O Mónaco de Leonardo Jardim contratou no passado mês de Junho duas promessas do futebol europeu, ambos com apenas 16 anos, dando continuidade aquilo que é o grande objectivo do clube monegasco: Ser o principal formador de talento a nível mundial.
Eliot Matazo completou 16 anos em Fevereiro, capitão dos sub-16 do Anderlecht, tinha Real e Barça na sua pista mas decidiu assinar por um clube que já provou ser capaz de proporcionar as condições ideais para o desenvolvimento de jovens. Dono de uma estampa física impressionante para um adolescente ainda em crescimento, tem uma margem de progressão enorme.
No inicio do mês o Mónaco contratou outro jovem de 16 anos, desta vez à academia de um rival directo, o Lyon, por um valor a rondar os 20M€. Willem Geubbels, avançado alto e veloz, tornou-se no jogador mais jovem de sempre a participar num jogo da Liga Europa e o primeiro jogador nascido no século XXI a estrear-se na Liga Francesa, um reconhecimento pelas suas boas prestações nas camadas jovens do OL.
A aposta em jovens talentos continua no mês de Julho. Jonathan Panzo, defensa central inglês de 17 anos das camadas jovens do Chelsea foi contratado por 3M€. O lateral-direito do Saint-Étienne, Pierre-Gabriel de apenas 20 anos custou cerca de 6M€ aos cofres monegascos, possivelmente para cobrir a eventual saída de Djibril Sidibé. Samuel Grandsir é um veloz extremo de 21 anos que chega do recém-despromovido Troyes por uma verba de 3M€. Antonio Barreca, lateral-esquerdo do Torino com 23 anos vem competir com Jorge por um lugar a titular na equipa, custou 12M€. O jogador mais “velho” contratado neste defeso é o médio defensivo Pelé que custou à volta dos 10M€. O médio português que actuou no Rio Ave na época transacta vem colmatar a saída de Fabinho e pode ser uma das boas surpresas nesta época que se avizinha.
Esta ideologia do clube monegasco em apostar em diamantes brutos tem dado frutos e o crédito deve ser atribuído em grande parte ao treinador Leonardo Jardim e a sua equipa técnica que têm feito um trabalho sensacional, ajudando jovens talentos a atingirem o seu real potencial, combinando êxitos desportivos com retorno financeiro.
Na sua primeira época em 2014, o clube contratou Tiemoué Bakayoko ao Rennes por 8M€, um jogador que evoluiu bastante como jogador ao ponto de tornar-se peça fulcral no meio campo monegasco ao lado de Fabinho, um jogador que estava emprestado pelo Rio Ave e que viria a ser contratado em definitivo na época seguinte por 6M€. Na altura com 21 anos, Leonardo Jardim viu no lateral-direito características que o permitiam jogar em zonas mais centrais do terreno e o imponente brasileiro deu-lhe razão. Com uma leitura de jogo fora do comum e uma grande capacidade de intercepção, Fabinho viria a tornar-se um dos capitães de equipa e titular indiscutível na posição 6. Saiu este verão para o Liverpool por 50M€. Já Bakayoko, transferiu-se para o Chelsea em 2017 por 40M€.
Foi ainda em 2014 que Bernardo Silva chegou por empréstimo do Benfica, contratado em definitivo na época seguinte por 15.75M€. Três anos depois foi vendido por 50M€ ao Man City. Tornou-se um médio ala muito consistente e das principais figuras da excelente época que o Mónaco fez em 16/17, ganhando um lugar a titular na Selecção Nacional e tornando-se um dos favoritos de Pep Guardiola.
A época 2015 foi uma de muitas movimentações no mercado, mas uma contratação viria a revelar-se chave nas ambições futuras do clube: Thomas Lemar. O extremo esquerdino foi contratado ao Caen por 4M€ e rapidamente estabeleceu-se no onze titular, tendo sido preponderante na época em que se tornaram campeões franceses fazendo um total de 55 jogos, contribuindo com 14 golos e 17 assistências em todas as competições. Com apenas 22 anos, o francês campeão do Mundo na Rússia, tem transferência acertada para jogar no Atlético de Madrid por um valor a rondar os 60M€.
Em 2015 chegou também Rony Lopes, criativo do Man City por uma verba de 12M€. O português esteve emprestado ao Lille durante um ano e voltou para ocupar a vaga deixada por Bernardo Silva este último ano superando todas as expectativas ao assinar 15 golos – segundo melhor marcador da equipa! – e assistindo 7 vezes na Liga Francesa, provando que o clube renova oportunidades e acima de tudo entende que diferentes jogadores desenvolvem em alturas diferentes, Rony é o exemplo gritante desta abordagem paciente à evolução de jovens atletas.
Gil Dias foi comprado ao SC Braga em 2015 por cerca de 5M€. Agora com 21 anos, segue para o Nottingham Forest naquele que é o seu quarto empréstimo consecutivo depois de passagens pelo Varzim, Rio Ave e Fiorentina. Apesar da falta de oportunidades na equipa principal, os empréstimos a equipas onde teoricamente terá lugar a titular mostra crença na capacidade de progressão do extremo português e relutância em vender um activo jovem que ainda pode provar o seu valor na equipa francesa.
