linha a 5 ou a 6
- Essa linha permite uma maior amplitude e um maior controlo da largura
- Levar a que o adversário execute cruzamentos de zonas mais altas: último terço
- Criação de superioridade numérica dentro da grande área
- Centrais com boa capacidade de antecipação/pressão ao corredor central: adversário de costas
- Médios procuram dar cobertura à entrada da área: importantes no ganho de 2ªs bolas e importantes a dar cobertura aos alas que possam sair de forma mais alta na pressão: ocupação do espaço entre central – ala
TRANSIÇÃO OFENSIVA
- Saídas diretas e rápidas através dos alas ou dos extremos: corredores laterais
- Não havendo condições para esse primeiro momento de agressão ao adversário, a ideia passa por guardar a bola e sair de forma mais apoiada para posterior ataque organizado
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