No século XXI, o Liverpool não fora capaz de revelar de forma consistente os jogadores que produzira na sua academia. A débil estrutura e, principalmente, as turbulências do clube (popularmente conhecidas) impactaram diretamente o estágio final do processo: a passagem dos atletas das camadas jovens para a equipa A. Assim sendo, foram pouquíssimos os jogadores que se afirmaram nos reds ou que até chegaram a níveis altos do futebol noutros clubes. Destaques maiores para Raheem Sterling e recentemente, Trent Alexander-Arnold.
A chegada de Jürgen Klopp não só veio elevar o nível competitivo da equipa principal como também foi um ponto de partida para a reestruturação do clube. O propósito passou a ser construir uma identidade comum para que o caminho tenha um sentido uniforme. Após receber o tratamento necessário dos novos donos e o investimento adequado para fornecer aos jovens atletas as melhores condições de desenvolvimento, o Liverpool começa agora a colher os primeiros frutos da nova geração.
ADAM LEWIS
Natural de Liverpool e a jogar no The Academy desde os sub-6, Adam Lewis estabeleceu-se nos últimos anos como lateral esquerdo, mas revela uma grande versatilidade de posições, podendo atuar em bom nível como extremo, médio recuado e até médio interior. A sua qualidade na distribuição permite que seja um jogador que acrescente imenso com bola, seja na saída, ditando o ritmo, último passe ou cruzamento, onde também fica em evidência a sua qualidade para subir no corredor em combinações. Além disso, Lewis demonstra estabilidade defensiva, tomando partindo da sua leitura e acerto no posicionamento, já que não tem no físico uma virutde. O seu pé esquerdo é funcional nas bolas paradas, seja como forma de cruzamento ou remate direto. O scouser apresenta ainda um espírito de liderança natural, capitaneando os sub-18 (sub-19 na UEFA Youth League) e sendo já uma das figuras principais dos sub-23.
No modelo de jogo de Klopp, os laterais são peças fundamentais no desenrolar das jogadas, pois a capacidade de apoiarem no ataque marca diferenças com e sem bola: os cruzamentos tensos com chegada de muita gente em zonas de finalização; e permitindo que os jogadores que jogam por dentro tenham espaços entre os canais para criarem desequilíbrios (ou seja, os laterais funcionam por vezes como jogadores de atração). O perfil de Andy Robertson é diferente de Adam Lewis. O escocês é mais enérgico, tem grande impacto nas chegadas à linha de fundo e impõe-se mais fisicamente. No entanto, espera-se que Lewis ganhe o seu espaço no plantel principal devido a ser uma mais valia em diversas posições, fora o talento natural como lateral.
YASSER LAROUCI
Nascido em El Oued, na Argélia e também com nacionalidade francesa, Yasser Larouci passou pelo Le Havre antes de rumar a Liverpool em 2017. Ao serviço dos sub-18, o então extremo apresentava qualidades naturais de um ala de linha. Dribles em velocidade, agressividade atacando espaços, controlo de bola, etc. No entanto, foi na temporada passada que começou a ganhar destaque, quando Barry Lewtas o recuou. Atuando como lateral, Larouci passou a tocar mais vezes na bola e, consequentemente, o Liverpool encontrou uma fonte de verticalização dos seus ataques. A capacidade de Larouci para se desenvencilhar de adversários, driblando para fora ou flutuando para zonas interiores, é notória e assim vai eliminando pressões, gerando perigo à baliza contrária. Larouci gosta de se antecipar para lançar de seguida contra-ataques, mas apresenta algumas debilidades defensivas quando tem que suster a linha.
A passagem para a equipa principal levará o seu tempo. Porém, o perfil de Yasser Larouci casa com as características dos laterais de Klopp. É um jogador que ganha altura com facilidade e com um vasto leque de recursos ofensivos para as diversas situações. Seja progredindo com bola, recebendo no espaço, driblando em espaços reduzidos, Larouci tem grande nível.