Na época de excelência dos monegascos, 2016/17, Jardim comprou literalmente um quarteto defensivo novo. Jemerson (23 anos / 11M€) e Kamil Glik (28 anos / 11M€) para o eixo central e Djibril Sidibé (23 anos / 15M€) e Benjamin Mendy (21 anos / 13M€) para as alas direita e esquerda respectivamente. A dupla de centrais mantém-se actualmente no plantel, assim como Sidibé têm papel fundamental nas ambições do clube, já Benjamin Mendy durou apenas uma época transferindo-se para o Man City por cerca de 58M€.
Para colmatar as saídas de Mendy e Bakayoko, Jardim foi buscar dois jovens em ascenção. O lateral-esquerdo Jorge chegou em Janeiro de 2017, contratado ao Flamengo por 8M€ com apenas 20 anos. Agarrou a titularidade na época passada e apesar de algumas lesões no final da época terem estagnado a sua evolução, tem um futuro muito promissor pela frente. Para o meio-campo veio Youri Tielemans do Anderlecht por 25M€. Chegou com 20 anos mas já com 2 épocas a titular no meio-campo do clube belga no currículo. Teve uma época banal mas com notáveis evoluções a nível de posicionamento e leitura do jogo, seguramente mão do treinador madeirense.
Em 2017 “roubaram” Jordi Mboula à La Masia, academia do Barcelona, por 3M€ para actuar nos escalões jovens do clube, estreando-se na Ligue 1 já no final desta época, claramente um projecto futuro que pode ter algum protagonismo na próxima temporada. Adama Diakhaby é outro projecto, contratado com 20 anos por 10M€ ao Rennes, foi utilizado várias vezes ao longo da época, velocíssimo, esquerdino virtuoso, adiciona irreverência e imprevisibilidade ao jogo do Mónaco.
No final de Janeiro de 2018, outro jovem de 16 anos contratado. 21M€ por Pietro Pellegri, jovem avançado que notabilizou-se por marcar na sua estreia na Serie A pelo Genova, ao sair do banco e anotando dois golos. Com 1,88m, o portentoso italiano foi convocado assim que chegou à capital monegasca e só não deu seguimento à confiança do treinador pois contraiu uma pubalgia em Fevereiro.
Mas não só de contratações rege-se o clube, Leonardo tem recorrido à formação regularmente e vários talentos têm feito o trajecto desde as camadas jovens à equipa principal. Anthony Martial tinha acabado a sua segunda época sénior ao serviço do clube com apenas 18 anos quando o Man United desembolsou 60M€ para o contratar no final da época 2014/15. Almany Touré é outro caso de sucesso, o lateral direito maliano tem vindo a impor-se nas opções do treinador português com cada vez mais regularidade a cada época que passa, tendo feito 20 jogos esta temporada contribuindo com 6 assistências e até um golo.
O caso mais sonante é seguramente o de Kylian Mbappé, produto da academia monegasca. Estreou-se na equipa principal aos 16 anos, saindo do banco de suplentes em dez ocasiões nessa temporada. Afirmou-se em definitivo na época seguinte em que anotou 26 golos e fez 14 assistências nos 44 jogos em que participou. Detentor de um físico impressionante e uma capacidade de drible invulgar, é ainda um talento bruto apesar dos números fabulosos que já ostenta. Teve um papel preponderante na época 16/17 ajudando o clube a tornar-se campeão francês e a chegar às meias-finais da Champions e apesar de ser um produto da formação que fez apenas uma época ao mais alto nível na equipa principal, o retorno financeiro foi estupidamente (leia-se completamente) justificado quando o PSG acordou pagar 180M€ pelo jovem jogador, então com 18 anos.
Não existe uma competição desleal entre Paris Saint-Germain e AS Monaco, existem sim ideologias e políticas de investimento completamente distintas. No Mónaco trabalha-se num projecto a longo prazo focado na formação de profissionais desde a sua mais tenra idade de maneira a conferir uma maior ligação ao clube, à cidade e aos valores privilegiados pela instituição. A academia de formação confere todas as condições necessárias ao desenvolvimento dos seus jovens atletas, mas o clube não quer ser apenas uma rampa de lançamento provando ter ambições de se estabelecer como um dos melhores clubes a nível mundial precisamente com os activos que têm nas suas fileiras desde jovens, base essencial para um projecto tão ambicioso com tamanha longevidade.
A aposta em Leonardo Jardim será para durar independentemente dos resultados. O treinador partilha da visão e das ambições do clube sabendo como introduzir os jovens talentos ao futebol sénior, nutrindo a sua evolução e adaptando as suas qualidades individuais às necessidades tácticas do colectivo com resultados de excelência.
Leonardo Jardim parte agora para a sua 5ª época como treinador do Mónaco numa liga francesa cada vez mais competitiva mas em que tem conseguido disputar o título a cada ano que passa, cimentando as suas fundações, crescendo um pouco mais cada nova época, renovando objectivos mas mantendo a mesma ambição, a de tornar o Mónaco no clube formador com mais sucesso a nível mundial.
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