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A vitória de quem controlou o meio-campo – SC Braga x FC Famalicão

A Série Norte da Liga BPI teve esta quarta-feira o aguardado embate entre o SC Braga e o FC Famalicão. O Estádio 1.º de Maio acolheu a partida da quinta jornada da prova, que tinha sido adiada. A vitória sorriu à equipa famalicense, que triunfou por 1-2 e se isolou no comando da tabela classificativa.

OS ONZES INICIAIS:

O SC Braga apresentou um 4x3x3 muito ofensivo. O técnico Miguel Santos confiou as despesas do meio-campo à capitã Dolores Silva, colocando na sua frente duas atletas menos predispostas para as tarefas defensivas: Hannah Keane e Andreia Norton. A norte-americana, muitas vezes utilizada como ponta-de-lança desde que chegou a Braga, recuou uns metros no terreno para funcionar como médio de transição e tentar transportar a equipa para a frente com a sua capacidade de ganhar metros em progressão com bola. Um pouco mais adiantada no terreno, Andreia Norton era a responsável por procurar a bola e assumir a construção do meio-campo para a frente, acrescentando fantasia ao ataque bracarense.

O FC Famalicão também se apresentou em 4x3x3 no Estádio 1.º de Maio. No entanto, João Marques tinha uma surpresa guardada no que toca ao posicionamento das interiores, Maria Negrão e Solange Carvalhas. Uma surpresa para a qual o SC Braga mostrou não estar preparado e à qual só se conseguiu adaptar na segunda parte.

AS VARIAÇÕES FAMALICENSES NO “MIOLO”

A chave para a supremacia do FC Famalicão durante os primeiros 45 minutos esteve no meio-campo. Apesar do 4x3x3 no papel, a equipa de João Marques apresentou variações em zona central, quer em 1+2, com Gaby Morais mais recuada e Maria Negrão e Solange Carvalhas na frente, quer em 2+1, com Gaby Morais lado a lado com Maria Negrão e Solange Carvalhas a adiantar-se no terreno, aproximando-se de Vitória Almeida e transformando o 4x3x3 famalicense em alguns momentos num 4x2x3x1 ou 4x4x2.

Na imagem abaixo, é possível ver a variação mais utilizada do 4x3x3 famalicense. Negrão e Gaby jogam lado a lado, com Solange Carvalhas a posicionar-se mais perto de Vitória Almeida e sempre a procurar o espaço entre linhas (que surge destacado na imagem). Este posicionamento da número 20 famalicense baralhou por completo a defesa bracarense durante a primeira parte.

A GENIALIDADE DE SOLANGE CARVALHAS NO CASTIGO AO ERRO BRACARENSE

Solange Carvalhas colocou a cereja no topo do bolo da sua exibição em cima do minuto 45. A camisola 20 assinou o primeiro golo da partida com um belo remate de pé esquerdo. Antes disso, no entanto, é preciso recuar alguns segundos para perceber o que correu mal na defesa bracarense.

Numa primeira instância, Diana Gomes desarma muito bem Vitória Almeida dentro da área. Recuperada a bola, surge a primeira oportunidade que o SC Braga tem para afastar a bola da sua área. Diana Gomes, no entanto, preferiu tentar sair a jogar. Arriscado, mas correu bem e a defesa conseguiu entregar a bola em condições a Jermaine Seoposenwe.

Surge então o segundo momento em que o SC Braga, a poucos segundos do intervalo, pode aliviar a bola da sua zona defensiva perante uma equipa do FC Famalicão posicionada para pressionar alto. E é aqui que surge o principal erro: Jermaine tenta o drible. A extremo bracarense tenta ultrapassar Mylena com pouco espaço para o fazer, é desarmada e, na sequência do lance, dá-se o 0-1.

NÁGELA E MARIE HOURIHAN COMPROMETERAM A BOA REAÇÃO ARSENALISTA

O SC Braga entrou muito bem na segunda parte e conseguiu o empate logo nos primeiros minutos, numa grande penalidade convertida por Dolores Silva. Sem alterações no esquema tático, a equipa de Miguel Santos empatou cedo e poderia galvanizar-se para assumir o controlo da partida nos minutos seguintes.

Contudo, o SC Braga nem teve tempo de festejar. Logo a seguir, Nágela e Marie Hourihan dividem as culpas num lance desastroso da defesa minhota e que ofereceu o 1-2 a Carol numa bandeja de prata.

Importa aqui perceber o que não deve ser feito. Vamos então por partes:

  • A bola atrasada por Nágela não é “limpa”, isto é, não é uma bola rente à relva e fácil para Marie Hourihan. A bola sai do pé da defesa central brasileira aos saltos e é o primeiro passo para dificultar a vida à sua guarda-redes.
  • O posicionamento de Marie Hourihan está mais inclinado para o lado direito da baliza e o atraso é feito para o lado esquerdo. Para além do pé esquerdo ser o pé menos dominante da guardiã irlandesa, esta ainda se vê obrigada a ter que se deslocar ao encontro da bola. Aqui existem dois erros: o de Nágela em atrasar para o pior pé da guardiã e o de Marie em termos de posicionamento.
  • O atraso é feito na direção da baliza, algo que se deve evitar ao máximo. Portanto, temos aqui uma conjugação de fatores que só poderiam levar àquele desfecho: Marie está mal posicionada, recebe uma bola aos saltos, para o seu pior pé, com força (acentuada pelo relvado molhado) e na direção da baliza. O golpe final surge quando a guarda-redes toma a decisão de tentar dominar a bola e não de tentar bater de primeira.

SC BRAGA ALTERA O ESQUEMA, CRESCE E FICA PERTO DO EMPATE

Novamente em desvantagem, Miguel Santos teve de mexer. A entrada de Barbosinha trouxe uma mudança estrutural na equipa do SC Braga, que passou a atacar em 3x4x3. Rayanne juntou a Nágela e Diana Gomes no eixo defensivo, Barbosinha e Ágata Filipa ficaram encarregues das alas direita e esquerda, respetivamente, com Hannah Keane lado a lado com Dolores Silva na zona central e um trio atacante composto por Jermaine Seoposenwe (mais tarde substituída por Ana Teles), Myra Delgadillo e Andreia Norton.

A linha de quatro no meio-campo, com Barbosinha pela direita, Ágata Filipa pela esquerda e Hannah Keane e Dolores Silva no meio.
Linha média de quatro e trio atacante do SC Braga adotado desde a entrada de Barbosinha para o lugar de Laura Luís.

A colocação de mais unidades atacantes, mudança estrutural e também a urgência que o passar do tempo proporcionou levou a um natural crescimento do SC Braga no encontro. As bracarenses conquistaram pontapés de canto, rondaram a baliza famalicense muito mais tempo do que na primeira parte e eventualmente a grande ocasião para o empate apareceu. No entanto, a porta fechou-se com uma enorme defesa de Rute Costa, seguida de um corte de Andrea Mirón em cima da linha de baliza.

De um modo geral, foi uma boa tarde de futebol no Estádio 1.º de Maio. O FC Famalicão saiu premiado por uma primeira parte onde conseguiu ser superior e surpreender o SC Braga com as variações do esquema tático. No segundo tempo as bracarenses reagiram, o encontro equilibrou-se, mas o erro de Nágela e Marie Hourihan devolveu a liderança do marcador a uma equipa famalicense que soube manter-se coesa até ao final, que conseguiu aguentar as investidas arsenalistas e que saiu da Cidade dos Arcebispos com a liderança isolada da Série Norte.



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