Menu Close

Nico González: De La Masia para a Cidade Invicta

Desde de Janeiro de 2022 até agora, a zona média do FC Porto perdeu a maioria dos seus elementos – Luís Diaz no mercado de Inverno de 21/22, Vitinha no último Verão e Uribe no final de Junho passado. Apenas Otávio resiste desse quarteto de meio-campo, até à data. Se para a saída Diaz foi contratado um substituto quase de imediato – Wenderson Galeno -, os internacionais português e colombiano ainda carecem de sucessores de calibre semelhante. No caso de Vitinha, já se passou uma temporada e a falta de alternativa à altura fez-se sentir – seria difícil que não acontecesse, por alguma razão foi transferido para o PSG -, principalmente, contra blocos mais baixos e quando era necessária maior qualidade na posse para desmontar a defesa adversária. A ida de Matheus para o Al-Sadd SC é mais recente, não permitindo ainda que se afira na prática o impacto desta transferência, mas, conhecendo a sua importância na manobra portista, restam poucas dúvidas de que será uma ausência notada.

Atualmente, para as 2 posições de meio-campo os dragões contam com Marko Grujic e Stephen Eustáquio – como opções mais rotinadas -, com os jovens Bernardo Folha e Vasco Sousa – que vão alternando entre equipa A e equipa B -, e com Romário Baró – de regresso após 1 época por empréstimo no Casa Pia AC. Existe sempre a possibilidade de colocar Otávio ou até André Franco na dupla de médios, mas prevê-se que sejam situações de recurso e não o Plano A.

Devido a esta situação têm sido associados aos azuis e brancos vários jogadores para essa zona, com mais incidência para Guga Rodrigues (Rio Ave FC), Nico González (FC Barcelona) e Alan Varela (CA Boca Juniors). Perspetiva-se que seja contratado um atleta que possa desempenhar funções próximas às assumidas por Vitinha – Eustáquio deu uma bela resposta na temporada passada, mas não é o mesmo estilo de jogador – e não está descartada a possibilidade de chegar um reforço para a posição 6, apesar do rendimento exibido por Grujic. Nesta análise vamos debruçar-nos sobre a opção Nico González, identificando os principais pontes fortes, aspetos a melhorar e tentando projetar o possível impacto da sua chegada. Vamos a isso!

Perfil do Jogador

Com a formação feita integralmente no Barcelona, era difícil que fugisse muito às caraterísticas que associámos aos médios culés. Pode atuar nas 3 posições centrais da zona média, mas sente-se mais confortável como 6 ou 8. Forte tecnicamente, sempre de cabeça levantada, boa noção dos ritmos de jogo e dos posicionamentos a adotar, o jovem espanhol teve bastante utilização nas duas últimas temporadas. Em 21/22 ao serviço do Barça – numa época atípica para os catalães – e em 22/23 representando o Valencia CF por empréstimo, na primeira estadia fora do clube de formação do médio de 21 anos. Tem contrato até 2026, uma cláusula de 1 000M € e é agenciado por Pere Guardiola –  irmão de Pep Guardiola, isso mesmo.

Referir que foram analisados jogos das 2 épocas anteriores, por serem aquelas em que atuou em LaLiga e por ter estado em 2 contextos diferentes – um Barcelona que normalmente domina o jogo e um Valencia que lutou pela manutenção -, de forma a tentar projetar com maior precisão o que pode acrescentar na Invicta.

Momento Ofensivo

No Valencia atuou quase exclusivamente no duplo pivot do meio campo a 3. Era responsável pelo início de construção, tarefa adequada às suas caraterísticas e na qual consegue dar bom contributo. Joga muitas vezes a 2/3 toques, sendo que usa a qualidade na receção orientada para temporizar o jogo – orienta bem o corpo para conseguir proteger a bola e ao mesmo tempo ficar com campo aberto, fazendo-o não raras vezes com o pé esquerdo para depois dar seguimento com o pé direito (Pé Preferencial). A sua técnica bastante refinada permite que chame à atenção com lances em que recebe de costas, consegue rodar sobre o adversário e seguir em condução ou usando o drible em espaços curtos para serpentear por entre os oponentes. Além do bom toque de bola, tem uma agilidade razoável para a sua estrutura física, o que contribuí para as ações referidas anteriormente.

