Independiente Del Valle: Potenciar talento com dedo português!
Apelidado por muitos como o clube mais europeu do continente sul-americano, o projeto do IDV, já não é uma surpresa, mas continua a ser fascinante para quem gosta de explorar e acompanhar o futebol internacional.
Com uma identidade de jogo muito vincada e que não é negociável, independentemente do contexto competitivo, exigência ou adversário, este projeto contempla uma aposta muito forte na fomentação, formação e criação de talento tendo vista a sua rentabilização, não só desportiva (com a inclusão de jovens na equipa principal, com clara missão de os potenciar e tirar rendimento individual e coletivo), mas também económica (tirando dividendos financeiros desse mesmo rendimento através de transferências).
Ainda assim, este ano as coisas poder-se-iam tornar mais complicadas, com a saída de jogadores fulcrais como Moisés Caicedo (vendido por 5M€ ao Brighton & Hove Albion), Angelo Preciado (3M€ para o KRC Genk), Alan Franco (2.10M€ para o Atlético-MG), Gabriel Torres (Club Universidad de Chile), entre outros. Para além disso, a saída do técnico Miguel Ángel Ramirez para o SC Internacional, após 3 temporadas ao serviço dos equatorianos, poderia fazer prever tempos difíceis (consequência inerente à mudança, em muitos casos).
E é neste momento que entra em cena, Renato Paiva. O técnico português de 51 anos, que depois de mais de duas dezenas de temporadas ao serviço do SL Benfica, que culminou com a liderança da equipa B dos encarnados e a potencialização de dezenas de jovens, decide abraçar o projeto do IDV.
E se dúvidas houvesse sobre a continuidade do sucesso da turma equatoriana, essas mesmas devem estar já dissipadas, depois do ainda curto, mas excelente trabalho que o treinador português juntamente com a sua equipa técnica (Luís Martins, Ricardo Dionisio, David Pereira e Ricardo Pereira) tem vindo a desenvolver. Não só pela proposta de jogo atrativa, mas também pela aposta com sucesso em jovens provenientes da formação, como Moisés Ramirez, José Hurtado, William Pacho, Jhoanner Chavez, Bryan Garcia e Pedro Vite aliada a aquisição de resultados competitivos excelentes.
Sendo que basta lembrar que para entrar na fase de grupos da competição mais importante do continente, foi necessário eliminar uma das equipas mais fortes e regulares das últimas edições da Copa Libertadores, o Grémio, onde ainda teve o handicap de não os poder defrontar em sua casa. Já no campeonato a equipa equatoriana também vai mostrando a sua valia, estando atualmente em 5ºlugar (com 1 jogo a menos), a apenas 1 ponto do 3º e a 4 do 1º classificado, com 4 vitórias em 7 partidas já realizadas.
Claro que para este sucesso não só competitivo, mas também da aposta nos jovens talentos, o mister Renato Paiva, conta com apoio de outras atletas também com muita qualidade e grande experiência como Jorge Pinos, Richard Schunke, Beder Caicedo, Cristian Pellerano e Lorenzo Faravelli que suportam e ajudam a promover e potenciar o talento dos “miúdos”.
O podcast gravado com Renato Paiva e que está disponível no nosso site, aborda não só o SL Benfica e seu percurso na instituição, bem como o projeto do IDV e alguns destes jovens talentos, sendo que hoje vamos focar as atenções em 3 deles: Moisés Ramirez, William Pacho e Pedro Vite.
Moisés Ramirez – 20 anos – Guarda-Redes
Aos 20 anos e tendo passado pelos diversos escalões jovens da seleção equatoriana, Moisés Ramirez, formado no Independiente Del Valle, teve ainda uma curta passagem pela Real Sociedad, por empréstimo e onde atuou na equipa B, tendo terminado sem grande sucesso. Ainda assim o GR voltou à sua “casa” e esta temporada tem sido uma das figuras da equipa comandada por Renato Paiva, atuando em 10 partidas entre Campeonato e Libertadores.
