A equipa do sul de Itália, de uma cidade de apenas 60 mil habitantes, alcançou o feito inédito de subir à Serie A. Jogando no Ezio Scida, com capacidade para 9600 mil adeptos, surpreendeu toda a gente ao comando de Ivan Juric, que se estreou como treinador principal esta época.
O antigo médio com muitos anos de futebol italiano, Juric, depois de passagens por Génova como treinador de camadas jovens e adjunto de Gasperini no Inter e Palermo, assumindo o cargo de treinador principal pela primeira vez esta temporada. Como discípulo de Gasperini não surpreende a implementação do 3-4-3 no Crotone.
O Crotone de Juric sai a jogar com os centrais bem abertos, médios-ala subidos e a dar largura. Dupla de médios centro de perfil e dois avançados interiores perto do ponta de lança de referência. É esta a ideia geral embora tenha algumas assimetrias.
Como o médio-ala esquerdo, Martella, é mais limitado tecnicamente não se aventura tanto no ataque. Assim, o avançado interior do lado esquerdo, Stoian, dá constantemente largura desse lado. Já do lado direito Balasa assume a faixa e Ricci passa a maior parte do tempo em jogo interior, sempre próximo de Budimir.
Vemos aqui o seguimento da jogada, Ricci (1) por dentro e perto de Budimir (1) com Balasa (3) a dar largura.
Já na pressão inicial, Budimir pressiona central com bola e Ricci (por vezes Stoian) aproximam do central sem bola.
Ricci sempre perto de Budimir para combinações curtas. Stoian mais vezes a dar largura pelo lado esquerdo.
Frequente na saída pela direita, Balasa a dar largura e Ricci nos apoios interiores.
Capezzi (2) e Barberis (1), os médios que jogam de perfil, sem bola em constantes trocas de pressão/contenção.
Centrais por vezes a sair em pressão quando se vêm livres de marcação. Também na saída de bola é frequente um dos centrais subir bastante no terreno. Tanto num caso como noutro, apenas os centrais mais abertos (central direito/esquerdo) o fazem. Clayton no centro age com uma espécie de libero embora tente fazer linha com os defesas.
Budimir sempre o 1º homem na pressão com apoio de Ricci.
Referências sempre zonais, com as compensações muito bem trabalhadas. Barberis (1) sobe na pressão, Ricci (2) desce para ocupar a zona.
Em organização defensiva, os médios-ala (2 e 3), se necessário, baixam fazendo uma defesa a 5. Central direito (1) sobe para pressionar/marcar havendo superioridade numérica no centro.
Balasa (1), médio-ala direito, quase sempre mais subido que o médio-ala esquerdo, Martella. Stoian (2), fica encarregue de dar largura na esquerda.
Crotone procura colocar sempre muitos jogadores na frente, seja em organização ofensiva ou transição ofensiva.
No entanto, um problema recorrente é que a linha defensiva não acompanha a linha de pressão do meio campo, o que deixa muitas vezes espaços enormes entre linhas (defesa – meio campo).
A bola sai quase sempre longa do guarda-redes. Parece-me, no entanto, que seja por falta de qualidade de jogo de pés e não totalmente estratégico, embora alguns lançamentos para Budimir sejam claramente trabalhados. Aqui vemos um exemplo, com Ferrari a pedir a bola, com uma linha de passe sem pressão.
Mais uma vez, Ricci a orbitar à volta de Budimir e a receber a bola livre de marcação. Duas situações diferentes mas com dinâmicas idênticas.
Jogos de dificuldade diferente, jogadores diferentes, mas princípios mantêm-se. Palladino (1) como avançado de referência, De Giorgio (2), avançado interior direito a orbitar em volta dele em constante jogo interior. Avançado interior esquerdo, Torromino (3) a ficar ocupado de dar largura pelo esquerdo e Balasa, médio-ala direito, na direita.
Jogada recorrente: central (4) sai com bola, médio-ala (3) dá largura, avançado direito (2) dá linha de passe por dentro e entre linhas. Ponta de lança (1) a prender centrais e à espera de romper.
Lance que deu o golo do Crotone que levou a prolongamento a eliminatória com o Milan. De Giorgio entre linhas atrai um central e Budimir aproveita o seu movimento fica 1×1 com Zapata.
Em suma, este Crotone surpreende imenso. Uma equipa muito jovem, com grande parte dos jogadores a chegarem este ano ao Crotone e com Juric na sua primeira experiência como treinador principal. Terminaram o campeonato em 2º lugar com 82 pontos, menos um que o campeão, Cagliari. O futuro na elite italiana será muito complicado uma vez que muitos dos jogadores que se destacaram encontravam-se emprestados e dificilmente farão parte do plantel na próxima época, o que obrigará a uma revolução no plantel. Se Juric o conseguiu uma vez, poderá conseguir outra.
Destaques individuais:
Budimir
Avançado croata emprestado pelo St Pauli, somou 16 golos e 4 assistências na Serie B. Com 1,90m, Budimir destaca-se sobretudo na qualidade técnica que possui. Apesar da estatura precisa de melhorar a forma como a usa para beneficiar o seu jogo.
Ricci
Extremo emprestado pela Roma foi outro dos destaques deste Crotone. Com 11 golos e 8 assistências na Serie B foi o parceiro ideal para Budimir. Rápido e habilidoso, move-se bem entre linhas para receber passes e em constante jogo interior.
Eloge Yao
Central emprestado pelo Inter de 20 anos, rápido, sereno e com boa saída de bola. Somou 30 jogos na Serie B pelo Crotone e as suas caraterísticas enquadram na perfeição neste esquema de 3 centrais.
Stoian
Médio de 25 anos, chegou esta época vindo do Chievo. Terminou com 5 golos e 6 assistências. Jogador que estará já perto do seu potencial mas que acrescenta muito a este Crotone, sobretudo na maturidade sempre importante numa equipa tão jovem.
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