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Depois da conquista da Série B do campeonato brasileiro em 2019 com uma campanha incorrigível, o RB Bragantino prepara-se para uma mudança definitiva de patamar. A chegada de nomes jovens e desejados pelo mercado nacional e até internacional, como Artur Victor, vindo do Palmeiras por 5,5 milhões de euros, só apresentam uma das facetas das transformações que a equipa do interior paulista vem passando. Outras dessas alterações estão presentes dentro do campo, principalmente após a contratação de Felipe Conceição para o cargo. O jovem treinador, mesmo assumindo o comando técnico da equipe no decorrer do campeonato paulista, conseguiu implementar alguns aspectos diferentes e novos no Braga, sempre respeitando o jogo vertical e intenso do qual os times da Red Bull ficaram reconhecidos ao redor do mundo. 

Felipe Conceição assumiu o Bragantino quando a equipe ainda não havia pontuado no campeonato paulista. Desde então, foram 5 vitórias, 2 derrotas e 1 empate, anotando 13 gols e sofrendo 6. 

Com alguma dificuldade nas primeiras jornadas devido à grande sequência de jogos, Conceição adaptou os comportamentos pré-estabelecidos por trabalhos anteriores (4-2-3-1 como sistema-base, ritmo alto, zonas pressionantes em corredores exteriores e pressão alta na saída de bola rival, por exemplo) ao seu modelo de jogo, resultando em algumas mudanças táticas que serão explicadas a seguir: 

Estruturando-se normalmente em um 4-3-3, o RB Bragantino costuma partir com o 11 inicial abaixo, tendo a entrada de jogadores como Uillian Correia (médio defensivo), Claudinho (extremo/médio ofensivo) e Thonny Anderson (médio ofensivo) como principais variações no decorrer dos jogos. 

Organização Defensiva 

No momento defensivo o RB Bragantino costuma postar-se em um 4-1-4-1 em bloco médio/alto tendo como principal referência de posicionamento a movimentação da bola. Por ser começo de temporada no Brasil e Conceição ter assumido já na 2ª rodada do campeonato paulista, os mecanismos de pressing ainda estavam sendo ajustados, tendo muitos resquícios das pressões orientadas em 4-4-2 do início de trabalho do novo treinador. 

Impedir a Construção 

O momento de pressão alta tem como objetivo principal dificultar a progressão adversária por zonas interiores. Quando um dos zagueiros recebe o esférico, Ytalo já se projeta de modo a impedir uma progressão frontal e forçar um passe lateral, dessa forma o interior do lado oposto salta em pressão sobre o outro zagueiro, enquanto Barreto e o outro meia cobrem os espaços por dentro. Além disso, os extremas vigiam individualmente os laterais, dessa maneira restam poucas opções aos centrais rivais, recorrendo a bolas longas na tentativa de quebrar a pressão. 

Como foi supracitado, esses movimentos ainda estavam em processo de evolução, então ainda haviam situações onde a pressão alta resultava em espaços entrelinhas com Barreto tendo dificuldades em manter sólida a proteção nas costas de Vitinho e Matheus Jesus. 

Impedir a Criação 

Quando este primeiro momento de pressing falhava, o RB Bragantino recolhia seus jogadores em bloco médio compacto, com boa ocupação racional dos espaços, orientação de pressões aos lados do campo e coberturas das costas do companheiro em um contexto zonal. Inicialmente houve alguma dificuldade em controlar a profundidade defensiva, principalmente pelo fato dos médios interiores não serem tão incisivos em pressionar o portador da bola. Esta situação foi bem trabalhada por Conceição, pois o conjunto evoluiu consideravelmente neste critério com o decorrer dos jogos. Entretanto, ambos laterais continuaram demonstrando alguma dificuldade na marcação, tanto em leituras defensivas quanto no 1×1, mesmo com os extremas recuando de modo que a linha defensiva permanecesse sustentada a maior parte do tempo. 

Transição Ofensiva 

Ao retomar a posse, tendo jogadores como Barreto e Vitinho com muita técnica no passe para lançar transições, a tentativa é verticalizar ao máximo para encontrar os atacantes em situações de 1×1 ou até mesmo livres. A mobilidade e as trocas de posições surgem de modo natural entre os jogadores para a criação de linhas de passe. Ademais, as dinâmicas de 3º homem ocorrem com fluidez, facilitando a variação da posse pelos corredores e a ativação dos extremas em situações propícias para desequilibrar através de dribles.  

