Ataque ao mercado: o “Regresso dos Magpies”

Já não é novidade para quase ninguém, mas o Newcastle é o mais recente negócio dos multi-milionários do futebol moderno. O clube histórico do norte de Inglaterra, que conta com quatro títulos e seis taças na sua história, foi comprado por um dos homens mais ricos do mundo e promete iniciar uma revolução num clube que foi adormecido, e quase destruído, pela antiga administração. Um clube que tem andado sempre a lutar pela manutenção na Premier League, com Steve Bruce ao comando, um treinador conservador e sem grande criatividade ofensiva, e uma gestão financeira e administrativa que deixou muito a desejar por Mike Ashley. Com a chegada de Mohammed bin Salman, o príncipe saudita dono do fundo de investimento da Arábia Saudita, o que podemos esperar do novo projeto dos Magpies?

Manchester City como exemplo

Foi em 2008 que o modesto mas histórico Manchester City foi comprado por investidores Árabes. Em 13 anos, um clube que andava sempre entre o Championship e os últimos lugares da Premier League tornou-se num dos maiores do Mundo, com os melhores jogadores e treinadores do Mundo. Por todo este “sucesso” do Manchester City e do seu enorme investimento, decidi utilizar os anos iniciais do City após o investimento para fundamentar este artigo.

Na primeira época do City da “era moderna”, houve “apenas” 5 transferências: Robinho, Wayne Bridge, Craig Bellamy, Nigel de Jong, Shay Given. Olhando para estes nomes, víamos um craque de nível mundial, 3 jogadores históricos e de “clube grande” em Inglaterra, apesar de nem todos o terem sido, e depois um promissor jovem holandês a despontar na Bundesliga. Podemos concluir que apesar de serem 5 contratações do topo da tabela da Premier, com Robinho a prometer ser uma das estrelas da Premier League, a verdade é que o investimento a sério só chegou nos dois anos seguintes com nomes como Gareth Barry, Roque Santa Cruz, Carlos Tevez, Emmanuel Adebayor, Kolo Toure, Joleon Lescott, Patrick Vieira, Adam Johnson (2009-10) e Jerome Boateng, Yaya Toure, David Silva, Aleksandar Kolarov, Mario Balotelli, James Milner ou Edin Dzeko (2010-11)

Hoje em dia, o Fair Play Financeiro da FIFA não parece permitir investimentos tão grandes num curto espaço de tempo, principalmente para um clube como o Newcastle que, apesar do insucesso desportivo, gastou bastante dinheiro nos últimos anos. Para os próximos 3 anos, o Newcastle pode “apenas” gastar 200 milhões sem vender ninguém, o que no futebol atual não é muito, mas obviamente a renovação do plantel irá originar algumas vendas e receitas extra para os Magpies.

Tendo em conta estas restrições, a realidade do projeto do Newcastle e do mercado atual do futebol, decidimos trazer 4 jogadores para o projeto do Newcastle a curto prazo ( um guarda-redes, um defesa, um médio e um avançado para os próximos 3 mercados de transferência: Janeiro 2022, Julho 2022, Janeiro 2023), e outros já afirmados a nível europeu que podem ser oportunidades de negócio por terminarem contrato com os seus clubes em 2023.

Recomendações ProScout:

Guarda-Redes: Dean Henderson (24 anos, Manchester United)

Uma das maiores promessas das balizas a nível mundial, Dean Henderson realizou 2 épocas a excelente nível no Sheffield United por empréstimo do Manchester United quando ainda era sub-21, uma no Championship e uma na Premier League, justificando um regresso e uma aposta durante a época passada pelo clube de Old Trafford. Este ano, David De Gea parece ter convencido Solskjær, e o jovem britânico não tem tido minutos de forma regular. Numa altura em que já se fala da possibilidade de empréstimos de um ano e meio, Dean Henderson podia ser uma tripla “vitória” para os Magpies: um dos melhores guarda-redes da Premier League, um jogador formado localmente, e uma opção que podia ser vista como “low-cost” a curto prazo caso se confirmasse a opção do empréstimo de época e meia. Um guarda-redes que dá muita segurança, com um potencial enorme e que tem tudo para ser o dono da baliza da seleção inglesa para os próximos anos.

