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Eduardo Coudet, “Chacho”, como é conhecido entre os hermanos, é um dos nomes que fazem parte dessa nova geração de treinadores argentinos, junto de nomes como Marcelo Gallardo, do River, o elogiadíssimo Gabriel Heinze, do Vélez Sarsfield ou Matías Almeyda, hoje na MLS. Ex-jogadores de seleção, que praticam um futebol ofensivo, intenso e vertical, com métodos de treinamento modernos e com apreço pelo trabalho com categorias de base.

Contexto

Como jogador, Coudet foi um bom meio-campista, que fez história com duas camisas importantes do futebol argentino: do Rosario Central e do River Plate. No auriazul logo se tornou ídolo, por suas boas atuações e por declarações inflamadas na imprensa. No River, foi titular e peça importante em uma das eras mais vencedores do River Plate nacionalmente, com um título do Torneo Apertura e quatro do Clausura. Nos torneios continentais, entretanto, teve menos sorte, com eliminações sofridas.

O ex-jogador recebeu a primeira oportunidade em 2015, no comando do clube que o consagrou, o Rosario Central: “Chacho” pegou uma equipe que havia ficado em 15º lugar do Campeonato Argentino, em 2014, e a levou para uma inesperada terceira colocação.

Na Libertadores do ano seguinte, o Rosario se classificou no grupo do Palmeiras e Coudet teve sua “vingança” contra o Grêmio, eliminando a equipe então treinada por Roger Machado nas oitavas, acabando por cair nas quartas-de-final da competição para o Atlético Nacional, eventual campeão do torneio.

Resultados ruins apareceram, e o ídolo acabou deixando o Central em 2017. Depois de uma passagem apagada no Tijuana, do México, Coudet assumiu o Racing no meio da temporada 2017/18 da Superliga. Foi lá que ele se consagrou de vez como técnico, conquistando o Campeonato Nacional por La Academia, saindo de uma fila que já durava cinco anos.

Perfil Tático

Eduardo “Chacho” Coudet é um treinador muito seguro de suas convicções e que busca criar meios para montar elencos que lhe permitam jogar ao seu estilo. Mas o que seria o estilo Coudet?

– Pressing como principal ação defensiva;

– Intensidade;

– Velocidade de ações;

“Chacho” é um treinador que gosta de jogar de maneira ofensiva e agressiva, prezando pela posse de bola, mas principalmente pela pressão alta feita com efetividade e com uma equipe que recupere a bola com rapidez após cada perda em campo ofensivo.

O grande diferencial de suas equipes é a utilização de amplitude e principalmente a ocupação de espaços na defesa adversária. Isso pode demonstrar que o time está espaçado, mas é uma característica utilizada para abrir a defesa adversária e utilizar infiltrações dos meias que atuam bastante no entre linhas de sua formação mais utilizada, o 4-1-3-2, desde que estes possuam qualidade de infiltração, intensidade e relativa qualidade no passe.

Momento Ofensivo  

Saída de bola: as equipes treinadas por Eduardo Coudet trabalham suas saídas pelo chão, com passes curtos, muita movimentação e tendo a progressão para o campo de ataque como ponto forte. Suas equipes têm uma boa variedade de mecanismos, sabendo trabalhar as saídas a 3 de duas formas diferentes:

A primeira delas é a mais comum, com o primeiro volante recuando entre os zagueiros, fazendo com que estes abram o campo, conduzam e busquem passes de maior profundidade, atravessando linhas de marcação, se transformando em construtores de jogo, desde a linha defensiva.

Saída a 3, é a principal saída de bola da equipe (Edição: Luiz Martins / Fonte: Instat)

 
Outra variação, que Chacho tem utilizado, é “esconder” o seu zagueiro menos capacitado enquanto passador no centro do campo, abrir outro zagueiro por um dos flancos e recuar seu primeiro volante para trabalhar no lado contrário, formando uma dupla com o lateral do setor e obtendo superioridade numérica.

Coudet tem utilizado Victor Cuesta e Bruno Fuchs, por possuírem ótima capacidade de construção, tendo Damian Musto como volante que recua, dando suporte defensivo à saída dos centrais, na tentativa de garantir maior proteção à defesa. Assim Musto é confundido muitas vezes como um terceiro zagueiro, porque até este momento, em início de temporada, a equipe passa a maior parte do tempo em momento ofensivo, sofrendo poucos riscos, porque enfrentou muitas equipes que utilizam modelos mais reativos e defensivos nestes primeiros jogos do ano.

