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A Metódica Defesa à Zona

Defender bem para atacar bem é um lema que o Corinthians carrega desde o final da última década e dentro disso destacam-se três treinadores: Mano Menezes, Adenor ‘’Tite’’ Bachi e Fábio Carille. O Corinthians destes três treinadores compartilham entre si uma metódica defesa à zona com princípios bem definidos estrategicamente e pautados, acima de tudo, pelo rigor das suas linhas. Durante este processo não bastou apenas aos treinadores implementarem as suas filosofias, mas também a compreensão por parte dos que os rodeiam e aceitam esta personalidade corinthiana, construindo ao longo dos anos um plantel com jogadores do mesmo perfil.

Fábio Carille assume que o 4-1-4-1 é o seu sistema tático favorito por ver nesta estrutura um equilíbrio funcional a ver com as suas ideias moldadas ao longo do tempo – sendo bastante influenciadas por Mano Menezes, mas sobretudo Tite, que em 2015 implementou este esquema no Corinthians (do qual Carille era adjunto). Por vezes remonta ao 4-4-2 quando sente a necessidade de tirar proveito de ter dois avançados, mas a importância de jogar com um ‘’volante’’ atrás da linha média é peça chave no funcionamento de muitas dinâmicas.

Geralmente os adversários revelam grandes dificuldades em jogar dentro do bloco do Timão e isso está diretamente relacionado à forma como a equipa assimila a rigidez (no sentido de comprometimento) do modelo de Carille. A sua organização defensiva assenta sobre exercer uma pressão constante ao portador da bola com o objetivo de retirar tempo e espaço a quem a tem, estando o jogador que sai em contenção a beneficiar de várias coberturas dos companheiros, que anulam opções de passe próximas ou um possível drible.

O conceito da linha sustentada e a importância do ”volante” no reajustar das linhas.

Dentro disto, o tal volante brasileiro comporta-se como um farol de segurança que executa coberturas e compensações à equipa, fazendo funcionar um dos pontos mais importantes da defesa à área do Corinthians, o conceito da linha sustentada. Isto é, aguentar a linha (propriamente dita) o maior tempo possível sem que esta se desfaça e, quando o contrário sucede por um motivo ou outro devido à fluidez do jogo, ter um jogador que reajuste a linha e volte a posicionar os 4 jogadores da defesa ou do meio-campo. Ainda que seja um jogador que se destaque pelo momento defensivo e apresente grandes debilidades com posse, Ralf é um jogador que interpreta estupendamente bem esta função, reunindo ainda as condições físicas de um típico defesa central.

O trabalho defensivo dos extremos é fundamental para a linha sustentada funcionar, pois ao acompanharem até ao fim as subidas dos laterais adversários permitem que os 4 defesas agrupem por dentro e diminuam as chances de infiltrações. Quando a intenção é estacionar o bloco próximo das redes de Cássio, os extremos chegam a ter momentos em que formam uma linha de 5, contendo a largura do oponente. Cássio, o eterno gigante dos mosqueteiros, torna a sua baliza menor, não só pela altura, mas pela destreza nas reações onde por vezes pode parecer intransponível como uma autêntica última barreira. Não tem um domínio amplo da sua área e muito menos fora dela, ao que terá de expor mais as suas fragilidades face à equipa tendo vindo a consolidar os momentos de pressing alto, jogando a última linha uns metros acima da área.

Ao longo da temporada o Corinthians foi ganhando capacidade de adiantar o seu bloco e defender mais alto no terreno, em que jogadores como Vágner Love e, principalmente, Júnior Urso se destacam por liderar os momentos de subida de pressão. Os jogadores manifestam agora alguma maturidade para entenderem os indicadores de pressão e o acrescento de qualidade individual na última linha com o regresso de Gil veio acomodar ainda mais os rapazes de Carille para realizarem este tipo de tarefas. A pressão é orientada ao portador da bola fazendo acontecer um encaixe natural que sufoca a equipa contrária, que gera perdas proibidas e oferece contra-ataques aos mosqueteiros.

Subida de Pressão do Corinthians orientada ao portador da bola.

Ataques em Avalanche

Se há pouco falávamos das dificuldades dos adversários em conseguirem jogar dentro do bloco do Corinthians, o próprio Corinthians demonstra os mesmos problemas em conseguir fazê-lo contra outras equipas, tornando-se previsível em ataque posicional e remontando viciadamente aos triângulos exteriores ou ao jogo direto. Fazem uma saída em U (pouco peso do 6 nos primeiros passes) esperando atrair marcações para depois tentarem ligar jogo através de um passe longo à procura do pivô do seu 9 ou um movimento de ataque à profundidade de algum outro avançado. As jogadas pelo chão desenrolam-se especialmente pelo lado direito, onde habitam as associações de Fagner, Pedrinho e um ou dois apoios que descaem naquela zona como Love/Boselli, Urso ou Sornoza. Naturalmente, não passam muito tempo a completar todas as ”casinhas” na sua organização ofensiva, optando por acelerar o jogo a partir da 2ª fase.

Triângulo no lado esquerdo entre lateral, extremo e interior esquerdo. Do ladro contrário o extremo não oferece largura total, aproximando-se mais do centro do jogo. Lateral direito (não visível na imagem) permanece perto dos centrais como figura de equilíbrio e poderá aparecer na frente caso seja acionado, mas partindo desde trás, nunca esperando na posição até a bola lhe chegar.

Culturalmente, os clubes brasileiros não são muito dados ao jogo posicional mais fixo ou até mesmo a distribuir peças ao longo do campo no momento inicial da sua organização ofensiva, não cumprindo com as premissas de largura no último terço, por exemplo. Neste sentido, apesar da configuração do 4-3-3 do Corinthians ser relativamente fixa no momento inicial, preferem atacar vindos de trás como uma avalanche, guiados essencialmente por movimentos de muita liberdade, trocas posicionais e alguma rebeldia sul americana.

As bolas paradas ofensivas são uma das armas mais perigosas do Corinthians. Carille dá especial ênfase a este momento e as diversas estratégias para atacar os cantos e os livres laterais contam com um belíssimo cobrador equatoriano, Junior Sornoza, e o jogo aéreo de Gil, Manoel, Danilo Avelar, Ralf, Boselli ou o especialista em cabeceamentos, Gustagol.

Pontapé de canto ofensivo – Corinthians vs São Paulo FC


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