Após um final de época em que o Porto deixou escapar o título da temporada passada para o maior rival, uma pré-época atribulada e a não qualificação para a fase de grupos da Champions League, Sérgio Conceição voltou à Luz com o intuito de contrariar os resultados menos conseguidos deste passado recente. O jogo deixa os dois clubes com seis pontos e a promessa de mais um campeonato extremamente disputado até Maio. A análise à partida:
Mesmo sistema tático, diferentes dinâmicas
Benfica surge no seu habitual 4-4-2, na mesma base dos últimos encontros, onde os dois médios centro (Florentino e Samaris) participam pouco na fase de construção da equipa, mas têm a missão de equilibrar o meio campo nas eventuais transições defensivas. Isto deve-se ao facto de os laterais incorporarem o ataque com extrema profundidade e com isso abrirem espaço nos corredores aos seus adversários. Rafa e Pizzi tinham a missão de se envolverem com os laterais em zonas entrelinhas, por forma a procurarem espaço/linhas de passe entre os defesas contrários e finalizar ou assistir os homens da frente. Por outro lado, o Porto apresentou-se na Luz com Romário e Uribe no onze, adaptando Corona a lateral direito num 4-4-2 onde os dois homens fortes da frente de ataque foram Marega e Zé Luís. Luis Diaz surgiu do lado esquerdo do ataque portista, variando consecutivamente a sua posição entre a linha média e a linha atacante, uma vez que encostava na linha defensiva adversária para atrair marcação, recuar e receber posteriormente a bola sem oposição.
Falta de adaptabilidade
A mesma equipa que ultrapassou a barreira dos 100 golos a temporada transata, fez agora o primeiro jogo sem marcar qualquer golo na era Lage. Mérito do lado do Porto que surpreendeu o Benfica com um tremendo bloco subido e compacto e demérito dos encarnados que foram a jogo com as mesmas ideias e estas saíram furadas. Os homens em evidência nesta fase inicial têm sido Rafa e Pizzi, que conseguiram criar golos entre si e finalizá-los, na falta do instinto goleador de R.D.T. e Seferovic. A eficácia com que o Benfica conseguiu transpor o momento da sua organização ofensiva para este clássico foi nula, esbarrando consecutivamente na linha média do Porto. Pizzi e Samaris com dificuldade a produzir em espaços curtos, errando passes sucessivos e entregando a bola ao seu adversário. Sem poder recorrer ao seu estilo habitual de jogo por força da ineficácia das suas ações, o Benfica fez entrar Taarabt para contornar as debilidades do primeiro tempo. Ainda assim, a estratégia do Porto mantinha-se e as tentativas de cruzamento começaram a surgir mais insistentemente, novamente sem sucesso.
Também na linha defensiva se denotaram diversos problemas, nomeadamente no momento em que o Porto explorava a velocidade dos seus dois portentosos avançados, o espaço nas costas de Nuno Tavares e a dificuldade de Ferro na abordagem a este tipo de lances. Apesar da exibição positiva de Odysseas entre os postes, o guarda redes continua com problemas em controlar a profundidade, essencial numa equipa grande que joga com a defesa muito subida.
Maturidade com toques de irreverência
Esta época marca uma nova era no Futebol Clube do Porto, fruto das diversas alterações que sofreu o plantel, mas de novo com a marca de Sérgio Conceição. Um estilo de jogo muito físico, onde nem todos os jogadores são tecnicamente dotados, mas que impressionam pela sua entrega ao jogo, capacidade de choque e desgaste do adversário. Pepe, ainda a aperfeiçoar as suas interações com Marcano, assume-se cada vez mais como o líder do eixo central da defesa portista tendo contabilizado por si só quatro interceções, dois desarmes e seis duelos ganhos. Equipa sempre muito compacta a pressionar o Benfica com um bloco muito subido, dificultando a primeira fase de construção e a obrigar os encarnados a colocar a bola na frente sem critério.
Aliado à experiência da grande maioria, os vice campeões contam também com dois jovens muito promissores. Luis Diaz deixou Nuno Tavares diversas vezes para trás, mesmo quando este tinha a ajuda de Pizzi e parece bem encaminhado para substituir Brahimi como melhor driblador da liga. Define muito bem sempre que é pressionado, tem as suas iniciativas individuais, mas é um jogador que dá primazia ao coletivo e isso causou sempre situações de perigo do lado esquerdo da defesa encarnada. O menino Baró esteve em evidência principalmente pelo que ofereceu à equipa na primeira parte. Atuava como médio direito no momento de organização defensiva, mas tinha liberdade para circular na zona de Florentino e Samaris sempre que o Porto tinha a posse de bola. Foi ele quem desbloqueou linhas de passe ligando o jogo entre a direita e a esquerda do ataque portista, fundamental em todas as fases do jogo. Saiu exausto ao minuto 72 rendido por Otávio, que também assinou uma boa ponta final, materializando com uma assistência para Marega sentenciar a partida.
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