Coudet é muito confiante do seu estilo de jogo e para o melhor encaixe possível dentro das suas ideias, sempre busca trabalhar a equipe no 4-1-3-2. Sendo assim, na hora de atacar e se organizar ofensivamente, suas equipes tem o primeiro volante como peça responsável por direcionar e reorganizar o ataque, após cada espaço bloqueado. Os laterais sobem sempre buscando amplitude e atacando o corredor com os meias caindo por dentro, mas auxiliando bastante os jogadores de corredor e também o meia central que é peça fundamental neste modelo, por ser o jogador que deve progredir o time à frente.

No Inter, como ainda é início de temporada e a equipe utilizava uma maneira mais reativa de jogo, por mais de dois anos, o técnico tem apostado em Rodrigo Lindoso. O jogador em 2019 era escalado como primeiro volante em uma plataforma 4-1-4-1, sendo responsável pela iniciação de jogo e cobertura a segunda linha de quatro, portanto tendo em 2020, uma função mais defensiva nas ideias de Coudet, que dá mais liberdade aos laterais em buscarem o campo ofensivo e para que a equipe possa utilizar Andrés D´alessandro como um jogador de liberdade posicional, sendo importante na construção de jogo desde a base da jogada.

D´alessandro atua como homem-livre, descendo a base pra construir (Edição: Luiz Martins / Fonte: Instat)

Em outras equipes treinadas, Coudet utilizava sua dupla de ataque da seguinte forma. O segundo atacante caindo nas costas dos volantes rivais e buscando trabalhar no entre linhas, enquanto o jogador mais avançado ficava responsável por deixar apoios, fazer o jogo de pivô e buscar os desmarques.

Como explicado anteriormente, por jogar inicialmente com D´alessandro na posição de segundo atacante, a mecânica do ataque se modificou, tendo os dois homens de frente a característica de apenas fecharem linhas de passe e realizarem pressão no portador da bola apenas quando a ação se encontra próximo à linha central do campo.

O técnico também utiliza em algumas situações o jogo direto, aproveitando bem a qualidade de seus zagueiros, acionando os atacantes próximo à área, em momentos que o adversário dificulta as saídas curtas.

Coudet conta com poucos elementos posicionais em seu jogo, normalmente se organizando através da bola e oferecendo muita liberdade de movimentação para seus atletas. A pressão alta é vital para o sucesso de suas equipes. Sendo assim, ele costuma deixar os dois atacantes mais livres desse trabalho mais pesado, os colocando como vigias do primeiro volante rival e por outro lado exige muito dos seus 3 meio-campistas, que precisam subir, bloquear os espaços e cortar linhas de passe.

Momento Defensivo

Suas equipes alternam entre dois “estilos” centrais na hora de se defender, atuando sempre em 4-1-3-2, no momento defensivo. Quando a ideia é jogar com um ritmo mais acelerado, é essencial ter uma boa pressão pós-perda, limitando imediatamente as ações rivais quando recuperam a bola e evitando que a transição defensiva seja lenta e acabe sendo explorada. Já quando a ideia é controlar mais o jogo, as equipes de Coudet sabem utilizar a posse de bola como argumento defensivo e com isso acabam tirando a fluidez dos atacantes rivais.

Equipe marca utilizando o 4-1-3-2 (Edição: Luiz Martins / Fonte: Instat)

Na equipe do Internacional, por dar maior liberdade aos laterais participarem do momento ofensivo e a equipe ainda estar iniciando uma transição de ideias de jogo, seguidas vezes ocorrem erros no momento de pressão, aparecendo espaços, principalmente as costas dos homens de corredor e falhas de cobertura do volante e do meia central, quando se posiciona recuado. Este erro de início tem sido explorado pelos adversários, mas a equipe tem conseguido sofrer pouco na questão defensiva, mesmo com falhas em seu sistema de marcação.

Outro ponto observado é que Coudet gosta de uma abordagem mais agressiva dos seus zagueiros e meia defensivo, que utilizam bastante as perseguições mais longas, sendo comum vermos defensores de suas equipes acompanharem o atacante até à zona central do campo.

Bolas Paradas

A bola parada ofensiva tem papel importante na construção ofensiva das equipes treinadas por Eduardo Coudet. O treinador, que gosta de contar com zagueiros altos e com bom cabeceio, se utiliza de referências individuais e explora muito os desvios no primeiro pau. Coudet costuma trabalhar cobranças fechadas, buscando um desvio para o centro da área. Já sua bola parada defensiva é quase sempre no mesmo formato: marcação individual nos dois principais cabeceadores rivais e o resto pega a sua zona.

Nota: artigo escrito em Português do Brasil



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