6 Jovens a seguir na J1 de 2023
O futebol japonês é cada vez mais conhecido por formar e lançar jovens talentosos para a ribalta da cena europeia.
No Mundial de 2022 tivemos a seleção japonesa mais europeia de sempre, sendo que apenas 7 dos 26 convocados jogavam na J1 (entretanto Yuki Soma saiu para o Casa Pia) e as enormes exibições de Kaoru Mitoma, pelo Brighton, ou de Daichi Kamada, pelo Frankfurt, assim como as de Takefuso Kubo pela Real Sociedad, para além das transferências de Tomyiasu, Morita, Ao Tanaka, Ayase Ueda, Furuhashi, Hatate, Maeda e Iwata mostram-nos que há evolução notória no dos nipónicos.
A qualidade sempre esteve lá, mas o salto para campeonatos mais exigentes e para ligas mais atraentes tem sido cada vez mais regular. Hoje em dia, dá-se cada vez mais atenção ao mercado nipónico e aos valores que lá vão aparecendo. Mesmo ao nível do futebol universitário e das escolas secundárias há cada vez mais um olhar lançado para os jovens emergentes, como mostram as transferências de Shio Fukuda, que veio da Kamimura Gakuen (escola secundária) diretamente para a equipa B do Borussia Monchengladbach, de Anrie Chase, que aterrou em Estugarda vindo da Escola Secundária de Shoshi.
Assim sendo, e dado que a J1 começa dentro de pouco tempo, deixo aqui 6 jovens jogadores que se poderão afirmar e, quem sabe, no verão dar o salto para a Europa.

Indo por ordem classificativa do ano passado, tenho que começar por Joel Chima Fujita.
Esta poderá ser a sua época de afirmação no Marinos, depois da saída do MVP de 2022, Tomoki Iwata. Será entre ele e Kota Watanabe para fazerem dupla com Takuya Kida.
Fujita é um misto de 6 e 8. Um daqueles médios que apesar de não ter momentos absolutamente brilhantes, faz tudo bem. A 6 sabe quando aparecer aos centrais para pegar na bola e começar a construir assim como desce com facilidade para a posição de central e começa a construir de frente para trás. Defensivamente ocupa bem os espaços e encontra-se quase sempre bem posicionado para recuperar a posse. Não recorre muito à falta por isso mesmo e por, em certo sentido, não ser um médio muito agressivo na reação à perda e na recuperação da posse.
A 8 é um médio que carrega bem o jogo para a frente em posse. Gosta de correr com bola e chegar à frente no terreno, mas falta-lhe desequilibrar mais no passe, apesar de ter evoluído. Arrisca pouco no passe vertical, optando muitas vezes por um passe mais horizontal ou até longo.
Este ano já foi noticiado o interesse do Werder Bremen pelo japonês, mas faria-lhe bem afirmar-se totalmente no Japão e só depois, eventualmente, sair.

Passamos a um nome que parece bem mais velho do que é. Ryotaro Araki, do Kashima Antlers é uma das grandes promessas do futebol japonês. Já muito foi escrito sobre ele, sobre o talento que tem e sobre aquilo que pode vir a dar ao futebol nipónico. No entanto, sucessivas lesões e uma época muito aquém do clube impediram que esta época fosse a de afirmação total de Araki.
Como médio ofensivo ou como 2º avançado, Araki tem tudo para ser um dos melhores de sempre do Japão. É imensamente criativo, conseguindo desequilibrar com facilidade no passe pela última linha do adversário. Para além disso, tem uma apetência extraordinária para o golo, sendo constantemente um perigo para a baliza adversária devido à sua movimentação letal e ao instinto goleador que tem.
Tudo isto acontece devido a ser um jogador altamente inteligente. Consegue aparecer muito bem nos espaços vazios para receber, rodar e criar, conseguindo várias vezes aparecer de frente para o jogo para criar perigo. É bastante dotado tecnicamente, sendo raro ver um gesto seu falhar.
Aos 21 anos, Araki irá ter uma época decisiva pela frente. Se estiver bem fisicamente, será titular no 4-4-2 diamante de Iwamasa e poderá dar o passo final para a sua afirmação no Japão.

Kuryu Matsuki é um jogador com um percurso muito semelhante ao de Araki. Ao invés de passar pelo sistema de futebol universitário, foi diretamente da escola secundária para o plantel do FC Tokyo. Vindo de uma época estonteante e de um All Japan High School Tournament absolutamente dominador com a sua Aomori Yamada, chega diretamente ao á titularidade no meio campo do FC Tokyo, com apenas 17 anos. Albert Puig viu nele o talento brutal que demonstrou em Aomori e apostou nele para titular sem medos.
Matsuki, aos 19 anos, é um médio altamente completo. Tecnicamente é brilhante e consegue fazer de tudo. Desde passes a rasgar ao primeiro toque, passes longos até a recepções orientadas constantes, o japonês tem um reportório incrível. Todavia, alia a isto um entendimento do jogo fora do normal. Tem uma visão excelente, conseguindo sempre deixar a bola jogável e até criando perigo em situações adversas.
Defensivamente é um jogador bastante agressivo. É um dos jogadores que ativa a pressão da equipa, sendo capaz de cobrir o campo inteiro durante 90 minutos a pressionar e a trabalhar. Não é raro vê-lo a ir ao duelo, seja pelo ar ou pelo chão. Alia a isso uma inteligência posicional interessante, sabendo sempre onde deve estar, que espaços cobrir e quando sair ou não ao duelo.
Fisicamente, para um rapaz que ainda nem 20 anos tem, é imponente. Consegue ganhar vários duelos assim como proteger a bola para prolongar a posse e para ter mais tempo para decidir. Para além disso, tem uma resistência que o leva a aguentar 90 sobre 90 sem parar de correr ou pressionar.

