O Nápoles de Maurizio Sarri apresenta um dos projetos de jogo mais interessantes no atual panorama do futebol europeu.
Os “partenopei” medem forças com o Benfica esta quarta-feira, em encontro relativo à segunda jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões 2016/17. Depois da vitória em Kiev por duas bolas a uma, a equipa italiana que habitualmente alinha num 1x4x3x3 quer voltar a impor-se através de uma ideia de jogo marcadamente vertical que, no entanto, não faz com que a equipa perca o norte em termos defensivos. Sarri, ex-bancário que chegou ao Nápoles proveniente do Empoli, já obrigou Diego Armando Maradona a retratar-se das críticas que teceu aquando da sua contratação, situação que constitui um ótimo cartão de visita para verificar o trabalho que tem vindo a desenvolver.
Saída com bola
Koulibaly e Albiol constituem a dupla habitualmente titular no eixo defensivo do Nápoles. Recorrendo ao exemplo de construção infra -, Koulibaly procura tabelar com o médio Jorginho – sem grande risco, num movimento simples -, promovendo a movimentação do adversário, permitindo a subida da linha defensiva e proporcionando a projeção dos laterais no terreno. Jorginho é um elemento fulcral no meio-campo a três da equipa do Nápoles, atuando juntamente com Allan e Hamsik. O internacional italiano é, do trio considerado, o jogador mais rigoroso em termos tácticos, demonstrando que sabe perfeitamente quais os espaços que tem que ocupar nos diferentes momentos de jogo. Allan é igualmente importante a ligar jogo, complementa o trabalho de Jorginho e permite que Hamsik, um verdadeiro “10”, goze de maior liberdade.
No segundo exemplo, Koulibaly também progride com a bola controlada. Embora disponha de pelo menos uma solução para lateralizar o jogo, opta por continuar em posse, abdica de jogar com o apoio frontal do médio – elemento que se movimentou para arrastar a marcação – e consegue ligar jogo diretamente com Mertens. O belga recebe em zona interior, orienta para a direita e já tem a solicitação de um colega.
Terceiro e último exemplo, novamente com Koulibaly e Jorginho como protagonistas. Numa tabela aparentemente inofensiva, o médio arrastou a marcação de dois adversários e abriu uma linha de passe para Marek Hamsik que permitiu “queimar” alguns metros. Inteligência.
Na hora de sair a jogar, vários fatores são tidos em conta – bola, soluções de passe, espaço – e, logicamente, há que adequar a decisão tendo esses aspetos em consideração. O Nápoles é uma equipa que canaliza muito jogo pelas alas, beneficiando da constante projeção dos laterais.
Face ao envolvimento dos laterais – Ghoulam e Hysaj foram titulares frente ao AC Milan, no caso – o respeito pelas coberturas é essencial. Assim, face à subida de Ghoulam, Mertens desce e fica nas costas do companheiro que se prepara para atacar o espaço nas costas do adversário. Noutro momento, com Ghoulam a ocupar o espaço que é de Mertens “no papel”, o internacional belga surge em terreno interior, zona em que é perigoso pela capacidade de remate de meia distância que patenteia – “win-win situation”.
No último terço do terreno, o Nápoles explora bem em profundidade – Callejón contribui muito a esse nível – e dá azo à criatividade dos elementos que alinham na frente de ataque. Dries Mertens tem sido mais utilizado que Lorenzo Insigne pela ala, mas o internacional italiano também é um jogador de reconhecida valia – centro de gravidade baixo, imprevisível na movimentação e com boa capacidade de drible.
Defesa alta
A defesa alta é um aspeto inegociável no plano de jogo proposto por Maurizio Sarri. Caraterística de grandes equipas – pegando em casos concreto, remete-nos de imediato para as equipas treinadas por Pep Guardiola – a defesa alta é exigente para os elementos que a compõem, nomeadamente no posicionamento, na forma como se utiliza a armadilha do fora-de-jogo, na velocidade a recuperar, no ataque à bola. No entanto, o Nápoles é uma equipa bem trabalhada a este nível, forte a responder a situações de pressão por meio de mecanismos coletivos. A facilidade com que resolve este tipo de situações faz com que a equipa do San Paolo apresente excelentes argumentos na transição defesa-ataque, potenciando a velocidade dos elementos que compõem a sua linha avançada.
O Nápoles é uma equipa que apresenta grande preocupação no sentido de controlar o espaço entre os setores.
Só a força de um coletivo como este Nápoles poderia criar dificuldades à Juventus na última época, obrigando a “Vecchia Signora” a lutar até ao último suspiro. A Liga dos Campeões é o contexto ideal para continuar a demonstrar o porquê de estarmos perante uma das equipas mais interessantes que o Calcio conheceu nos últimos anos.
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