Análise Estrela da Amadora
É um Estrela da Amadora quase totalmente novo aquele que se apresentou para a época 22/23. Além das mudanças na Administração, a equipa técnica também é nova, assim como a maioria do plantel. Aliás, da temporada transacta, dos habituais utilizados, apenas se mantêm Miguel Lopes, Aloísio Souza, Paulinho e Diogo Salomão.
Com passagens por Moreirense, Famalicão e Farense – além de Nacional da Madeira onde só esteve 1 mês, mas saiu antes de competir por razões de ordem pessoal -, Sérgio Vieira e a sua equipa técnica aceitaram o projecto aliciante do Estrela da Amadora que passa por atingir o escalão máximo do futebol português num espaço de 2 anos como assumiu o técnico português. Para tal, e face às várias saídas no plantel, os tricolores optaram por uma política de contratações que mistura a experiência nos campeonatos portugueses com elementos como Bruno Brígido, Rui Correia, Jean Filipe, João Reis, Gustavo Henrique e João Silva que chegou no último dia de mercado, mas também jogadores em idade de afirmação principalmente provenientes de Angola e Brasil como é o caso de Kialonda Gaspar, Mário Balbúrdia, Lucas Rafael e Ronald Pereira.
Análise táctica
Nota prévia: a seguinte análise e respectivos dados dizem respeito às 5 primeiras jornadas da Liga Portugal SABSEG, não incluindo ainda alguns resultados já conhecidos da 6ª jornada.
Com 5 jogos disputados até ao momento, a turma da Amadora mantém-se invicta com 4 empates e 1 vitória na Liga Portugal SABSEG, mas arrancou com um calendário bastante difícil: Feirense que habitualmente luta para subir, Farense que esteve na 1ª Liga em 20/21, as equipas B de Benfica e Porto que têm sempre muita qualidade individual e ainda Tondela, recém despromovido. Este início sem derrotas frente a adversários directos, com 6 golos marcados e 5 sofridos, colocam os amadorenses em 5º lugar numa altura em que ainda estão assimilar processos.
O Estrela da Amadora tem alinhado em 343 e este é o 11 que tem jogador mais até ao momento:
Abaixo seguem estatísticas que ajudam a perceber melhor a forma de jogar do Estrela da Amadora. Algum dados relavantes:
- A nível de golos marcados e sofridos, estão dentro da média da Liga e dentro daquilo que seria expectável (xG);
- Apesar de ser das equipas que mais joga em ataque posicional, é das que tem uma menor taxa de posse de bola e de passes acertados, o que deixa antever um futebol mais vertiginoso com passes de maior risco;
- O baixo número de duelos ganhos e de faltas cometidas demonstram alguma falta de agressividade, que acaba por se traduzir num baixo número de cartões amarelos (apenas o Leixões tem menos).
Organização Ofensiva
Na primeira fase de construção, a menos que se sinta muito desconfortável a sair a jogar e aí opta por bater os pontapés de baliza longos, o Estrela tenta sempre sair a jogar pelos seus 3 centrais. É uma equipa que tem aumentado a qualidade neste momento do jogo e que normalmente faz uma circulação através dos seus 3 centrais e dos médios e alas que estão numa linha à frente. Destaque principalmente para a capacidade de variar o flanco de jogo rapidamente, seja directamente de um central para o ala oposto ou através de um dos médios.
Uma das dinâmicas interessantes com o intuito de agredir as zonas de finalização é a procura de um dos extremos que baixa e aparece entre linhas, com espaço para rodar e ficar de frente para o jogo e iniciar o transporte de bola (Figura 1).
Mas é a estratégia ilustrada na Figura 2 que os tricolores optam mais e, por vezes, em demasia. Há a preocupação em fazer uma circulação que desposicione o adversário e permita a um dos alas ou um dos centrais exteriores, receber a bola e colocá-la em profundidade para o extremo desse lado ou até o ponta-de-lança. É um movimento que potencia a velocidade e qualidade individual dos extremos, no entanto este tipo de passe longo, principalmente aplicado quando em excesso, acarreta um risco de perda de bola elevado e que reflecte na baixa posse de bola média obtida. Além da busca da profundidade, há também a procura regular de uma referência na frente, especialmente pelos centrais.