Se não surgem ocasiões favoráveis ao contra-ataque, a equipa preocupa-se com a manutenção da posse e a retirada do esférico da zona de pressão o mais rápido possível, tendo em Barreto, mais uma vez, um apoio fundamental nesse momento. 

Organização Ofensiva 

Fase da Construção 

Com uma proposta de jogo arquitetada em princípios de posse, controle e paciência para vencer as linhas rivais, o RB Bragantino procura sair de forma curta e elaborada desde seus defensores. Posicionando seus zagueiros de modo a assumir protagonismo desde a saída de bola (destaque para Léo Ortiz) na tentativa de gerar vantagens desde o campo defensivo, laterais garantindo amplitude exterior em alturas mais baixas, extremos conferindo largura e profundidade em campo ofensivo e Ytalo a fixar zagueiros em profundidade.  

Léo Ortiz soma muito com passes verticais e lançamentos desde a saída de jogo, tendo uma média de 92,7% de acerto nos passes e 55% de acerto nos lançamentos (o melhor zagueiro com essa porcentagem de acerto com mais de 60 tentativas de lançamentos). (FootStats) 

Enquanto isso, os médios costumam manter um escalonamento mais definido: Barreto na base da jogada como 1º homem de meio (sendo fundamental na variação da posse entre corredores e na ativação dos interiores mais adiantados) e Vitinho e Matheus Jesus a partir da entrelinha rival, sempre a ajustar os triângulos exteriores formados pelo 4-3-3 entre lateral-meia-ponta. 

Fase da Criação 

Com a equipe já em campo adversário, as variações dos triângulos exteriores são fundamentais para oferecer uma posse vertical e fluída. Com isso, é possível observar uma troca constante de posicionamento entre os jogadores que compõem esses triângulos associativos, de modo a facilitar a criação de linhas de passe e de dificultar a marcação adversária. Morato merece destaque na interpretação desse funcionamento, variando constantemente de sua posição aberta para zonas interiores, conseguindo abalar as linhas adversárias muitas vezes com seus dribles e passes. 

Ademais, há o estabelecimento do lado esquerdo como lado forte de ataque, concentrando ações e dinâmicas de 3º homem (Matheus Jesus e Barreto sendo cruciais para esses mecanismos), enquanto o lado direito aguarda para receber em vantagens numérica e posicional, para que Artur, principalmente, possa desequilibrar através do drible. Ytalo surge como peça para garantir profundidade, gerar apoios para facilitar a ativação do 3º homem e fixar e atrair centrais para longe de sua zona de modo que os pontas possam atacar os espaços e também surgirem nas zonas de finalização. Essa fase de construção e articulação acaba por colocar o centroavante em muitas situações favoráveis de arremate, principalmente quando recebe passes/cruzamentos após a ativação do lado direito em progressão. 

Todos os 13 gols da equipa foram marcados dentro da área adversária. E das 142 finalizações, 78 foram dentro da área, enquanto 64 foram de fora da área. (FootStats) 

Esses comportamentos apresentam altos e baixos, como em todo começo de temporada. O Braga ainda não demonstra tanta efetividade em muitas de suas ações, resultando em dificuldade para concluir as jogadas. Vitinho, por exemplo, é um jogador que apresenta uma finura nos domínios orientados e nos toques em profundidade acima da média, mas ao chegar no terço-final essas capacidades não se traduzem em chances claras para o time (muito por sofrer contra marcadores fisicamente superiores), ainda mais se tratando de um interior relacionado ao jogo entrelinhas e a conexão de setores em cenários de ataque posicional. 

O RB Bragantino é a equipa com 2º maior índice de perdas de posse de bola no Paulistão, somando 340 perdas em 10 jogos. Morato e Artur lideram os números com 4,4 e 5,3 de média por jogo, respectivamente. (FootStats) 

Transição defensiva 

Sem muitos comportamentos de pressão pós-perda mantidos de trabalhos anteriores, o RB Bragantino preocupa-se principalmente em reorganizar-se defensivamente em bloco médio, com o intuito de impedir um contragolpe veloz. Desse modo, mesmo que a recomposição não seja muito exemplar por parte dos médios mais avançados, os controles de profundidade de Ligger e Ortiz permanecem eficientes, conseguindo temporizar e interromper muitos contra-ataques rivais. Outra debilidade nesse momento são as situações onde Aderlan e Edimar não possuem muita cobertura dos extremas, resultando em situações de 1×1 em que os laterais podem ser batidos. 

