Realizou-se em Brasil, de 26 de outubro a 17 de novembro, o Mundial sub-17 2019, que contou com diversos jovens de diferentes seleções em evidência em solos tupiniquins e demonstrou um nível geral superior ao último torneio disputado em 2017 na Índia que teve a Inglaterra de Phil Foden e Rhian Brewster como campeã.
Abaixo, cinco jogadores que não geraram muitas expectativas antes do início da competição e acabaram por surpreender, transmitindo grandes indicações e deixando boa perspectiva para os próximos anos nos seguintes torneios de categorias inferiores.
Jayden Braaf (Holanda)
O extremo esquerdo de 17 anos que pertence ao Manchester City completou uma campanha brutal com a Holanda dirigida por Peter van der Veen, que alcançou as semifinais do torneio após uma fase de grupos em que demonstrou problemas em seu funcionamento coletivo e mudou peças no onze inicial para finalmente evoluir como um conjunto. Uma destas alterações foi justamente o ingresso de Jayden Braaf entre os titulares no posto do atacante Naoufal Bannis, um dos fatores individuais que influenciou taticamente nos mecanismos ofensivos da Oranje.
Tratando-se de um extremo de muita agressividade, capacidade de drible em condução utilizando seu físico privilegiado para transportar o esférico preferencialmente com o pé direito, Jayden Braaf também marcou diferenças com movimentos sem a bola, realizando desmarques de ruptura repletos de profundidade no último terço do terreno de jogo. Sendo um jogador que arrisca muito com a bola nos pés, um dos problemas e defeitos a corrigir por Braaf em seu desenvolvimento como futebolista é a tomada de decisão, considerando que soma muitas perdas e precipitações.
Colocando isto em estatísticas, Jayden acumulou 48 tentativas de drible em 6 jogos disputados, completando 22 das mesmas (menos que a metade de suas inúmeras tentativas de eliminar rivais através do drible, o que representa que sua produção não foi condizente com a forma como buscou conduções em cenários de ataque posicional).
Ryan Teague (Austrália)
Ryan Teague foi, seguramente, um dos melhores meio-campistas do Mundial sub-17 2019 disputado no Brasil. Com 17 anos, o jogador do Sydney FC destacou-se por sua elegância com a bola nos pés, capacidade associativa para oferecer soluções em espaços reduzidos e iniciativa para participar da construção ofensiva através do passe. No 4-2-3-1 da Austrália, que alcançou as oitavas de final do torneio se classificando como uma das melhores terceiras colocadas, Teague habitual teve utilização em uma dupla de volantes acompanhado por um companheiro de perfil mais defensivo, o que permitiu ao jovem nascido em 2002 liberdade para aparecer no campo de ataque e juntar passes com seus dotes criativos e inteligência para criar linhas de passe imediatamente após soltar a bola.
Sem ir muito longe, Ryan Teague somou média de 61,2 passes por jogo ao longo de quatro partidas realizadas no Mundial sub-17 2019. Com muita capacidade para sair de pressões através de controles orientados, um aspecto fundamental demonstrado em seu futebol é o drible em pequenos espaços para eliminar rivais e gerar desequilíbrios conduzindo o esférico utilizando ambos pés. Já com minutos no futebol profissional da Austrália, o futuro de Ryan é muito promissor. A seguir sua evolução como meio-campista nos próximos dois anos que terão competições como o Asiático sub-19 como classificatório ao Mundial sub-20 de 2021.
Akinkunmi Amoo (Nigéria)
Particularmente, Akinkunmi Amoo foi o jogador que mais me chamou atenção no Mundial sub-17 2019. Por sua capacidade de drible, imaginação para buscar passes diferentes no último terço do campo, polidez e finura nas conduções com seu pé esquerdo… O mais curioso é que, aos 17 anos, o jovem que mede 1,63m não possui agente ou clube com contrato assinado de acordo com os dados do Transfermarkt e ainda pertence a uma academia de jovens na Nigéria. Seguramente conseguirá uma viagem à Europa nos próximos meses depois de destacar-se na competição realizada no Brasil.
Partindo como extremo direito do 4-2-3-1 da Nigéria, Amoo desequilibrou tanto recebendo entre linhas como em uma posição aberta para ativar as diagonais com sua canhota, sempre transportando a bola colada ao pé. Na estreia contra a Hungria de Botond Balogh e Milán Horvath, Akinkunmi revolucionou o duelo saindo do banco de reservas , produzindo através do drible e participando da origem de dois dos quatro gols da vitória por 4-2. Posteriormente, já assumindo a titularidade, Amoo também se tratou do melhor nigeriano na última rodada da fase de grupos contra a Austrália e na eliminação contra a semifinalista Holanda nas oitavas de final do torneio.
Em termos de estatísticas, Akinkunmi Amoo somou, ao longo da prova: 25 dribles completados de 39 tentativas, três assistências e 31 key passes em quatro jogos.
Pablo Moreno (Espanha)
O jogador que pertence a Juventus e já soma presença frequente no time sub-19 que disputa a UEFA Youth League, assumiu a titularidade do ataque da seleção espanhola durante a competição e transmitiu grandes sensações a nível de jogo. Sem ir muito longe, Pablo Moreno exibiu-se contra o Tajiquistão somando muitíssimo em apoio de costas para a baliza rival com muita mobilidade fora da área, tanto para ativar companheiros de cara como para receber entre as linhas, girar e produzir.
Apenas 318 minutos disputados no Mundial sub-17 2019 foram suficientes para confirmar que o jovem com passagens pelas categorias de base do Barcelona trata-se um talento acima da média, com muita perspectiva para o futuro e com capacidades criativas e um jogo associativo muito apurado, demonstrando habilidade e finura técnica com controles orientados para eliminar rivais em espaços reduzidos que estão ao alcance de poucos jogadores com 17 anos no mundo.
Para mostrar como Pablo Moreno é um atacante relacionado ao jogo, o baixinho que lembra muito o argentino Sergio Aguero somou 77 tentativas de passe em menos de quatro jogos completados, números altíssimos para sua posição. Ademais, produziu duas assistências e um gol em suas participações com a Espanha dirigida por David Gordo.
Lorenzo Pirola (Itália)
Por último no artigo descrevendo cinco revelações do Mundial sub-17 2019 realizado em Brasil, temos um perfil de zagueiro que encanta a qualquer observador: um canhoto elegante e técnico tanto com a bola nos pés como defendendo. O jovem que pertence a Inter completou um grande torneio como chefe da defesa italiana ao lado do também esquerdino Christian Dalle Mura, com grandes exibições contra Equador e Brasil nas fases eliminatórias do torneio.
Um dos principais aspectos do jogo de Lorenzo Pirola é sua capacidade para fabricar vantagens com o esférico através do passe e da condução, característica que resultou fundamental para o modelo de jogo da Azzurra no Mundial, considerando que a Itália concentrava jogo associativo e curto pela esquerda com protagonismo para os movimentos entre linhas do talentoso Franco Tongya.
Já defensivamente, Lorenzo Pirola é um zagueiro muitíssimo agressivo que gosta de sair de zona para antecipar em organização defensiva e também após a perda da bola em transição, com muita precisão em suas tentativas de desarme e técnica no roubo para meter a perna e tirar o esférico dos rivais sem cometer infrações. Contra o México, por exemplo, Lorenzo Pirola controlou os apoios do atacante Santiago Muñóz, enquanto contra o Brasil o jovem zagueiro que treina com o grupo principal de Antonio Conte na Inter, destacou-se defendendo recuado em área própria na derrota de sua seleção por 2-0 que sacramentou a eliminação da Itália nas quartas de final da prova.
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