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1990 foi o ano em que o Liverpool se tinha sagrado campeão de Inglaterra pela última vez antes da turma de Jürgen Klopp quebrar esse longo jejum em 2020, 30 anos depois. O Liverpool na época de 89-90 era liderado pela lenda do clube Kenny Dalglish, que já havia ganho 2 campeonatos pelos “reds”, um na sua época de estreia como treinador-jogador, em 85-86 e em 87-88. Este, o seu 3º, seria o 18º título de campeão para o Liverpool.

A Era de Dalglish

A era de Dalglish começou em 1985 após o desastre de Heysel e demissão apresentada pelo treinador da altura, Joe Fagan.

Joe Fagan, ex-treinador do Liverpool com o troféu da Taça dos Campeões Europeus conquistada em 1984

Kenny Dalglish na época de 85-86 tornara-se então, treinador-jogador, tendo nessa época conseguido fazer a “dobradinha” ao conquistar o campeonato e a FA Cup. O estilo de jogo incutido pelo carismático treinador escocês começava a ficar bem vincado após as chegadas de algumas peças importantes como as contratações de Peter Beardsley ao Newcastle, John Barnes ao Watford e Ray Houghton ao Oxford United. Dalglish ainda viu Ian Rush sair para Itália, onde iria representar a Juventus e para colmatar a sua saída chegaria o goleador John Aldridge também do Oxford United.  Apesar de em 86-87 o Liverpool ter acabado a temporada sem troféus, as bases estavam agora lançadas para aquilo que seria a culminação para o título de 1990 e aquela que foi uma das melhores formações da história do clube.

John Barnes, um dos melhores jogadores da história do Liverpool

A Formação De Uma Base

A base deste grande Liverpool estava então agora assente em jogadores como Aldridge (mais tarde viria a perder o lugar para o regressado Ian Rush) e Barnes, um dos melhores de sempre do clube, um extremo virtuoso, rápido e com uma incrível capacidade de finalização. Meio campo com Steve McMahon, um médio muito completo, tenaz, forte no desarme, forte com bola e em progressão, era ele o verdadeiro patrão do meio campo e Ronnie Whelan que foi adaptado ao miolo vindo da ala devido à sua capacidade de organização de jogo, foi um médio centro de grande classe. Houghton, um extremo bastante moderno, não sendo muito rápido, mas gostava de pisar terrenos mais interiores, com uma grande capacidade de leitura, bom passe e cruzamento, também tinha boa chegada à área e capacidade para finalizar. O complemento ideal a Rush e Aldridge era Beardsley, um médio atacante ou avançado centro de grande capacidade técnica e visão de jogo, conseguia envolver-se bem pelos flancos também, nomeadamente combinando pela esquerda com McMahon e Barnes, um trio absolutamente mágico que servia com qualidade o ponta de lança da equipa. Na defesa nomes como o lendário Alan Hansen, um líder, e um central elegante, com uma excelente leitura de jogo e boa capacidade com bola, muitas vezes fazendo passes de morte ou investidas com bola desequilibrando o adversário. Depois nas laterais, nomes como Barry Venison, que era muito forte no momento defensivo, agressivo, e bastante competente mesmo sem deslumbrar e o incrivelmente “underrated” Steve Nicol, que além de ser bastante aguerrido no momento defensivo, era também um dos maiores desequilibradores no ataque quando jogava, possuindo também uma excelente capacidade de remate à meia distância, fazendo alguns golos vistosos.

Plantel de 89-90 e as suas conquistas

Como Jogavam?

Mas como jogava o Liverpool de Dalglish? A forma mais resumida de se explicar, é passe e movimento. O Liverpool tinha à altura um jogo bastante elaborado assente num 4-4-1-1, privilegiando muito a posse de bola e constantes trocas posicionais e movimentos dos jogadores, dificultando muito a tarefa de quem defende.

Um dos 11s mais utilizados

No momento de construção o Liverpool saía a 4, mas quando o central tinha a bola os laterais subiam no terreno enquanto que um dos médios se aproximava para receber a bola, por vezes até um dos extremos recuava para o espaço interior no meio campo defensivo para receber a bola, nomeadamente Barnes, que estava em constante movimento pelo terreno, pela ala, pelo meio, sendo uma autêntica dor de cabeça para os adversários. Na frente surgia aquela que era a mais perigosa ligação, pela meia esquerda, com McMahon, Barnes e Beardsley a mostrarem toda a sua qualidade, com a sua capacidade técnica ao vir ao de cima e a criar um futebol de associação bastante vistoso, rápido, imprevisível e capaz de desmontar qualquer defesa, servindo depois o avançado, Ian Rush que se mostrava absolutamente letal no último terço.

No momento defensivo a equipa colocava-se num 4-4-2, com Rush e Beardsley a pressionar os defesas. O Liverpool era uma equipa que com bola assumia muitos riscos, criando até algumas situações perigosas em transições dos adversários, mas também era uma equipa que procurava recuperar rapidamente a bola, todos os jogadores defendiam, ninguém comprometia a missão defensiva da equipa, era um grupo muito agressivo e combativo nos momentos de perda.

A Caminhada

Para a temporada de 89-90 o Liverpool foi ao mercado recrutar dois jogadores, Steve Harkness ao Carlisle United e o central sueco, Glenn Hysén à Fiorentina, jogador que foi muito importante na caminhada para o título. O Liverpool também teve saídas, o defesa central Beglin, fustigado por lesões para o Leeds United e o importantíssimo Aldridge já no decorrer da época, mas que tinha perdido espaço para Ian Rush, para a Real Sociedad.

