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A maior conquista do futebol nacional neste século. O futebol era diferente, o mercado também, mas em Geselnkirchen fez-se história, com uma das mais inéditas conquistas da Liga dos Campeões, com o FC Porto de Mourinho a surpreender a Europa.

No futebol, o mais difícil é ganhar regularmente, e para isso não existe uma solução única. A equipa de Mourinho não jogava um futebol deslumbrante e com nota artística elevada, mas no que toca aos princípios de jogo e à sua organização em todos os momentos era quase perfeita.

Com uma equipa que se tornou a base da seleção nacional, contando com a experiência de Jorge Costa e Vitor Baía, o FC Porto alinhou no seu 4-4-2 losango, com Deco na posição número 10 e Carlos Alberto e Derlei na frente de ataque.

O Mónaco alinhou num 4-1-3-2, com uma dupla de atacantes composta por Giuly e Morientes (ambos em grande momento de forma) e com o jovem Patrice Evra a lateral esquerdo, ele que foi um dos elementos em destaque da equipa durante a campanha até à final.

Falar deste FC Porto é falar de competência, organização e conhecimento dos momentos do jogo. A nível defensivo, a equipa de Mourinho defendia como um conjunto, em todos os momentos. Entrar no bloco portista era uma missão muito complicada, e a equipa sabia exatamente como pressionar.

Aqui, um exemplo desses comportamentos defensivos coletivos, com o bloco pressionante, coeso e com a principal missão de forçar o adversário a jogar para trás. Costinha, Maniche e Pedro Mendes eram 3 médios com capacidades invulgares neste momento do jogo. (video pressão coletiva)

Os detalhes defensivos da equipa demonstravam o rigor com que este momento era preparado. Em transição, momentos de pressão coletivos ou organização defensiva, os jogadores sabiam responder a todos os estímulos que lhes eram apresentados: (video Mov.Def)

Equipas deste nível também se baseiam muito em individualidades e na personalidade dos seus jogadores. No momento defensivo, Derlei era literalmente o primeiro defesa, muito forte nos momentos de pressão e com uma capacidade física invulgar aliada aos muitos golos que marcava. (video Pressão Indiviudal)

Com bola, uma equipa com Deco e Carlos Alberto era obrigatoriamente criativa mas, principalmente na Champions, o FC Porto fazia das transições ofensivas a sua principal ameaça. Derlei como referência, Carlos Alberto e Paulo Ferreira a atacarem os corredores e Deco como maestro.

Os jogadores do meio-campo normalmente atuavam como médios de equilíbrio, subindo apenas um de cada vez, dando mais liberdade aos laterais. Nuno Valente apoiava bastante Carlos Alberto, Paulo Ferreira fazia o flanco direito, com apoio de Pedro Mendes.

O segundo golo da final é uma ilustração da complexidade e preparação desta equipa do FC Porto. Após um erro defensivo de Maniche, a equipa reagiu muito bem a um momento com a bola descoberta, recuando e juntando as suas linhas para encurtar o espaço ao portador da bola.

Ao recuperar a bola, Deco explorou o espaço central em condução, fixou os defesas, enquanto Derlei e Alenitchev estavam abertos nos corredores. A criatividade e capacidade de decisão dos jogadores fez o resto:

Para a época, os métodos e a preparação desta equipa eram algo fora do normal, numa altura onde a periodização tática e o conhecimento sobre o treino estavam ainda a impôr-se no futebol mundial. Mourinho foi um dos vários implementadores desta filosofia, que hoje parece quase banal no Mundo que corre.

Uma equipa histórica, com princípios de jogo muito bem definidos e com jogadores com muita qualidade que encantaram o futebol mundial na primeira década deste século. A conquista desta Liga dos Campeões será sempre relembrada como o apogeu do domínio do FC Porto em Portugal.



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