Evolução Barça – A proposta de Xavi

Evolução é a palavra de ordem desde a chegada de Xavi Hernández ao comando da equipa da Catalunha. Com uma clara subida ao nível de resultados, que reflete a proposta de jogo do treinador espanhol para a equipa do Barcelona. Um Modelo de Jogo à imagem da filosofia Barcelona por um dos seus discípulos, anteriormente como jogador, e hoje como treinador, fazendo relembrar a lufada de ar fresco por parte de Guardiola em tempos passados.

As contratações no mercado de Inverno com Adama Traoré, Aubameyang e Ferran Torres foram cruciais no aumento da qualidade e na evolução do jogo do Barcelona. Contratações essas, principalmente os dois primeiros, que para muitos iriam chocar com a filosofia e identidade Barcelona. Porém, não poderiam estar mais enganados: jogadores como Adama e Aubameyang valorizam a identidade Barcelona, como poderemos observar mais à frente. Sem esquecer a importância de Dani Alves, no seu entendimento de jogo, identidade e experiência, determinante no campo e no balneário.

O posicionamento interior de Dani Alves tanto prepara a transição defensiva, como oferece superioridade e atrai jogadores para Adama ter mais liberdade no corredor lateral.

Numa procura pelo controlo da posse de bola através do ataque posicional, a equipa de Xavi procura várias soluções interiores mas também em Largura e Profundidade. É aqui onde entra a importância de jogadores como Adama Traoré, Aubameyang e o possível renascimento de Dembélé. Posicionados em largura e a atacar a profundidade, transforma o jogo do Barcelona:

1) Adversário fecha jogo interior e estes têm espaço em largura para atacar o 1×1 em velocidade;
2) Adversário é atraído em largura, libertando para o espaço interior e qualidade dos médios;
3) Movimentos em rotura na profundidade que arrasta defesas e liberta espaço interior entre linhas.

Essa variabilidade no jogo do Barcelona, ou seja, qualidade no corredor central e nos corredores laterais, torna-se difícil de defender por parte do adversário, face às soluções ofensivas variáveis.

O grande controlo da posse de bola não se dá apenas pela qualidade ofensiva da equipa, mas sobretudo pela sua transição e organização defensiva. Em organização procuram pressionar alto, com marcações individuais no centro de jogo, não deixando o adversário virar-se de frente para o jogo. Em transição, no momento em que perdem a bola, há um excelente estímulo para recuperarem rapidamente, encurtarem o espaço e pressionarem o portador da bola e linhas de passe próximas.

Face a isto, observemos agora a forma identitária como o Barcelona faz dois golos frente ao Athletic:

a)Utilização dos jogadores em largura para acelerar;
b) Procura pela profundidade que liberta espaço interior entre linhas.
c) Pressão alta para recuperar rapidamente;
d)Transição defensiva a cortar linhas de passe e portador da bola, na procura da superioridade numérica defensiva;

Há uma grande margem de crescimento neste Barcelona de Xavi Hernández, sobretudo com mais tempo para treinar e para transmitir as suas ideias, num momento preparatório. O futuro volta a ser risonho para os adeptos, nesta (r)evolução do ex-jogador do Barcelona. As contratações assentaram como uma luva na forma de jogar do Barcelona e sobretudo ofereceram variabilidade ofensiva, numa equipa que por si só já contava com jogadores de excelência no jogo interior, associativo e de posse, porém com lacunas no plantel face à velocidade, capacidade de 1×1 e ataque ao espaço.

Porque no final de contas, a identidade é tão mais rica quanto maior variabilidade de opções possíveis. Enganou-se quem acreditou que a contratação de Adama seria fugir à identidade: pelo contrário, exponencia e enriquece ainda mais a identidade Barcelona.

A magia do controlo sobre a bola finalmente voltou a Barcelona. A reação à perda de bola, a ganância pela redondinha, a pressão alta para a recuperar a posse voltaram pelas mãos de um homem que marcou aquela que foi uma das mais belas e poderosas equipas da história do futebol.

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