Com cerca de 1.85m, o GR não é propriamente alto para a posição, mas compensa com outras características que se revelam fulcrais para a forma de jogar da sua equipa.
Desde logo destaca-se pela sua agilidade e reflexos dentro da baliza, à qual consegue aliar velocidade de deslocamento, concentração e tomada de decisão no momento de sair da mesma e controlar a profundidade, funcionando muitas vezes como um autêntico líbero e eliminando dezenas de potenciais situações de perigo para a sua equipa.
Já no momento ofensivo, desengane-se quem pensa que não faz a diferença. Sendo um elemento bastante requisitado na 1ªfase de construção (na 2ªmão do jogo x Grémio teve mais de 40 ações com bola), funcionando muitas vezes como homem livre para sair da pressão, revela confiança e capacidade para interpretar o contexto do jogo, atrair pressão e alternar entre o passe curto ou um passe mais longo nas costas da pressão adversária.
Mesmo quando erra neste capítulo, é um jogador que não se vai abaixo animicamente e procura jogar exatamente da mesma forma, revelando assim, uma forte personalidade e compostura.
Ainda assim, pode e certamente vai evoluir no seu jogo de pés e tomada de decisão nesse momento específico do jogo, fazendo com que consequentemente aumente a sua consistência técnica e acerto nas decisões. Por fim, outros dos momentos em que o atleta pode melhorar, revela mais lacunas e se torna mais vulnerável é na saída a cruzamentos, sendo muitas vezes ineficaz. Pode e deve melhorar a leitura, posicionamento e acerto nas suas ações nesse momento específico do jogo.
William Pacho – 19 anos – Defesa Central
Apesar de ser ter estreado na equipa principal na temporada passada, onde realizou 9 jogos, é na atual, que o jovem se tem afirmado no centro da defesa do IDV onde só neste início já leva 11 partidas realizadas, sendo totalista da equipa comandada por Renato Paiva.
Canhoto e com uma morfologia impressionante (1.91m), tem o perfil de central pelo qual a Europa desespera.
Bastante rápido o que o beneficia no controlo de profundidade e lhe permite jogar numa linha defensiva alta, alia ainda um excelente índice técnico para a posição, seja no passe, receção e principalmente progressão com bola, onde é capaz de conduzir para fixar pressão adversária e depois libertar no colega solto de marcação e ainda uma boa tomada de decisão neste momento de organização ofensiva, prova disso é a média de 91.9% de acerto no passe, que faz com que juntamente com Schunke assumam a construção desde trás sem qualquer problema.
Altamente competente e forte nos duelos defensivos (média de 75% de duelos ganhos na atual temporada), é no momento defensivo onde o jovem equatoriano, também formado no IDV, revela mais lacunas e maior margem para progredir. Habituado a defender HxH, revela consequentes deficiências no seu posicionamento defensivo, tem esta temporada, uma oportunidade para crescer, desenvolver e dominar sobre a orientação do técnico português, “novos conceitos”, como a defesa a zona, bola coberta/descoberta, fora-de-jogo, e com isto, melhorar não só o seu posicionamento mas também a sua leitura e perceção do jogo nos mais diversos contextos e momentos específicos, que poderão ser determinantes para a sua transferência e explosão em contexto europeu.
De notar que nos últimos 3 jogos, de grau extremamente elevado e contextos de exigência máxima, contra Barcelona SC (Equador) e as duas mãos com o Grémio a contar para a Copa Libertadores o jovem central, foi determinante somando exibições de altíssimo nível.
Pedro Vite – 19 anos – Médio Ofensivo
Apelidado por Renato Paiva, no nosso podcast “Scout Talks”, como um jovem e passo a citar “com coisas de predestinado”, a ascensão de Vite têm surpreendido até os próprios responsáveis do clube e deixado em clima de euforia a nação equatoriana.
