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Na presente edição da Liga NOS têm sido evidentes os problemas que o FC Porto tem encontrado no momento da finalização. Se por um lado é inequívoca a qualidade da organização defensiva que os azuis e brancos têm demonstrado (defesa menos batida, até ao momento, com apenas 11 golos concedidos), por outro lado, e apesar das várias oportunidades criadas e da boa dinâmica coletiva ofensiva, a equipa de Nuno Espírito Santo tem sido demasiado perdulária quando chega a hora de colocar a bola no fundo das redes.

Após um início de época em 4-3-3, com Otávio a falso ala, Nuno foi readaptando o seu sistema de jogo, no sentido de introduzir maior acutilância no ataque azul e branco e dar maior apoio a André Silva que, não raras vezes, se viu engolido pelos centrais adversários. A mudança para o 4-4-2 foi a solução encontrada, no entanto a escolha do parceiro de ataque mais adequado a André Silva carecia de consensualidade. Depoitre garantia maior eficácia nos duelos aéreos e permitia libertar André Silva para outras zonas do terreno, mas tornava o jogo mais previsível pela sua evidente falta de mobilidade e menor capacidade técnica. Já Diogo Jota permitia uma maior dinâmica, qualidade técnica e ataque à profundidade, retirando, no entanto, capacidade de choque, presença na área e opções de jogo direto.

Por esse motivo, não foi de estranhar que no mercado de Inverno a prioridade do reforço do plantel azul e branco passasse pela contratação de um homem de área. A opção acabou por recair sobre “Tiquinho” Soares, um jogador com experiência na Liga NOS que chegou da cidade berço, após uma passagem de dois anos pelo Nacional. A avaliar pelos últimos jogos, Nuno Espírito Santo parece ter encontrado a fórmula certa para a frente de ataque com a inclusão do ex-vimaranense.

Francisco das Chagas Soares dos Santos, mais conhecido como Soares, nasceu no Brasil, tem 26 anos, mede cerca de 1,87cm e tem um peso em torno dos 85kg. Após várias passagens por clubes brasileiros de menor nomeada, Soares chegou a Portugal para representar o Nacional da Madeira na época 2014/2015, onde permaneceu duas temporadas antes de se mudar para Guimarães. Com uma média de 1 golo em cada três jogos, Soares chegou ao Dragão com 56 presenças na Liga NOS e um total de 19 golos (entretanto em 5 jogos pelo FC Porto já marcou por 7 vezes).

Atuando na frente de ataque, Soares é um avançado completo que interpreta muito bem as dinâmicas de um 4-4-2 (fez uma boa dupla de ataque com Marega e já demonstrou combinar bem com André Silva), mas que também sabe jogar como ponta de lança num sistema que só contemple um avançado. É um jogador que se destaca pelos atributos físicos (força, velocidade, resistência) e psicológicos (determinação, rapidez de reação, leitura de jogo), muito embora também indique apetência para alguns aspetos técnicos como a finalização, cabeceamento, ou capacidade de segurar jogo (um misto de apetência técnica e física).

Organização ofensiva

Quer em Guimarães, quer agora no FC Porto, Soares tem sido utilizado como avançado num sistema 4-4-2, onde habitualmente descai para a esquerda. Trata-se de um jogador capaz de manter uma elevada intensidade e as suas constantes movimentações obrigam os defesas adversários a uma elevada concentração tática durante os 90 minutos.

Ao nível do jogo em profundidade, destaca-se sobretudo a sua capacidade de encontrar espaços nas costas dos defesas, sobretudo nas laterais. Posicionando-se, maioritariamente, entre o lateral e o central é comum assistirmos a desmarcações que pedem lançamentos em profundidade nestes espaços, mas também a deslocações para o flanco esquerdo, com o propósito de abrir espaço interior para a penetrações dos médios, maioritariamente de Brahimi.

Soares permite ainda soluções de jogo interior apoiado (segurar para virar o centro de jogo) ou jogo direto (segurar para a equipa subir), revelando uma elevada capacidade para segurar a bola de costas para a baliza (aspeto em que é extremamente forte).

Com a subida dos laterais do FC Porto, o jogador assume um posicionamento mais central, sendo muito perigoso nos cruzamentos já que é muito rápido a jogar na antecipação, bem como no aproveitamento de bolas “perdidas”.

Ao nível da organização ofensiva, Soares pode-se tornar um jogador ainda mais perigoso se aperfeiçoar alguns aspetos técnicos, nomeadamente a qualidade do passe no último terço, para evitar, desta forma, o desperdício de algumas boas jogadas coletivas.

De igual modo, o jogador precisa melhorar bastante nos duelos aéreos. Nos jogos contra o Vitória de Guimarães e o Sporting CP, Soares foi várias vezes solicitado por Casillas, através de pontapés de baliza, contudo, raramente ganhou um lance pelo ar.

Organização defensiva

Em termos de organização defensiva, Soares assume um papel extremamente importante no condicionamento da primeira fase de construção da equipa adversária. A este respeito, aspetos como a sua disponibilidade física ganham relevo, mas deve-se destacar sobretudo vários atributos psicológicos como determinação, trabalho de equipa, atitude competitiva e inteligência tática. Contrariamente ao que fazem outros avançados Soares não se envolve em correrias loucas, sabendo interpretar o momento em que deve pressionar forte os defesas e o momento em que deve apenas condicionar a primeira fase de construção através da contenção.

Transição ofensiva

Apesar da sua estatura dar a ideia de ser um jogador de área, Soares não se sente nada desconfortável em terrenos recuados, sendo inclusivamente o jogador que os colegas de equipa mais procuram no momento da transição ofensiva. Neste momento de jogo o jogador brasileiro assume o papel de pivot, sendo a referência das saídas rápidas para o ataque da equipa portista. Na maioria das vezes, Soares desce para devolver com rapidez projetando-se rapidamente para o ataque.

Paralelamente ao momento de organização ofensiva, também em transição Soares é um jogador muito perigoso a explorar a profundidade, percebendo na perfeição o momento ideal para atacar o espaço.

No entanto, fruto das suas características físicas, “Tiquinho” também demonstra capacidade para correr com bola e enfrentar situações de 1×1 ou simplesmente subir no terreno e ganhar metros para a equipa respirar. Relativamente às situações de 1×1 Soares pode e deve melhorar, sobretudo em termos de controlo de bola em progressão.

Transição defensiva

Após a perda de bola, Soares procura condicionar rapidamente as saídas rápidas do adversário, não sendo raras as vezes em que consegue recuperar novamente a posse de bola. Trata-se de um jogador com uma forte reação à perda de bola e que não tem problemas em se envolver em ações defensivas. No entanto, neste momento de jogo, Soares assume-se como um jogador extremamente faltoso, aspeto que lhe pode custar algumas sanções disciplinares.

Bolas Paradas

Soares é de extrema importância nas bolas paradas defensivas e ofensivas dos azuis e brancos. Contudo, tal como já referido, era importante que o jogador brasileiro melhorasse nos duelos aéreos.

SoaresCaracteristicas

Apesar de não ser expectável que Soares atinja a projeção internacional que Falcao ou Jackson Martinez conseguiram, parece bastante seguro afirmar que “Tiquinho” já é um jogador muito importante no modelo de jogo do FC Porto, existindo ainda potencial para aperfeiçoar alguns aspetos técnicos que o poderão tornar num jogador chave para a equipa.

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