Depois das suas principais caraterísticas, referir alguns aspetos em que precisa de crescer. Necessita de aumentar a agressividade com bola, tanto através de conduções como de maior risco no passe – tem capacidade nos 2 capítulos, pelo que devia explorar essas situações com maior frequência. No Valencia, não era muito usual vê-lo perto de zonas de finalização, algo em que tem sido importante no modelo portista e que, por isso, devia acrescentar ao seu jogo – é possível que a mudança de um meio-campo a 3 para um a 2 ajude a alterar essas dinâmicas. A aproximação à área poderia ter um impacto positivo no seu número de remates.

Principais Ações Ofensivas nos Últimos 6 Jogos – Camisola 17.

Momento Defensivo

Se quando a equipa tem bola se posiciona bem para dar soluções aos seus companheiros, quando está a defender a sua baliza sabe que zonas pisar com o objetivo de dificultar as linhas de passe adversárias e intercetar a bola. O movimento de rodar o pescoço para mapear todo o campo e reconhecer o que se passa ao seu redor é transversal a todos os momentos do seu jogo. A combinação do conhecimento tático, entendimento do jogo e inteligência de movimentos conduzem a um número interessante de interceções e bloqueios de remates. Apresenta boa eficácia nos duelos aéreos, muito fruto do seu 1,88m.

Tal como nas suas mais-valias, nos aspetos a melhorar existem pontos de contacto entre as fases ofensiva e defensiva. A principal ligação prende-se com os baixos índices de agressividade – que resultam num baixo número de recuperações através do desarme e baixa percentagem de duelos ganhos. Essa lacuna reflete-se também nos momentos de pressão, uma vez que chega várias vezes tarde na pressão ou chega de forma desenfreada e é driblado com relativa facilidade.

Principais Ações Defensivas nos Últimos 3 Jogos – Camisola 17.

Análise Estatística

Como complemento à análise de vídeo, avaliamos alguns dados estatísticos da sua última época. Podem ver as principais métricas consideradas no Radar abaixo. Deixo apenas alguns apontamentos que podem ser úteis na interpretação dos dados: à exceção da percentagem de duelos defensivos ganhos, apresenta percentis altos nas métricas que traduzem a eficácia das ações; o mesmo não se pode dizer das métricas de volume, em que, possivelmente, devido ao contexto no qual esteve inserido não tem tão boas classificações.

Notas Finais

O espanhol de 21 anos tem qualidades interessantes e que vão ao encontro daquilo que o clube precisa – capacidade com bola e para jogar numa dinâmica 6/8. Por outro lado, os moldes noticiados acerca do negócio levantam algumas questões: é um jogador com capacidade para acrescentar, mas devido aos aspetos que precisa de melhorar – por exemplo, capacidade de pressão, que é dos mais valorizados por Sérgio Conceição – irá necessitar de algum tempo, pelo que um empréstimo de um ano sem perspetivas de continuidade não fará grande sentido.

Se por um lado, devido à falta de liquidez financeira, se percebe a opção por um empréstimo para tentar acrescentar qualidade sem grande custo imediato, por outro, um clube como FC Porto deve partir para este tipo de negócio caso seja viável uma permanência futuro ou então para trazer um jogador “feito”. Existindo a possibilidade de incluir uma opção de compra viável – e até outras variáveis, como no negócio de Casemiro -, Nico tem condições para ser um bom reforço!



Para todos os clubes, treinadores, jogadores, olheiros, agentes, empresas e media que queiram saber mais sobre os nossos serviços de scouting, não hesitem em contactar-nos através de mensagem privada ou do nosso email geral@proscout.pt.



Related Posts