Colocado na equipa principal para “fazer a pré-época”, tem sido uma clara aposta (ganha) do técnico português que viu nele o talento necessário e conseguiu criar um contexto coletivo que acaba por fazer sobressair o que de melhor tem o internacional jovem equatoriano.
Esta época soma já 11 partidas entre as duas competições já disputadas pelo IDV, nas quais apontou 3 golos e 2 assistências.
É um médio ofensivo, que procura andar solto pelo campo, criar superioridades para a equipa e apesar do ponto de partida ser geralmente na meia esquerda, oferece uma variabilidade de soluções à equipa gigante, sendo que o podemos observar a receber aberto nos corredores, ou a procurar zonas mais interiores nas costas dos médios adversários e que com uma receção quase sempre bem orientada e de frente para a linha defensiva consegue fazer estragos, como também baixa no terreno para apoiar a equipa na construção, ou até aparecer entre os centrais adversários sejam em apoio ou rotura. Tem chegada a zonas de finalização e qualidade para definir nesse momento.
Destaca-se claramente pela forma como pensa o jogo (tomada de decisão) e antecipa (velocidade de execução), sendo portador de uma criatividade e capacidade técnica (receção, passe e drible), muito acima de média, tornando-o num jogador capaz de resolver problemas nos mais diversos contextos e capaz de desmontar organizações defensivas adversárias. Num futebol atual, cada vez mais equilibrado em questões táticas e físicas, onde maioria das equipas trabalha ao pormenor, só o talento, a criatividade e estas características que Pedro Vite é portador podem muitas vezes ser fator diferenciador num determinado jogo.
É ainda um jogador que revela uma disponibilidade enorme para o jogo, para ter e se assumir com bola, para jogar entre linhas e até para marcar a diferença mesmo sem bola através de movimentações com o intuito de criar vantagens para o seus colegas.
Com apenas 19 anos e com muito por onde crescer, deve procurar aumentar a sua consistência exibicional, estar a um nível muito alto, mais vezes, bem como o seu momento defensivo, onde apesar de ser capaz de gerir o seu espaço defensivo, não tem capacidade para ganhar duelos, ou ser muito intenso e ocupar grandes áreas de pressão devido ao seu défice físico (1.66m), pouca agressividade e potência que apresenta sem bola.
Será, segundo Renato Paiva em conversa no nosso podcast “Scout Talks”, provavelmente, “a maior venda” do Independiente Del Valle.
Notas finais
O Independiente Del Valle, poderá ser visto como um exemplo de gestão para muitos clubes. Altamente profissionalizado e estruturado, com recursos humanos competentes nas mais diversas áreas e com um rumo bem definido para onde caminhar, sempre com a sua identidade, demonstrada em campo, jogo após jogo.
Com a conquista de uma Copa Sul-Americana já no currículo, o IDV procurará certamente o sucesso nacional, com a conquista do campeonato, mas sem nunca desviar o foco do projeto, da aposta no talento e na formação. Dando a estes mesmo jovens, a oportunidade de jogar, errar, crescer, voltar a errar, voltar a crescer, potencializando-os com uma ideia de jogo que promove as melhores características dos seus atletas, e sustentando-a no apoio de atletas mais experientes.
Depois do sucesso nesta fase de acesso à Copa Libertadores frente ao Grémio, onde claramente atraiu para si a atenção até dos mais “distraídos”, com a consequente participação na maior prova/montra do continente sul-americano e face à relação potencial/rendimento que estes jovens que hoje aqui falamos, entre outros, já vão apresentado será complicado para a equipa comandada por Renato Paiva os segurar por muito mais tempo e isso só pode ser um motivo de orgulho e mais um objetivo alcançado: Potenciar talento!
Para todos os clubes, treinadores, jogadores, olheiros, agentes, empresas e media que queiram saber mais sobre os nossos serviços de scouting, não hesitem em contactar-nos através de mensagem privada ou do nosso email geral@proscout.pt.