KI-JANA HOEVER
A maior promessa da base do Liverpool nasceu no ano de 2002, em Amesterdão e no seu currículo ostenta uma passagem rica pelas escolas do Ajax. Ki-Jana Hoever cedo se estabeleceu na equipa de Barry Lewtas atuando como lateral direito na maioria das vezes, mas com jogos como defesa central (descaído para esquerda, inclusive). Ao contrário da gigante maioria dos outros jovens desta lista, Hoever já jogou uma partida oficial pela equipa principal dos Merseysiders, quando Klopp se viu ‘’obrigado’’ a colocar o holandês devido a um amontoado de lesões no setor defensivo. O destaque pelos sub-18 foi tal, que a meio da época Hoever foi chamado aos sub-23 e por lá ficou o restante da temporada. Estamos perante um jogador completo em todos os sentidos. Hoever tem na sua passada larga uma arma forte de apoio ao ataque, seja em progressão com bola ou atacando espaços vazios. A sua qualidade no domínio da redondinha faz com que seja capaz de deixar bons primeiros passes (longos ou rasteiros queimando linhas) e cruze de forma tensa em direção à área. Por também dividir as suas tarefas entre lateral e central, Hoever logicamente apresenta atributos em fase defensiva. Devido à sua cultura (holandesa), gosta bastante de antecipar movimentos, indicando acertos nesse sentido e ostenta uma físicalidade invejável para a idade, não tendo problemas em dividir combates. O seu 1v1 é destacável, tanto em termos defensivos, como também ofensivos.
É um diamante bruto para os rapazes do liver bird com poucas arestas para limar e, por isso, Klopp não deverá levar muito tempo a integrá-lo no elenco. Novamente, o perfil de laterais do seu modelo de jogo combina com a bomba física de Ki-Jana Hoever quando sobe pelo corredor. Além do mais, poderá ainda figurar como central.
CURTIS JONES
Mais um jogador natural da cidade de Liverpool, Curtis Jones começou nos sub-9 do The Academy, onde continuou a sua caminhada ponto a ponto até chegar aos sub-23. Assim como Ki-Jana Hoever, Jones também disputou um encontro oficial pelos reds (no mesmo jogo) como titular. O jovem de 2001 é um médio de realce nas suas qualidades ofensivas, marcando diferenças conduzindo para dentro ou recebendo entrelinhas. Nos sub-23, Jones atua regularmente como extremo que deriva para zonas interiores, mas recentemente começou a ter mais participações como médio interior esquerdo, iniciando jogadas mais atrás. O drible curto de Jones é uma mais valia para bater adversários, tendo depois a visão para encontrar os desmarques dos companheiros ou até arriscar as suas finalizações de meia distância.
Embora venha jogando como interior nas camadas jovens, Curtis Jones terá mais chances de vingar nas opções de Klopp atuando por fora e a partir daí procurando flutuar para o corredor central. Isto deve-se às características dos meio-campistas do Liverpool, que são essencialmente físicos, combativos, de alta rotação e fazem todo o ‘’trabalho sujo’’ da equipa, oferecendo os equilíbrios. Jones apresenta outro perfil de interior, mais associativo e menos intenso. Desta forma, iria estar menos permeável jogando no meio-campo a três.
RHIAN BREWSTER
A 1 de Abril de 2000, no Este de Londres, a área de Chadwell Heath vira Rhian Brewster nascer. O jovem britânico chegou ao Liverpool em 2014 vindo do Chelsea com uma fama de golos e assim foi subindo escalões até se estabelecer nos sub-23 ainda em idade adolescente. Ao lado de Ki-Jana Hoever, juntos são as duas maiores promessas do Liverpool. Brewster possui características que fazem com que possamos olhar para ele como um avançado e também segundo avançado. Porém, é ‘’sozinho’’ na frente que tem deixado boas impressões. É bastante móvel, podendo descair nas alas ou em movimentos de recuo em que fornece muitos apoios frontais. Dentro da área, dado a não ter uma estatura elevada, tem um senso para se desmarcar entre os centrais aparecendo em boas condições para finalizar, aliando isso aos bons recursos de execução, seja com perna direita, esquerda ou cabeça. Brewster é um jogador que se adapta aos cenários, não se importando de receber no espaço e correr metros até à baliza do oponente, ou de receber no pé, se fixando como um avançado mais posicional e dando continuidade aos lances em apoios. No mais, a inteligência de Brewster para fluir o jogo faz com que saiba definir bem os tempos em que deve soltar nos colegas, os momentos onde deve temporizar e/ou driblar para se ver livre da marcação.
O Liverpool até ao momento não contratou um suplente que emulasse diretamente as tarefas de Roberto Firmino. O jogador relativamente similar ao brasileiro era Daniel Sturridge, que entretanto viu o seu contrato expirar. Nesse sentido, o perfil de Brewster e o nível técnico-tático do jovem talento faz com que as chances de se firmar no plantel de Klopp sejam altas. Na verdade, Brewster esteve lesionado durante toda a temporada passada, em que muito provavelmente seria opção regular na equipa principal dos Anfielders.
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