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No rescaldo da derrota de Portugal por 2-1 na Ucrânia, Fernando Santos afirmou que a selecção nacional abusou muito do jogo interior e que não tinha sido isso que foi trabalhado durante as sessões de treinos.

“O jogo tornou-se complicado. Entrámos bem, com um par de oportunidades, eles foram lá e fizeram o golo. Tivemos um período menos bom, porque eles seguram bem a bola. Mas a equipa procurou reagir e foi para cima, mas houve situações em que não estivemos tão bem. Mas, sempre que a Ucrânia foi lá, tivemos dificuldades. Abusámos demasiado do jogo interior e não foi isso que trabalhámos, porque o Guedes até entrou para se jogar mais pelas linhas”

Analisando o jogo, podemos constatar, com dados do Instat, que dos 635 passes feitos, 567 foram eficazes. Sendo que 499 foram em ataque posicional. Portugal fez 28 passes para zona de finalização e muitos deles através de cruzamentos quando existiam melhores opções para darem seguimento às jogadas. 31 cruzamentos e apenas 9 chegaram a jogadores portugueses.

Dos 499 passes em ataque posicional, podemos destacar os 100 no corredor esquerdo do meio-campo ofensivo, os 139 no corredor direito e apenas 64 no corredor central. Números que contrariam a ideia de que Portugal abusou no jogo interior, até porque a Ucrânia não permitiu que isso fosse possível. Muito competência no momento defensivo mas também com bola a saberem controlarem os momentos do jogo e a circularem para zonas fora da pressão portuguesa.

Portugal insistiu nos cruzamentos para uma zona onde esteve sempre em inferioridade numérica e apenas com Ronaldo para fazer a diferença, perante o posicionamento de 6/7 jogadores ucranianos dentro da grande área. Muito jogo lateral de Portugal que mesmo com a entrada de João Félix e Bruno Fernandes na 2ª parte não conseguiu procurar outras soluções sem ser cruzamentos, apenas de forma pontual e que curiosamente criaram mais perigo do que os 31 cruzamentos que Portugal fez durante toda a partida.

O posicionamento mais central de Bernardo Silva no segundo tempo foi importante para a equipa ter mais bola e conseguir criar com mais critério mas ainda assim são evidentes as dinâmicas colectivas, com os jogadores a procurarem um jogo mais em largura e de cruzamentos para a referência ofensiva, Ronaldo, que esteve sempre muito desapoiado durante todo o encontro.

Bruma também entrou bem na partida e conseguiu desequilibrar no corredor esquerdo, o lance da grande penalidade surge depois de uma iniciativa individual e já perto do fim é o extremo português que descobre Guerreiro dentro da área. Um lance que demonstra que o jogo interior funcionou quando foi utilizado da melhor maneira.

No momento defensivo, muitas debilidades na organização portuguesa. O lance do segundo golo é revelador da facilidade com que a Ucrânia entrava no bloco de Portugal. Linha defensiva mal organizada, Pepe a fixar os apoios e “criar” a linha de passe para o golo da Ucrânia. Mykolenko tem espaço para cruzar e meter a bola no lado contrário onde aparece Yarmolenko sem a oposição de Guerreiro para fazer o 2-0

A qualidade com bola da Ucrânia foi evidente durante toda a partida mas este lance demonstra que mesmo com 10 jogadores, a selecção orientada por foi superior. Quase 1 minuto de troca de bola no seu meio-campo ofensivo. Portugal com dificuldades no momento de pressão. Equipa pouco compacta, passiva e sem capacidade para pressionar colectivamente. Estímulos colectivos de pressão pouco identificados numa altura em que Portugal tinha de ter bola e procurar o golo do empate.

Portugal não perde o encontro na Ucrânia por insistir no jogo interior mas sim pelo excessivo jogo lateral, sem apresentar soluções de um futebol mais apoiado com soluções entre linhas (Bruno Fernandes e João Félix podiam oferecer esta solução, apesar da maneira competente como a Ucrânia sobrecarregou esse espaço com as duas linhas juntas) e uma grande passividade defensiva, nomeadamente nos momentos de transição.



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