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“É um jogador de topo. É um maestro, quer ter a bola, dá-nos muitas opções com bola”. As palavras são elogiosas são do próprio treinador, Ole Gunnar Solskjaer. Bruno Fernandes causou um impacto imediato no Manchester United, contribuindo para a série invicta de 11 jogos da equipa com 3 golos e 4 assistências em apenas 9 jogos realizados.

Bruno influenciou muito a qualidade de jogo dos red devils. Permitiu à equipa dar um salto qualitativo e obter bons resultados, com vitórias sobre Chelsea e Manchester City, e com os quartos-de-final da Liga Europa praticamente garantidos, após goleada por 5-0 frente ao Lask Linz.

Manchester United pré-Bruno Fernandes

O Manchester United estava a ter uma época instável. Conseguiu bons resultados na Liga Europa, e na Premier League conseguiu travar Liverpool, Tottenham e Manchester City. Mas, por outro lado, perdeu com equipas como Watford, Bournemouth ou Burnley.

Notava-se que era necessário melhorar a qualidade individual da equipa para melhorar também a qualidade coletiva. As opções mais ofensivas para o meio campo eram Andreas Pereira, Mata ou Lingard, jogadores com qualidade, mas pedia-se mais num clube como o United.

A equipa precisava de alguém com qualidade na definição, que assumisse o meio campo e ajudasse a desbloquear o jogo. Que pudesse desequilibrar através do passe, mas que fosse um médio com golo.

Na fase de criação Matic e Fred, os dois médios mais recuados, eram facilmente marcados e encontravam-se várias vezes em situações de inferioridade numérica e com as linhas de passe condicionadas. O processo criativo do United era fraco, sendo que a aposta no passe longo para a velocidade do ataque era uma das armas mais escolhidas.

Era necessário que um desses médios mais ofensivos tivesse a capacidade para recuar e ajudar nesta fase. Ser linha de passe ou recuar para ser ele mesmo a organizar jogo desde trás.

O United também tinha dificuldades na primeira fase de construção, isto porque nenhum dos médios conseguia soltar-se de marcação, e os centrais tinham pouco tempo para passar a bola devido à pressão adversária.

Faltava intensidade no momento de pressionar. Embora a equipa nem sempre procurasse pressionar na primeira fase de construção, também faltava essa intensidade nos homens da frente.

Era possível ver em certos jogos a equipa desconcentrada, pouco motivada e alguns jogadores pareciam estar desligados do jogo. Faltava um líder dentro de campo, que pudesse ser um eco da voz do treinador no terreno de jogo.

Impacto tático

Bruno Fernandes teve um grande impacto qualitativo no Manchester United. No geral, é uma solução muito melhor comparando a jogadores como Andreas Pereira ou Lingard. Para já jogou atrás de dois avançados, numa espécie de 4-3-1-2, mas também como médio mais ofensivo num 4-2-3-1.

Veio trazer outra energia ao meio campo do United. É muito inteligente no aspeto posicional: procura frequentemente ser linha de passe, podendo recuar para ser apoio frontal, ou abrir numa das laterais para dar mais opções ao portador. Como está em constante movimento, torna-se num jogador difícil de marcar e dá dores de cabeça aos adversários: se o acompanham, deixam espaço aberto noutras zonas do campo; se o deixam livre, Bruno tem espaço e tempo para decidir e isso é um perigo, visto que é forte no momento de definição e é uma constante ameaça através do remate de longe.

Este é um dos momentos em que Bruno descai para uma das laterais para ser opção de passe. Apesar de ser uma situação em que a pressão do Watford sufoca um pouco a construção da equipa, vemos que há dois adversários com a atenção no português. Com esse arrastar de marcação para a lateral, Matic fica mais livre para receber a bola. Ou seja, para além de ser uma linha de passe, com o seu movimento Bruno também cria espaço para os outros colegas poderem receber.

Como referi, era costume ver que os dois médios mais recuados, Fred e Matic, eram facilmente marcados e os centrais ficavam com as linhas de passe condicionadas. Nesta situação, sem Bruno, no meio campo ficaria uma situação 2v2 e o portador teria dificuldades em construir apoiado, visto que os 3 defesas estão marcados por 3 avançados do Watford. Como Bruno recua para ser apoio frontal, cria-se mais uma linha de passe e mais indefinição na marcação para o adversário.

Nesta transição ofensiva, com Fred a ser linha de passe no corredor central, Bruno decide abrir na lateral para dar mais uma opção de passe a Greenwood. Depois de um toque fantástico, Fred fica de frente para o jogo e Bruno já está a forçar a linha adversária a recuar com a procura da profundidade.

Mais uma situação em que o United está a ser pressionado na primeira fase de construção e encontra-se numa situação de igualdade numérica, mas com as linhas de passe condicionadas. Bruno recua e é apoio frontal para o central e depois consegue entregar em Matic que já tem espaço e tempo para variar o centro de jogo. De destacar também o movimento de McTominay, que arrastou a marcação e abriu espaço para a bola entrar em Bruno.

