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Durante este defeso, Paulo Fonseca deixou Braga e rumou ao leste da Europa, assinando pelo Shakhtar Donetsk. Não foi propriamente uma surpresa esta mudança de ares do treinador português depois de uma bela época no Minho, onde acabou em 4º lugar no campeonato, venceu a Taça de Portugal, chegou às meias-finais da Taça da Liga e aos quartos-de-final da Liga Europa. Mais importante que estes números finais, foi o muito bom futebol que os bracarenses praticaram durante grande parte da época, apesar de no último terço terem descido muito de produção qualitativa, talvez fruto do muito cansaço acumulado durante a época e de algumas lesões que afectaram elementos nucleares na manobra da equipa.

Foram vários os jogos de pré-época da equipa ucraniana e também uma mudança de paradigma naquilo que era o processo de treino que os jogadores estavam habituados a ter. Para exemplificar isto, pego nas palavras de Eduardo da Silva, que numa entrevista afirmou: «Vou ser sincero: é a primeira vez, em toda a minha carreira, que, após as férias começamos logo com trabalho de bola e, além disso, estivemos trabalhando a táctica. Antes o treino começava sempre com exercícios de corrida, com maior enfoque no físico. Mas acho que isto vai ser melhor

A estreia oficial ao comando da sua nova equipa, aconteceu no passado sábado, dia 16 de Julho. Não se pode dizer que começou com o pé direito, já que o Shakhtar foi derrotado nas grandes penalidades pelo Dínamo de Kiev,  após um empate a uma bola durante o tempo regulamentar.

Passando ao jogo propriamente dito, quem o viu notou logo muitas das ideias que Paulo Fonseca apresentou em Braga e Paços de Ferreira em épocas transactas, mesmo com ainda pouco tempo de treino na Ucrânia. Claro que a maioria destas não foram interpretadas na perfeição, estando até longe daquilo que a equipa técnica portuguesa desejará, mas os primeiros sinais são agradáveis.

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A equipa titular para o jogo da Supertaça

 

Apresentaram-se em campo no já esperado 1-4-4-2, com jogadores móveis e desequilibradores na frente de ataque, ou pelo menos que seriam na teoria. Seguindo o que é normal em Paulo Fonseca, assistiu-se a uma 1ª fase de construção sempre feita em jogo combinativo, com pouco jogo directo (isto também era exponenciado por não existir nenhum avançado de referência para os passes longos). Havia diversos movimentos nesta fase, com um médio a colocar-se no meio de um dos centrais, ou a ir buscar mais perto da linha. Os dois médios mais centrais eram quem assumiam muito esta fase, já que infelizmente para o treinador português, nenhum dos centrais que jogou tinha muita qualidade com bola, o que retirava qualidade e imprevisibilidade a estas acções. Laterais sempre subidos, com os médios ala no interior, dando mais soluções aos dois médios.

A partir desta fase, aparecia o grande problema da equipa com bola: a ligação para os jogadores mais avançados. Era muito difícil a bola chegar aos elementos mais criativos, que normalmente se colocavam entre linhas e no interior. Existiu dificuldade em entrar no bloco contrário, mesmo tendo mais bola. Os laterais garantiam quase sempre toda a amplitude, estando constantemente subidos e fazendo o corredor todo. Ficou a ideia que nunca conseguiram aproveitar os corredores laterais como deviam, raramente obrigando a equipa adversária a ajustar rapidamente ou bascular para outras zonas e assim criarem espaços no bloco defensivo. O Dínamo também retirou muita profundidade e comprimiu o seu bloco, dificultando assim a tarefa ao Shakhtar, que circulou a bola de uma forma lenta, o que também contribuiu para a dificuldade em entrar no bloco adversário.

Quando a bola chegava ao último terço, já conseguiam fazer algo mais, apesar do grande acumulado de adversários nessas zonas, criando algumas situações de finalização. Os dois avançados não se mostraram muito assertivos nos movimentos, estando algo estáticos e a pisar os mesmos terrenos. Ambos são dotados de alguma mobilidade, mas não o fizeram neste jogo, faltando alguém que em certas alturas baixasse um pouco para pensar o jogo e atrair marcações. Mostraram qualidade em transição ofensiva, conseguindo ocupar muito bem os espaços e sendo rápidos, mas depois faltou sempre a parte da finalização e do último passe. Estas mesmas transições saíam muito bem, já que os jogadores sabiam onde estavam os apoios para ela ser iniciada, demonstrando já bom trabalho nesse aspecto.

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Defensivamente, um bloco médio/alto com referências zonais, pouco amplo, pouco profundo e com diversas coberturas. As ideias estiveram patentes, mas ainda existem várias falhas, com alguns jogadores a  não terem assimilado ainda os processos de jogo. Os centrais têm dificuldade em perceber em que altura devem encurtar o espaço ou baixar para controlar a profundidade, e, para piorar isso, um deles arrisca mais a subir e o outro gosta de afundar a linha defensiva. Srna, apesar do seu enorme pendor ofensivo, tem dificuldades em respeitar a organização defensiva, criando muitas vezes problemas aos próprios colegas.

Marlos e Bernard que jogaram a médios ala, ainda não dominam que zonas fechar em processo defensivo.. Na dupla de meio-campo, já há um bom entendimento, sendo que existiam coberturas constantes entre os dois jogadores: Stepanenko e Fred. A equipa já demonstrou uma boa reacção à perda, desceu rápido e transitou defensivamente de forma eficiente, mostrando sempre a preocupação em fechar o corredor central.

Acabaram por ser traídos num lance de bola parada aos 80 minutos, onde o guarda-redes hesita e Vida acaba por marcar. Nas bolas paradas ofensivas, muita criatividade de Paulo Fonseca e dos seus adjuntos, mostrando novamente lances muito e bem trabalhados, onde criavam quase sempre perigo.

O Shakthar foi a melhor equipa dentro das 4 linhas e merecia a vitória, mas foi o Dínamo que acabou por vencer. Já se notam coisas boas em campo, com ideias claramente impostas pelo treinador, mas ainda há muito para melhorar e desenvolver. Vamos ver como evolui esta aventura de Paulo Fonseca e dos restantes elementos da equipa técnica para lá da cortina de ferro.

 

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Um canto ofensivo bem trabalhado e que quase deu golo.

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