Sporting x Portimonense: Muralha algarvia com 4 centrais
No futebol há vários parâmetros que podem definir a qualidade de um modelo tático. Por ordem crescente de importância coloco o entretenimento/ adesão do espectador aos jogos da equipa, o número de golos marcados e sofridos dessa equipa e por fim os resultados desportivos, sem dúvida a força motriz deste jogo/negócio.
Serve esta reflexão, prévia à análise do Sporting – Portimonense para desmistificar a existência de um modelo perfeito. Tem de se considerar o contexto em que a equipa está inserida, a qualidade do plantel, os objetivos a curto e longo prazo e ainda um infindável rol de variáveis determinantes ao sucesso das equipas que certamente me escapam. Concluo dizendo que, considerando os anteriores, Paulo Sérgio foi exímio no planeamento estratégico do jogo de Alvalade. Tanto no momento defensivo como ofensivo.
Momento defensivo
O Portimonense apresentou-se em Alvalade com uma linha de seis homens atrás, quatro deles defesas centrais. Organizada em 6x3x1, a máxima pensada pelo treinador alvi-negro foi ter superioridade nos dois sectores mais recuados do terreno. Sabendo de antemão que os centrais do Sporting não se envolvem muito na construção nem provocam a estrutura adversária (Matheus Reis desmente-me) os algarvios fecharam os caminhos para a baliza, e superiorizaram-se em número no primeiro terço defensivo.
A grande novidade da linha de 6, habitualmente traduzida num duplo lateral pelo recuar do extremo, foi a inclusão de quatro defesas centrais no 11: Pedrão, Willyan, Possignolo e Filipe Relvas. Os “extremos” foram Angulo e Fali Candé (um dos melhores no plano ofensivo).
Com a linha de 6 recolhida nos últimos 20/30 metros, a bola andou muito por Nuno Santos e Esgaio, mas sem grande efeito prático. O Sporting esteve bem na primeira parte, mas a defensiva adversária foi melhor.
Na segunda parte Amorim surpreendeu colocando Esgaio mais por dentro e Sarabia na largura. Durou pouco a artimanha tática do treinador campeão nacional, com Geny a ser lançado para fazer todo o corredor. Mais capacidade no 1×1 e sobretudo mais velocidade para parar Fali Candé num possível contra-ataque. Ainda sobre esta substituição, o amarelo a Esteves na primeira parte pode tê-lo tirado do encontro -era necessário alguém que pudesse parar Candé sem pudores de levar um cartão, caso necessário.
Momento ofensivo
Em construção, o Portimonense abriu os centrais exteriores e conseguiu criar alguns problemas ao Sporting, sobretudo até ao golo marcado. Altamente metamorfoseada, a equipa rapidamente desdobrou o 6x3x1 num 4x3x3 competente e com necessidade de ter bola. Essa capacidade foi-se perdendo após o golo marcado, mas fica o registo de uma mudança de comportamento de alto nível na transição do momento defensivo para o ofensivo (e vice-versa).
Candé foi uma locomotiva pelo corredor esquerdo, Nakajima emprestou qualidade técnica às jogadas cada vez que tocou na bola e Samuel Portugal teve muito critério na variação de centro de jogo. Aliás, a primeira fase de construção do Portimonense tem muito do seu dedo, pela capacidade em descobrir facilmente o lado contrário através do passe.
O Sporting foi um justo vencedor contra uma das boas equipas do nosso campeonato. O 6.º lugar não é um acidente, e o Portimonense – já venceu na Luz- mostrou-se uma verdadeira equipa, com o jogo muito bem preparado. Mérito de Paulo Sérgio e da sua equipa técnica.
Notas finais
- Jogo bem preparado pelo Portimonense, que revelou mais uma vez a capacidade de adaptação de Rúben Amorim – mesmo sem mexer no sistema. Tentou Esgaio por dentro com Sarabia na largura, arriscou ao trocar Palhinha por Bragança e ainda lançou Geny pela primeira vez na primeira equipa, quando o mais simples teria sido colocar TT ou até Gonçalo Esteves.
- Paulinho fez pela primeira vez mais de um goo no mesmo jogo ao serviço do Sporting- e logo 3-, através de um aproveitamento de espaços importante no interior da área.
- A expulsão condicionou o Portimonense, que acabou o jogo num 6x3x0 sem expressão ofensiva nem capacidade para ligar o jogo (muito desgastados os alas).
- Excelente jogo de Matheus Reis, que apesar do auto-golo foi das melhores unidades em campo, com uma capacidade física tremenda para se envolver no ataque dos leões.
Para todos os clubes, treinadores, jogadores, olheiros, agentes, empresas e media que queiram saber mais sobre os nossos serviços de scouting, não hesitem em contactar-nos através de mensagem privada ou do nosso email geral@proscout.pt.