Neste momento o meio campo do United tem as linhas de passe verticais condicionadas, isto porque o Everton coloca uma linha de 3 médios para condicionar a ação de Matic e Fred. Bruno posiciona-se nas costas da linha média e procura ser opção de passe onde há espaço no meio de dois adversários.

Bruno tem tendência para descair para as laterais, não só para ser opção de passe, mas para explorar o espaço de forma a estar livre para receber e poder decidir. Neste exemplo procura exatamente esse espaço livre, e estando na esquerda consegue puxar para dentro para favorecer o pé direito. Torna-se uma ameaça quando tem espaço para decidir, visto que pode ameaçar com o remate ou definir a jogada através do passe, como faz aqui.

A procura do espaço livre é constante no jogo de Bruno Fernandes. Neste momento é ele que dá largura aproveitando todo o espaço que há disponível na lateral.

Com espaço Bruno mostra toda a sua qualidade no momento de definição. Neste exemplo, após recuperar a posse, inicia de imediato a transição ofensiva ao progredir com bola e, depois de a passar, posiciona-se à entrada da área livre de marcação e com possibilidade de fazer o último passe ou rematar.

Este exemplo mostra a qualidade de Bruno jogando mais à esquerda e favorecendo o seu pé direito. Para além de, no início, estar bem posicionado para receber a bola com tempo e espaço, define com qualidade “oferecendo” o golo a Maguire.

A capacidade de passe de Bruno é extraordinária. Beneficia da sua visão e leitura de jogo, conseguindo descobrir espaços livres para os colegas, mesmo em posições mais recuadas.

Neste exemplo mostra novamente a boa capacidade de progressão que tem, que aliada à qualidade de definição, tornam-no num dos jogadores mais influentes no momento ofensivo.

Uma das capacidades que Bruno trouxe, e faltava ao United alguém assim principalmente com a lesão de Pogba, é a de assumir o meio campo. Procurar ter bola, recuar, ser apoio e assumir a construção. Neste exemplo temos isso mesmo, para além de iniciar uma jogada, depois de passar a bola procura sempre movimentar-se para continuar a ser linha de passe e chegar a zonas de definição.

É um médio com golo e uma das principais armas é o remate de longe. Tem facilidade em encontrar espaço para rematar, o gesto técnico é muito rápido e a bola vai bem colocada para dificultar a ação do guarda-redes.

“Nas bolas paradas é mesmo de topo, um dos melhores que já vi”, elogios do técnico Solskaer, que demonstram as qualidades de Bruno Fernandes neste momento do jogo. Para além das grandes penalidades, que marca com uma técnica pouco usual, tem uma enorme capacidade de bater livres e cantos.

Na procura do golo Bruno tem a capacidade de aparecer na área com os seus movimentos de rotura e ataque à zona de finalização. Posiciona-se bem e temporiza a corrida para chegar primeiro que os defesas.

Ajuda no momento defensivo através de uma boa ocupação dos espaços, procurando equilibrar a equipa e condicionar a ação adversária. Neste exemplo, vemos que recua para formar uma linha de três médios, com Matic mais atrás. Desta forma tenta controlar a ação do Everton, que poderia ter uma situação 3v2 na lateral.

Bruno também é muito importante na pressão. Está sempre em constante movimento e é um jogador intenso, caso a equipa tenha ou não a posse de bola, e isto facilita o momento de pressionar.

Como tem uma elevada capacidade de ocupação dos espaços, permite que os restantes médios tenham também liberdade para subir no terreno, isto porque faz uma boa cobertura defensiva, como é visível neste exemplo com Matic.

Impacto psicológico

“O que mais impressiona é que Bruno Fernandes não está no United há muito tempo, mas a sua qualidade… Também tem sido importante no balneário. É um líder”. As palavras são de Luke Shaw, colega de equipa do ex-Sporting. O impacto psicológico que Bruno causou na equipa foi enorme. Logo no primeiro jogo, frente ao Wolves, foi possível vê-lo a dar indicações aos companheiros, como um autêntico líder. A sua qualidade individual elevou a qualidade coletiva da equipa, que parece mais confiante dentro de campo e com os processos mais fluídos. As boas exibições conquistaram o carinho dos adeptos, que até já criaram um cântico para o português.

A peça para o futuro

O Manchester United está numa fase de se reerguer para se tornar novamente num candidato ao título e procurar chegar longe na Liga dos Campeões. Mas as últimas temporadas não são apelativas para algumas estrelas ingressarem no clube inglês. No entanto, o salto qualitativo que a equipa deu com Bruno Fernandes pode servir como motivação para mais craques se mudarem para Old Trafford. Isto porque com mais jogadores influentes como o português, o United pode construir um projeto vencedor.

Paul Pogba esteve grande parte da época lesionado, mas continua a ser um jogador de classe mundial e muito influente na equipa. Juntamente com Bruno, o Manchester pode formar um dos melhores meio campos da Europa.

A continuar nesta forma, Bruno Fernandes tem todas as condições para se tornar numa lenda do Manchester United. É um dos melhores jogadores, é acarinhado pelos adeptos e colegas, e pode tornar-se numa peça-chave para o renascimento da equipa.



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