Haruya Fujii foi a resposta perfeita que Hasegawa encontrou para as dificuldades defensivas que o seu Nagoya Grampus encontrava. A passagem para uma defesa a 3, com Nakatani na direita, Maruyama na esquerda e um miúdo de 22 anos como central do meio a comandar a defesa trouxe uma estabilidade defensiva relativamente inesperada à turma de Nagoya.
Fujii pode ter apenas 22 anos, mas a compostura, a calma e a concentração que mostra em campo são de um jogador muito mais maduro. Com uma época quase inteira no bolso a central pelo meio, o japonês mostrou atributos com e sem bola de alto nível.
Usa o seu físico para ganhar quase todos os duelos defensivos. Seja pelo ar ou pelo chão, Fujii é imponente e dominador. Também é bastante veloz e ágil, o que faz com que consiga dobrar os seus colegas de eixo com facilidade, para além de o ajudar a ganhar duelos nas costas.
Com bola, não sendo um grande passador, consegue construir com alguma habilidade e levar a bola para a frente. No entanto, é na passada que mais se destaca. Gosta e consegue carregar a bola em drible, conseguindo quebrar linhas e criar desequilíbrios.

Nakano é uma das grandes esperanças do futebol japonês no que toca a laterais esquerdos (juntamente com Ayumu Ohata). De apenas 19 anos, é um jogador que já vai sendo titular (ainda que não tenha atingido a total regularidade no onze inicial do Sagan Tosu) na J1 nos últimos 2 anos.
Formado sempre no clube onde joga, é exemplo daquilo que é o defesa moderno de hoje em dia e perfeito para a variabilidade de sistemas que Kenta Kawai apresenta. Apesar do seu 1,73m, pode jogar como central pelo lado esquerdo, seja a 3 ou a 2, e pode ser tanto lateral esquerdo como ala esquerdo.
Dono de uma capacidade técnica assinalável e de uma potência interessante, é capaz de transformar lances defensivos em lances ofensivos com uma facilidade incrível. Faz a ala toda durante 90 minutos sem parar. Recebe a bola sempre orientado para o ataque, conseguindo muitas vezes desequilibrar ao primeiro toque. Tem um cruzamento certeiro e tenso, seja de pé esquerdo ou pé direito.
Ao nível do posicionamento, Nakano é muito inteligente, Se defensivamente ainda tem algumas lacunas (que depois se ligam ao físico frágil), ofensivamente consegue criar de várias maneiras. Seja por dentro ou por fora, com pé esquerdo ou pé direito, Shinya consegue associar-se com os colegas e aparecer para cruzar ou até para finalizar.
Este ano, com a saída de Diego para o Kashiwa Reysol, será de certeza titular do lado esquerdo do Tosu e poderá afirmar-se totalmente no futebol japonês.

Médio do Kyoto Sanga, a jogar regularmente na equipa principal desde os 18 anos e titular nas últimas 2 épocas, tanto na J2 como na J1, Kawasaki tem sido um dos esteios da equipa da região de Kansai.
A jogar tanto a 6 como a 8, é um médio altamente energético e rotativo. Joga sempre umas mudanças acima do normal, conseguindo com isso ter um raio de ação enorme. Quando joga mais recuado, é um 6 de recuperação de bola, fazendo uso do seu raio de ação e energia para conseguir pressionar e roubar a posse. A 8 faz uso da sua alta intensidade e rotação para aumentar o ritmo de jogo e conseguir, na passada ou em combinações rápidas para chegar à área e desequilibrar.
Tecnicamente também bastante bom. Não é muito criativo nem arrisca constantemente no passe, mas tem o essencial para resolver sobre pressão e fazer o jogo fluir constantemente. Fruto de uma boa tomada de decisão, consegue sempre tomar opções inteligentes, com e sem bola, que beneficiem a equipa.
A nível ofensivo, especialmente quando joga a 8, aparece muito bem em zonas de finalização. A sua rotatividade e capacidade para combinar bem em espaços curtos levam a que tenha alguma facilidade em aparecer em zonas adiantadas, apesar de ainda lhe faltarem contribuições para golo e maior influência perto da área.
Notas Finais
Para além dos escolhidos, há muitos outros que mereciam destaque pelo potêncial e qualidade que apresentam. Makoto Mitsuta, Tomoya Fujii, Kashifu Bangunagande, Mao Hosoya, Ayumu Ohata e outros tantos poderiam ser selecionados mas por várias razões (desde já terem tido destaque até a ainda não serem figuras da equipa) não foram escolhidos.
Ainda assim, os escolhidos são os que, na minha opinião, apresentam o maior nível e capacidade para chegar longe no futebol mundial.
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