Análise-Treino-Jogo – uma tríade indispensável no Alto Rendimento
Na perspetiva de perceber como se trabalha no alto rendimento, a ProScout teve a oportunidade de conhecer, por dentro, a semana de trabalho de uma equipa profissional. A estabilidade e a marca claramente ofensiva das suas equipas levou-nos a abordar o mister Pedro Miguel, que se mostrou disponível para partilhar algumas das suas ideias e metodologias de trabalho. Este artigo leva-nos a Abril de 2019, altura em que a UD Oliveirense iria receber o SC Farense para a 31ª jornada da Ledman LigaPro.
Questionado sobre a ideia de jogo e o modelo de jogo adotado pela UD Oliveirense, o treinador destacou que procura que as suas equipas sejam dominadoras, protagonistas e com personalidade para jogar um futebol ofensivo, dinâmico e essencialmente de boas decisões.
Desafiado a abrir um pouco mais o livro sobre a sua metodologia de trabalho, Pedro Miguel falou-nos sobre a preparação estratégica para o referido jogo da II Liga.
A preparação para este jogo não foi diferente do que é realizado para todos os jogos disputados. Percebemos que existe sempre um trabalho de análise e observação realizado pela equipa técnica, que posteriormente irá influenciar o planeamento para a semana de trabalho com vista à elaboração do plano de jogo, sempre em consonância com aquilo que são as ideias de jogo da equipa.
Em primeiro lugar, foi observado que o Farense apresentava uma estrutura em 1:4:1:4:1. Em organização defensiva fechava bem o espaço interior mas apresentava alguma dificuldade no controlo defensivo nos corredores laterais, onde além de dar espaço e tempo ao extremo para receber baixo e decidir, permitia situações de igualdade numérica, apresentando alguma dificuldade em controlar o espaço entre o lateral e central.
Assim, foram definidas duas opções estratégicas que visavam essencialmente explorar estas debilidades, tendo em conta aquilo que é a forma de jogar da Oliveirense e as suas potencialidades.
A primeira opção passou por uma construção a 4, com laterais baixos e extremos abertos, com o objetivo de alargar ao máximo as linhas defensivas do Farense, tanto na largura como na profundidade. A colocação dos interiores numa zona mais alta, pretendia fixar o lateral adversário, com o intuito de libertar mais espaço e tempo para os extremos poderem decidir. A partir desta dinâmica, pretendia-se criar situações de combinações nos corredores para destabilizar ainda mais a estrutura defensiva adversária e tentar chegar a situações de finalização.
Foi ainda planeada uma segunda opção que se baseava numa construção mais a 3, com a inclusão do médio defensivo entre os centrais, colocando mais gente no espaço interior. O objetivo passava por tentar entrar no bloco defensivo do Farense de fora para dentro, atraindo num espaço exterior, para depois procurar outro mais interior.
Tendo em conta o planeamento estratégico para o jogo, o microciclo semanal foi assim pensado tendo em conta aquilo que é o Modelo de Jogo adotado pela equipa e também a forma como se poderia aproveitar algumas debilidades do adversário, analisadas pela equipa técnica.
Em jogo, podemos observar que o planeamento estratégico pensado foi cumprido pelos jogadores, e que através dele, conseguiu-se chegar a zonas de finalização por diversas vezes.
A UD Oliveirense acabaria por bater o SC Farense por 2-1, com os dois golos a nascer de situações planeadas e postas em prática no treino. Executar em treino aquilo que se espera ver em jogo é um princípio balizador do trabalho em alto rendimento. Aquilo que distingue as equipas serão sempre as (boas) ideias, o trabalho realizado para as pôr em prática e a qualidade dos seus intervenientes.
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