Defesa: Valentino Livramento (19 anos, Southampton)

Formado no Chelsea, internacional jovem inglês em todos os escalões, Tino Livramento está a ter uma primeira época a nível sénior tremenda. O Southampton comprou o jovem lateral direito por uma verba a rondar os 5M euros, e em apenas 3 meses o jogador já está avaliado em cerca do triplo desse valor. Destacando-se tanto com bola como sem bola, o jovem britânico tem dado nas vistas pela sua verticalidade, mostrando ser um lateral à antiga num futebol moderno, ganhando a linha com muita facilidade, aposta no 1v1 frequentemente e é um desequilibrador nato, beneficiando não só de atributos técnicos muito interessantes, onde joga bem com os dois pés, mas também físicos, com uma velocidade, aceleração e força fora do normal. No seu processo normal de evolução, terá que aprender a acalmar mais o jogo, nem sempre partir para o drible e decidir quando acelerar e quando procurar vantagens com os seus colegas.

Defensivamente, está entre os jogadores da Premier League com mais desarmes e intercepções, e tem disputado grandes duelos contra os maiores craques da liga inglesa. Vindo de um clube grande, o lado defensivo de um lateral acaba por ser sempre o mais preocupante na transição para o futebol senior, mas Livramento tem estado bem a esse nível apesar de ainda ter margem de evolução para ser ainda melhor.

Médio: Declan Rice (22 anos, West Ham)

Talvez seja “a grande contratação” desta lista. Apesar de ter um perfil discreto, ainda ser jovem e com muito potencial, Declan Rice é já um dos melhores jogadores na sua posição a nível mundial. O jovem internacional e titular da seleção inglesa, capitão do West Ham, é um dos jogadores mais requisitados da Premier League, e o seu valor de transferência já não está ao alcance de qualquer clube. Apesar dos custos associados a uma possível transferência, Declan Rice parece ser o jogador ideal para se construir um projeto “do zero”: líder nato, formado localmente, jovem mas com muita experiência de Premier League (quase 150 jogos), jogador versátil capaz de se adaptar a diferentes estilos de jogo e com um perfil dentro e fora do campo capaz de cativar os adeptos do Newcastle.

Dentro do campo, Rice também não engana: forte fisicamente, habilidoso tecnicamente apesar de não ser um 6 criativo, domina o jogo com e sem bola e apesar do West Ham privilegiar muito as transições, onde se destaca com o seu passe longo e capacidade de drible, pode também encaixar num jogo mais calmo e de posses mais longas.

Avançado: Dušan Vlahović (21 anos, Fiorentina)

Para alguns pode ser algo desconhecido, mas o avançado sérvio que recentemente ajudou a sua seleção a qualificar-se para o Mundial é um dos jovens avançados mais promissores do Mundo. Formado na excelente academia do Partizan, chegou a Itália já há mais de 3 anos e afirmou-se como titular absoluto no clube de Florença no ano passado, chegando aos 21 golos na Serie A. Forte fisicamente, dominador a jogar em apoio, o avançado canhoto é também muito móvel para os seus 1,90m e pode ser ameaça tanto num papel de referência do ataque como jogando em espaços mais recuados. A evolução de Vlahovic é notória em vários aspetos, e apesar de ainda estarmos no início da época, já se destaca em diferentes parâmetros do jogo comparando-o com outros avançados da Serie A: é o terceiro melhor marcador (8 golos, 1 assistência), é um dos jogadores que mais cria oportunidades a partir do drible, estando apenas atrás de Rafael Leão, e mesmo sem bola é um dos jogadores que mais dores de cabeça oferece no momento de construção dos adversários. Rápido, móvel, forte, frio em frente da baliza, Vlahovic já está a ser negociado com grandes clubes e podia ser o elemento chave do ataque dos Magpies para o ataque a esta nova era do clube.

Outras opções de classe mundial em fim de contrato no Verão de 2023:

DD: Ricardo Pereira, Kehrer

DC: Skriniar, Akanji

DE: Gosens, Alex Sandro

MDef: Fabian Ruiz, Dendoncker

MC: Tielemans, Renato Sanches

Extremos: Gnabry, Sadio Mane

PL: Gabriel Jesus

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