Cantos Ofensivos 

Ainda que apresentando algumas variações de movimentação de acordo com os jogadores em campo, o Massa Bruta tem um posicionamento base bem característico. Geralmente com 5 jogadores dentro da área adversária e tendo Morato e Vitinho como principais batedores de escanteios, Ytalo já se coloca na pequena área para tentar um desvio no primeiro poste, enquanto isso os jogadores mais altos e potentes fisicamente (Léo Ortiz, Ligger e Matheus Jesus) aguardam próximos a marca do pênalti para gerar mais espaços quando forem atacar a bola. Por fim, Barreto fica em uma zona próxima do segundo poste, ao mesmo tempo que ficam dois homens posicionados para o rebote e o lateral do lado onde está sendo batido o canto surge como opção de passe curto. 

Cantos defensivos 

O time costuma defender-se com 8 jogadores dentro da área, adaptando-se ao momento do jogo e ao adversário. Em uma configuração mista com predominância zonal, normalmente coloca 3 jogadores próximos a zona do primeiro poste, e outros 3 dentro da pequena área, ainda havendo 2 ou 3 jogadores em vigilâncias individuais aos melhores cabeceadores adversários. 

Pontos Fortes (a condicionar) 

  • Capacidade de controlar a posse de bola em iniciação; 
  • Interações entre interiores e extremas, principalmente em transição ofensiva; 
  • Facilidade nas conexões entre setores, variando a posse entre corredores; 
  • Ativação dos extremos em cenários favoráveis ao desequilíbrio; 
  • Controlo da profundidade defensiva, principalmente em organização defensiva; 

Pontos Fracos (a explorar) 

  • Corredor contrário com espaço quando assume a zona de pressão no corredor da bola; 
  • Laterais frágeis tecnicamente em momento defensivo; 
  • Dificuldade de manutenção da posse em ocasiões de criação de jogadas no último terço; 

Jogadores Chave 

Júlio César (Guarda-redes) – O experiente jogador de 35 anos é sinônimo de segurança na meta do conjunto do interior paulista. Com boa velocidade de reação e posicionamento, soma 13 defesas difíceis no campeonato (FootStats). Embora não seja muito ativo com bola, não costuma comprometer quando recebe um recuo e precisa sair jogando com os pés. 

Léo Ortiz (Central) – Um dos pilares do RB Bragantino na iniciação das jogadas desde o ano passado. Com qualidade e critério, agrega com bola desde o campo defensivo, encontrando passes de ruptura, lançamentos e inversões. Defensivamente, vale destacar sua leitura tática para controlar a profundidade defensiva, coordenando muitos movimentos, e sua precisão nas antecipações. 

Barreto (Médio defensivo) – Jogador fundamental para a elaboração e construção ofensiva do time. Assumindo peso associativo desde a base da jogada, elimina pressões com facilidade por meio de passes e bolas longas. É também o jogador com mais agressividade positiva para pressionar o portador da bola em momentos defensivos e cobrir os avanços dos laterais, sendo primordial para o equilíbrio defensivo do Braga. 

Artur Victor (Extremo) – A grande contratação para a temporada vem correspondendo em todo momento que é acionado, seja aguardando em amplitude para buscar o 1×1, seja flutuando por zonas interiores e armando ataques juntamente com os outros meias. Essa influência no jogo da equipa se traduz pelos números de Artur, somando 2 gols e 2 assistências nos 7 jogos que atuou. 

Ytalo (Avançado) – O artilheiro do campeonato até então, com 7 gols, é titular indiscutível e peça importante para o esquema de Felipe Conceição. Mesmo sem gestos tão finos no que se refere a domínios orientados, surge constantemente em alturas próximas aos interiores, através de apoios que facilitam a progressão da equipa em campo ofensivo, além de ter facilidade para rematar em espaços reduzidos. 



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