Defesa Central Sueco Hysén, contratado à Fiorentina

Pré-Época

Durante a pré-época o Liverpool participou no Makita International Championship no Wembley, edição onde participaram, Arsenal, Liverpool, Dynamo Kiev e FC Porto. Nas meias finais os “reds” derrotaram os soviéticos do Dynamo Kiev por 2-0, mas na final acabariam por perder por 1-0 frente ao Arsenal.

O Liverpool depois do torneio em Wembley partiu para uma digressão na Escandinávia, onde defrontou e derrotou o Malmö FF e Halmstads, empatando depois com Vasalunds IF e HJK de Helsínquia.

Época Regular

A época regular começou com o Charity Shield, a supertaça de Inglaterra, onde o Liverpool repetiu a final da época passada com o Arsenal, desta vez entrando como vencedor da FA Cup e o Arsenal como campeão inglês. Neste jogo o Liverpool venceria por 1-0 com um golo de Beardsley, assinando assim um promissor início de época com a conquista de um troféu.

O início do campeonato não foi o melhor, apesar da vitória inicial frente ao Manchester City por 3-1, o Liverpool deixou o mês de Agosto em 5º lugar depois de empates frente ao Luton Town e Aston Villa. Ainda acabaria por viajar para Madrid para disputar o troféu de Santiago Bernabéu frente ao Real Madrid de onde sairia derrotado por 2-0 frente aos “merengues”.

O Infame Liverpool x Crystal Palace

9-0, foi este o resultado de um dos jogos mais recordados pelos adeptos do Liverpool, a maior goleada imposta pelo clube no campeonato frente a um recém-promovido Crystal Palace que sofreria assim a sua mais pesada derrota da história. Foram 8 jogadores diferentes que marcaram nesta partida, Nicol por 2 vezes, Barnes, McMahon, Rush, Gillespie, Beardsley, Aldridge e Hysén.

Outubro e Novembro Tremidos

O mês de Outubro teve momentos particularmente difíceis para o Liverpool como a derrota por 4-1 frente ao Southampton e a eliminação da Taça da Liga perante o Arsenal por 1-0. No entanto uma vitória no campeonato frente ao Tottenham acabaria por ajudar o Liverpool a recuperar o 1º lugar que tinha perdido para o rival Everton.

O mês de Novembro para o Liverpool fica marcado por 3 derrotas e nem as 2 vitórias frente ao Millwall e Arsenal apagaram a má performance da equipa. Uma derrota em casa frente ao Coventry City por 0-1, uma derrota no terreno do Q.P.R por 3-2, mas a pior seria no inglório regresso a Hillsborough depois da tragédia ocorrida 7 meses antes, regresso onde o Liverpool perde frente ao Sheffield Wednesday por 2-0. Apesar de continuarem na frente da liga, estavam agora em desvantagem no “goal average” para o Arsenal.

Março Com Festa à Vista

Depois de vitórias frente ao Millwall, Manchester United e Southampton para o campeonato, o Liverpool manteve a liderança do campeonato, desta feita em vantagem para o Aston Villa, apesar do Arsenal continuar à espreita. Na FA Cup, o Liverpool dá mais um passo para tentar a dobradinha ao eliminar o aguerrido Q.P.R no jogo de desempate por 1-0 depois do empate por 2-2 no Loftus Road. Março também trouxe um novo reforço para os “reds”, com a chegada por empréstimo de Ronny Rosenthal proveniente do Standard Liège.

Abril de Emoções

Um mês de grandes emoções (mistas) para os adeptos do Liverpool. Foi aqui que o Liverpool venceu o seu 18º campeonato, mas também deitou por terra a oportunidade de voltar a fazer uma dobradinha ao ser eliminado de forma surpreendente pelo Crystal Palace, equipa que o Liverpool já tinha batido nesta temporada por 9-0. “hell of a game” dizia Houghton.

Palace festeja na vitória sobre o Liverpool nas meias finais da FA Cup em 1990

Mas o culminar da época teria de ser o Liverpool tornar-se campeão de Inglaterra. A 28 de Abril do ano de 1990, o Liverpool defrontava o Q.P.R em casa. O jogo começou mal para o Liverpool, com a equipa nervosa enquanto que o adversário estava confortável sem qualquer pressão no jogo, foram mesmo os visitantes a inaugurar o marcador e os adeptos dos “reds” começaram a ficar impacientes, o medo de perder o campeonato para o Aston Villa pairava no ar, a derrota deixaria o Aston Villa a 1 ponto com mais jornadas por se jogar, enquanto que a equipa continuava a cometer erros e a ficar cada vez mais desconfortável no jogo.

0-1 Roy Wegerle abre o marcador para os visitantes

Aos 21 minutos de jogo apenas, Dalglish tenta dar um abanão ao jogo, ao colocar Houghton, criativo, mas também criterioso, a equipa necessitava de alguém que pudesse agarrar a equipa e a acalmar. Finalmente, aos 40 minutos Ian Rush chega ao empate depois de uma assistência de Nicol, empate que acalmaria os adeptos da casa e a confiança aumentava nas bancadas e entre os jogadores.

1-1 Ian Rush empata a partida para o Liverpool

Aos 63 minutos de jogo surge de grande penalidade a oportunidade do Liverpool passar para a frente do marcador, com o craque John Barnes a não desperdiçar e é a festa nas bancadas que duraria até depois do jogo, com o Liverpool a segurar a vitória e o título de campeão.

2-1 John Barnes coloca o Liverpool na frente através de uma transformação de grande penalidade
Os minutos finais do jogo e festa do Liverpool campeão de Inglaterra



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