31 dias depois, Portugal está de volta à Ocidental Praia Lusitana com o título na mão. Por mares nunca antes navegados, os 23 imortais partiram à descoberta do ouro e glória. Os nomes nem sempre foram unânimes e geraram algumas discussões mas Fernando Santos, sempre fiel às suas ideias, apostou nos jogadores da sua confiança.
A história de Portugal no Euro 2016 pode ser resumida em várias imagens mas sempre acompanhadas por algumas considerações pessoais.
Nem sempre jogámos bem mas poucas foram as equipas que o conseguiram fazer. Espanha, Alemanha e Itália mostraram qualidade mas sem consistência para alcançarem o Olimpo.
No arranque da competição poucos acreditavam que Portugal teria dificuldades em ultrapassar a Islândia, Áustria e Hungria mas depois das exibições e dos desfechos de cada jogo, ainda menos portugueses ambicionavam o título. Fernando Santos nunca deixou de acreditar e contagiou toda a estrutura com a sua ambição, coragem e ousadia. Prometeu que só voltaria dia 11 de Julho a Portugal e que seria recebido como herói. Cumpriu a sua parte. Um homem de fé que puxou para si as responsabilidades e assumiu o risco com um discurso diferente mas ambicioso e motivador. Poucos treinadores teriam coragem de apontar o caminho da final depois de dois empates na fase de grupos.
A sorte protege os audazes e quis o destino que Portugal fugisse dos favoritos, fruto de um golo tardio dos islandeses que nos atiraram para o 3º lugar do Grupo F e para a quadra teoricamente mais acessível. Em circunstâncias normais teríamos regressado a casa mais cedo do que o previsto mas beneficiámos do alargamento a 24 equipas e seguimos em frente.
Depois de três empates em outros tantos jogos, Fernando Santos mexeu na equipa e lançou Adrien no meio-campo titular a partir dos oitavos de final, juntando-se aos seus companheiros de equipa, William Carvalho e João Mário. Renato Sanches juntou-se aos médios do Sporting a partir dos quartos de final e a selecção ganhou dinâmica, intensidade e irreverência, resultando num aumento significativo da qualidade de jogo.
A Croácia dos magos Modric e Rakitic foi à Vida nos oitavos de final depois de um golo de Quaresma aos 117 minutos quando já tudo apontava para o desempate de grandes penalidades. Os penalties estavam destinados e na ronda seguinte, eliminámos a Polónia de Lewandowski, num jogo onde Renato, Rui Patrício e Quaresma brilharam.
A selecção transpirava motivação e confiança com Fernando Santos a acreditar cada vez mais que o título era possível. Um cenário tão real que o insustentável ser e criador deste sonho levitava a cada jogo que passava.
Depois de eliminar o colega Modric, quis o sorteio que o nosso capitão eliminasse o seu outro companheiro de ataque no Real Madrid, Bale, no melhor jogo que Portugal fez durante toda a competição. Ronaldo marcou um golo e assistiu para outro na vitória por 2-0 que colocou Portugal na grande decisão.
Do outro lado do sorteio aparecia a França de Pogba, Payet e Griezmann, anfitriã da prova e uma das favoritas à vitória. 209 anos depois, foi a vez de Portugal invadir Paris com o desfecho a ser o mesmo das tentativas de assalto francês entre 1807 e 1810. A lesão precoce de Ronaldo fez com que ficássemos com dois comandantes no banco, capazes de motivarem e levarem a equipa a bom porto.
Num jogo equilibrado, Portugal e França optaram por jogar na expectativa e explorar os erros adversários, um padrão que seguiram durante as restantes partidas. O ADN de duas selecções que preferem as transições rápidas aos ataques organizados. Foi precisamente num desequilíbrio defensivo, que Portugal chegou ao golo da vitória aos 109 minutos quando já todos se arrastavam para a lotaria das penalidades. Éder, Ronaldo e Fernando Santos, uma Santíssima Trindade que acreditou que a chave do jogo estaria na substituição feita aos 79 minutos com a saída do ‘puto’ Renato e a entrada do ‘patinho feio’ Éder. Muitos questionaram a sua convocatória mesmo quando mostrou na fase final da época no Lille que merecia um lugar. O avançado não desiludiu e a partir de ontem atingiu o estatuto de herói nacional depois do remate fora de área que só parou dentro da baliza de Hugo Lloris. Éder entrou para fixar os centrais franceses e pressionar a saída de bola numa altura em que Koscielny e Umtiti jogavam à vontade no nosso meio campo defensivo.
Estivemos perto em algumas ocasiões de alcançar o Olimpo do futebol. Foi assim com os Magriços em 1966, os Patrícios em 1984, a Geração de Ouro de 2000 e 2004. Um filme que se repetiu em 2006 e 2012. Faltava o “quase” mas quando Deus quer, Fernando Santos sonha, o título nasce. A vida é feita de obstáculos e adversidades mas cada um de nós tem um propósito e o de Fernando Santos foi a conquista do Europeu. O ‘Engenheiro do Primeiro’ voltou ao Stade de France e desta vez foi feliz, num estádio onde se estreou no comando técnico da selecção com uma derrota por 2-1 frente à França a 11 de Outubro de 2014. O destino encarrega-se de nos trazer de volta aquilo que procuramos e merecemos. O espírito dos emigrantes encarnou na equipa técnica e jogadores durante um mês. Um percurso de sacrifício mas, também, de muita glória a fazer lembrar todos aqueles que partiram de Portugal para encontrarem melhores condições de vida. Os mesmos emigrantes que caminharam junto da selecção desde o primeiro dia com um apoio incansável de Marcoussis aos estádios, de Portugal a Timor, de África ao Brasil e pelo resto do Mundo numa energia contagiante.
O sonho comanda a vida e esse não termina hoje! Temos uma Taça das Confederações para disputar em 2017 e um Mundial em 2018 que pode representar a última grande prova de Ronaldo ao serviço de Portugal.
O futebol, ópio do povo, moveu milhões a uma só voz e os portugueses saíram às ruas nos quatro cantos do Mundo para festejar este feito histórico com muito desportivismo e fair-play à mistura.
Portugal, je t’aime!
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