Jurásek – Solução ou problema?
Após perder o Grimaldo para o Leverkusen, era claro que o Benfica precisava de contratar um lateral esquerdo que pudesse assumir o lugar deixado pelo espanhol. O eleito foi David Jurásek, do Slavia Praga, tendo sido contratado por 14 milhões de euros, valor recorde para um jogador daquela posição na Luz. No entanto, o jogador de 23 anos não cumpriu as expectativas e sem espaço nas escolhas de Roger Schmidt – onde inclusive foi suplente na Taça da Liga contra o AVS em detrimento do Morato, por exemplo -, o checo acabou por ser emprestado ao TSG Hoffenheim da Alemanha em Janeiro.
O lateral esquerdo entrou de imediato nos convocados do treinador Pellegrino Matarazzo, mas somou poucos minutos nas semanas que se seguiram. Apenas se estreou como titular a 16/Março, jogando em todas as jornadas a partir daí, contando 4 jogos a titular e 7 como suplente até ao momento na Bundesliga. Neste artigo analisa-se o seu desempenho na Bundesliga e perspesctiva-se se poderá regressar ao plantel encarnado na próxima época.
Momento defensivo
Jogando habitualmente como ala esquerdo num esquema de 3 centrais, o camisa 19 do Hoffenheim tem responsabilidades e desafios diferentes daqueles que encontrou no Benfica. Ainda assim, está a mostrar as mesmas qualidades e lacunas que evidenciou em Lisboa. Demonstra alguns erros de posicionamento, nomeadamente em perceber quando deve fazer contenção e em fazer a leitura de controlar o espaço ou homem quando o adversário entra em combinação no seu corredor com 2 ou 3 jogadores. Além disso, sendo um jogador com alguma dificuldade nas mudanças de direção rápidas, acaba por ser batido demasiadas vezes contra adversários ágeis e bons no drible. Tenta, e muitas vezes consegue, compensar esses problemas com a sua capacidade atlética, quer no duelo físico quer em recuperar o posicionamento através da sua passada larga que é especialmente útil em longas distâncias.
Momento ofensivo
David Jurásek também não tem conseguido distanciar-se dos problemas técnicos que o prejudicaram em Portugal. Além de falhar algumas execuções que não são aceitáveis para o nível do Benfica, raramente consegue associar-se com qualidade no corredor central. Não o consegue fazer através de progressões com bola como o Grimaldo fazia, por exemplo, e também falha vários passes para o corredor central a partir da esquerda, principalmente quando está sob pressão e tem de executar de primeira. Isto torna-o num jogador unidimensional capaz de participar quase exclusivamente no corredor esquerdo com combinações simples ou progressões com bola. Destaca-se, acima de tudo, pela potência que tem em aparecer “embalado” vindo de trás e posteriormente tentar servir os colegas através de cruzamentos, aspecto onde, habitualmente, consegue ser bastante competente. Essa apetência ofensiva também é útil inclusive quando a jogada se desenvolve no lado direito pois tem capacidade de aparecer como solução no lado contrário.
Conclusão
Se na altura os 14 milhões de euros que o Benfica pagou pelo Jurásek causaram alguma estranheza, hoje será evidente para todos que o valor pago foi excessivo. E tendo em conta as limitações que tem talvez nunca atinja esse valor. No entanto, o seu regresso ao Benfica poderá ser uma realidade, até porque o clube não tem mais ninguém nos quadros com contrato que se perfile como opção para a próxima época.
Ultrapassadas as expectativas que se criaram sobre ele, se Roger Schmidt (ou o seu sucessor) quiser um lateral vertical com capacidade de cruzamento e conseguir corrigir os aspectos tácticos defensivos (já que os técnicos serão incorrigíveis), Jurásek poderá ser uma opção válida no plantel. No entanto, a esta equação junta-se o nome de Álvaro Carreras, lateral que está por empréstimo e que poderá continuar na Luz. Apesar de terem um perfil completamente oposto, seria arriscado para o Benfica começar a época com 2 laterais esquerdos que (ainda) não deram garantias para assumir o lugar de titular. E partindo desse pressuposto, entre Jurásek ou Carreras, apenas deverá haver espaço para um deles.
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