Dinâmica do extremo aparecer entre linhas:
Dinâmica da circulação até corredor lateral e depois procurar a profundidade ou a referência:
Nos clips anteriores já deu para ver várias vezes o comportamento dos amadorenses em zonas de finalização. Mas quando já estão instalados no bloco adversário a estratégia passa por fazer uma circulação rápida, de flanco a flanco, de forma a tentar aproveitar movimentos de rutura ou de combinações laterais que permitam chegar a situação de cruzamento. Ainda assim, mostram ter alguma dificuldade em conseguir entrar em combinação pelo corredor central e, por vezes, impaciência na circulação da posse leva a decisões precipitadas. Além disso, têm pecado por algum desacerto no momento da execução do último passe:
Transição Ofensiva
A equipa de Sérgio Vieira faz uso das armas que também utiliza em organização ofensiva para ser o mais certeiro possível em transição. Sempre com o avançado e 1 ou até os 2 extremos sempre disponíveis para a transição ofensiva, assim que se dá a recuperação, o portador da bola tenta servir a linha da frente que faz movimentos agressivos na procura da profundidade:
Organização Defensiva
Quando se sente confortável, o Estrela da Amadora opta por fazer uma pressão alta que pode variar consoante a estrutura da 1ª fase de construção do adversário.
Caso o adversário saia a jogar com uma linha de 3 (Figura 1), os extremos têm o trabalho de controlar os defesas centrais abertos, ao mesmo tempo que controlam o ala adversário do seu lado e fecham o corredor central de forma tentar dar superioridade nesse corredor e evitar que o adversário jogue pelo meio. Caso a bola entre no lateral adversário e o extremo desse lado esteja demasiado distante, é o ala que salta à pressão.
Caso o adversário saia a jogar com uma linha de 4 (Figura 2), o avançado deixa um dos centrais tomar a iniciativa e pressiona-o de forma a que ele procure o corredor lateral. O extremo do lado onde está a bola controla o seu lateral e o extremo oposto aproxima-se do outro central sem bola, de forma a que o adversário não consiga rodar através dele. O ala oposto do lado da bola fica responsável por ajudar o seu extremo a controlar o lateral adversário.
Uma dificuldade que encontram na pressão alta é evitar que haja demasiada distância para a linha defensiva e que apareçam jogadores livres para receber a bola entre linhas.
Pressão contra uma linha de 3:
Pressão contra uma linha de 4:
Num bloco mais recuado, defendem num claro 541 onde o objectivo, caso não dê para recuperar a bola, passa por proteger o corredor central e encaminhar o adversário para os corredores laterais e aí sim exercer uma pressão mais forte para recuperar a posse.
Caso o passe encontre um jogador adversário entre a linha defensiva e a linha do meio campo, é o central mais próximo o responsável por sair da linha defensiva e disputar o lance:
Transição Defensiva
É neste momento em que é mais perceptível a falta de agressividade que reflecte num número muito baixo de faltas e de duelos ganhos. Apesar de ter uma boa reacção à perda e normalmente ter sempre uma quantidade de jogadores que permite à equipa esta confortável para a transição defensiva, são poucas as vezes em que a equipa pára a transição do adversário em falta, mesmo quando têm essa possibilidade de poderiam tirar partido da falta táctica:
Bolas Paradas Ofensivas
Apesar de ainda não ter marcado num desvio a um canto, o Estrela da Amadora já marcou por duas vezes na sequência de cantos em que os vários elementos se mantêm na frente e aproveitam algum desposicionamento adversário. Os cantos variam entre canto batido de pé esquerdo e pé direito de ambos os lados (para dentro ou para fora) e até canto curto, tenho normalmente pelo menos 5 elementos dentro da área e 1 fora. Os cantos são batidos predominantemente para o 1º poste:
Livres ofensivos:
Bolas Paradas Defensivas
2 golos sofridos de canto em 5 jogos será um registo que Sérgio Vieira quererá melhorar, certamente. Os tricolores defendem com os 11 jogadores na área numa marcação à zona distribuída da seguinte maneira:
Cantos defensivos:
Livres defensivos:
Notas Finais
O Estrela da Amadora teve um arranque positivo onde não perdeu nenhuma vez tendo já defrontado alguns adversários com objectivos comuns. Isto na fase da época onde ainda se estão a assimilar todos os processos inerentes a um grupo de trabalho totalmente novo, seja a nível táctico, seja a nível de entrosamento.
Ultrapassado este período inicial, é expectável que a equipa comandada por Sérgio Vieira aumente os indicadores de posse de bola e de passes acertados, tornando-se uma equipa mais capaz em organização ofensiva, ao mesmo tempo que, se quiser assumir o jogo com bola, também deverá aumentar o índices de agressividade em transição defensiva.
Se assim for, o histórico Estrela deverá continuar a sua trajectória ascendente e dar passos seguros para cumprir a sua ambição: regressar à primeira liga!
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