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[:pt]Se há conclusão que se pode retirar com o reatar das competições na última semana e meia é a do redimensionamento de Óliver Torres nas opções de Sérgio Conceição. O médio espanhol pareceu viver, durante muito tempo, ostracizado do onze titular, mas o bom rendimento na partida da Taça de Portugal diante do Vila Real catapultou-o para a titularidade nos compromissos seguintes. Quer em Moscovo, diante do Lokomotiv, quer no Dragão, perante o Feirense, o número 10 dos dragões foi absolutamente decisivo em duas vitórias que impulsionam os dragões: no contexto externo, claramente em boa posição para atingir a fase seguinte da Liga dos Campeões; no contexto interno, recolocando o FC Porto no topo da Liga.

A Óliver são reconhecidas, desde sempre, qualidades que o transformam num daquele tipo de jogadores que justifica o preço do bilhete. O toque refinado e a elegância na execução apenas são o aperitivo para se desfrutar da tremenda habilidade técnica, da capacidade de passe a todas as distâncias e da destreza para variar o centro do jogo. Um médio que – até pelas suas origens – parece herdar a filosofia futebolística de Xavi e Iniesta, com doses desmesuradas de inteligência, criatividade, critério e agilidade na tomada de decisão.

Parece até estranho que com todos estes predicados não houvesse um espaço para Óliver na equipa titular do FC Porto. Sérgio Conceição pensou a equipa (e o seu meio-campo) baseado numa dupla que lhe garantisse fiabilidade e capacidade de disputar e vencer os duelos físicos que nessa zona se multiplicam e destreza para colocar rapidamente a bola nos homens mais avançados, ora explorando mais a técnica (Brahimi e Corona) ora mais a força e profundidade (Marega e Soares ou Aboubakar). Óliver foi vivendo na sombra, ainda que, em abono da verdade, não seja de esquecer que o número 10 portista até começou a temporada transacta como titular – foi-o até à debacle, em casa, diante do Besiktas, que acabou por atirá-lo para fora das opções do técnico portista.

Ao longo de todo este tempo, Sérgio Conceição sempre foi dando pistas sobre o que, em seu entender, ia faltando a Óliver: amplitude de movimentos em processo defensivo, agressividade no momento da recuperação, garantias no 1×1 defensivo e a famigerada intensidade. Tudo características que o treinador portista queria ver preenchidas, e pelas quais sempre foi preferindo Danilo, Herrera ou Sérgio Oliveira.

As últimas semanas portistas, e em particular o clássico da Luz, foram marcadas por uma estranha ineptidão ofensiva, com algum vazio de ideias, no momento da construção de jogo. A equipa tornou-se menos acutilante no momento de atacar e evidenciou uma imensa dificuldade para fazer chegar a bola em boas condições às unidades mais avançadas. É a partir deste contexto que Óliver volta a ser considerado.

Mais: do problema ofensivo parece ter-se resgatado e encontrado uma solução global, num jogador redimensionado e muito mais à imagem daquilo que pretende o seu treinador. Porém, na essência, Óliver parece nada ter perdido, como provam as exibições maiorais a nível ofensivo rubricadas em Moscovo (fundamental no 2º golo, muito inteligente no lançamento para Brahimi no 3º) e diante do Feirense. E, do ponto de vista defensivo, os números falam por si, seja em recuperações de bola, desarmes ou duelos vencidos, com indicadores incomuns para um jogador deste perfil.

Se, com o feedback dado por Óliver, Sérgio Conceição se sentir acautelado numa perspectiva defensiva, então é certo que o FC Porto ganha também alguém para, aprimorando uma certa relação/ocupação dos espaços com Danilo, construir e lançar jogo de forma criteriosa e racional, dando imprevisibilidade e certeza no passe, variabilidade nos corredores a explorar (pela facilidade com que varia centro de jogo) e grande resistência à pressão (pela forma como dribla e descortina os melhores caminhos). A dimensão do remate é algo que ainda falta a Óliver mas, a caminho dos 24 anos, dificilmente poderá vir a ser considerada uma das suas mais-valias. Aqui, mais uma vez, não estará longe de Xavi e Iniesta (nunca foram fenómenos a nível de remate/finalização); aqui, porém, volta a encontrar este parentesco com os médios culés, pela forma como também Óliver sempre é capaz de encontrar os melhores caminhos, deixando os colegas em situações vantajosas e aproximando a equipa do sucesso.

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