Um dos destaques da Liga Nos desta época tem sido o defesa central do Vitória SC, Edmond Tapsoba. Com 20 anos e 192cm de altura, o defesa central oriundo da Burquina Faso tem demonstrado potencial (e rendimento) para poder jogar noutros patamares.
Chegado a Portugal pela porta do Leixões, Tapsoba é um defesa central moderno. Inteligente e forte tecnicamente, não se limita a defender e entregar e assume a construção do jogo Vitoriano. Com coragem e de cabeça levantada, procura fazer chegar a bola à linha média com um passe que “queima” linhas, já no espaço entre as linhas do adversário, nas costas da primeira pressão.
Quando estes espaços estão fechados, e o bloco defensivo adversário alto, tem a qualidade para fazer a bola chegar aos avançados, com passes de rotura, nas costas da linha defensiva.
No processo defensivo do Vitória, as valências físicas de Tapsoba sobressaem. Muito forte nos duelos individuais, assume-se como um central imponente, que não tem medo de ser pro-ativo na recuperação de bola. Atraído pela “marcação” do avançado, não tem problemas em cair para a faixa lateral, abrangendo uma vasta área de terreno. Não sabemos se este movimento lhe é pedido pelo seu treinador ou se é a sua natureza guerreira de jogo de pares no 1×1 que prevalece (quando este movimento acontece o 6 Vitoriano entra no alinhamento defensivo). De qualquer das formas, quando o jogo se resume a ele e ao seu marcador direto, Tapsoba consegue sair vitorioso num grande número de duelos.
No ar, é imperial. Com grande capacidade de impulsão e boa técnica de cabeceamento, Tapsoba é peça fundamental no jogo aéreo do Vitória. Além das capacidades físicas, ataca muito bem a bola, fazendo o contacto no ponto mais alto, dando poucas chances aos adversários de ter sucesso. A nível de posicionamento na defesa de cruzamento, demonstra preocupação com a orientação corporal, bem como o controlo dos adversários diretos (seja em contacto direto com eles, seja com o rodar a cabeça para o ver os seus movimentos).
As mesmas caracterísiticas permitem-lhe ser um jogador muito perigoso quando sobe à grande área adversária. Na presente época já leva 7 golos em 26 jogos, o que só o torna um jogador mais valioso e que pode fazer a diferença na equipa onde jogar.
A curto prazo, Tapsoba deve procurar continuar a focar o seu trabalho no desenvolvimento do entendimento tático do jogo. Ainda se notam as suas raízes, assente num jogo pouco organizado e físico, onde existe a constante procura do duelo individual, contra o “seu” avançado. Estes movimentos de marcação individual, se não forem coordenados com a restante linha defensiva e com os restantes colegas, podem abrir espaços que irão ser aproveitados por adversários de qualidade. Tapsoba e qualquer central, deve perceber que quando a bola é endossada para um avançado entre-linhas, ou chega logo e é capaz de pressionar antes que o adversário possa enquadrar, ou é preferível manter posição e preparar para retirar profundidade, com especial atenção nos jogadores adversários capazes de ameaçar esse espaço nas costas da linha defensiva. O mesmo acontece, quando a linha de passe para o 3º Homem está “fácil” e o sair a pressionar apenas irá libertar um espaço nas suas costas.
É nestes momentos de controlo dos espaços, das zonas e dos adversários, que Tapsoba pode e deve continuar a trabalhar.
Com 20 anos, Tapsoba tem vindo a apresentar um rendimento altíssimo mas ainda é um jogador em formação. Tem um enorme potencial físico e técnico, que com os estímulos de treino, competição e feedback certos poderá fazer dele um central de eleição num futuro muito próximo.