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Olhando para o “numerologia”, se há algo que define a época desportiva do Sporting é, indubitavelmente, o número 4.

Quatro, foi o número de treinadores que estiveram no comando da equipa de Alvalade na época que agora finda e a 4º posição acabou por ser o lugar onde os leões terminaram a edição 2019/20 da Liga NOS.

Rúben Amorim, recrutado ao SC Braga em Março, foi o último desses quatro treinadores ao leme dos verde e brancos (anteriormente por lá haviam passado Keizer, Leonel Pontes e Silas).

Quatro foi também o número de derrotas nos dois clássicos com o FC Porto e nos dérbis com o Benfica a contar para a liga.

Amorim iniciou o percurso com uma vitória (2-0) sobre o Desportivo das Aves, a 8 de Março, naquele que foi o último jogo antes da paragem provocada pela atual pandemia.

Após o regresso da competição, no início de Junho, o Sporting somou (até ao clássico com o FC Porto) 5 vitórias e 2 empates em 7 jogos, resultados que faziam antever uma sólida e tranquila consolidação do 3º lugar na tabela e o assegurar do lugar que daria acesso direto à fase de grupos da Liga Europa da próxima temporada.

Contudo, nos últimos jogos, Rúben Amorim sabia de antemão que teria ainda que jogar nas últimas 3 jornadas, com FC Porto e Benfica, dois testes de fogo para o “novo leão” e que poderiam ter uma marca importante e decisiva no desfecho final da presente época.

Ora, nesses últimos 3 encontros, e com um empate (0-0) pelo meio em casa diante do Vitória de Setúbal, o Sporting saiu derrotado de ambos os jogos (com FC Porto e Benfica) que, aliado à vitória do SC Braga sobre o já campeão FC Porto na última jornada, levou os leões a terminarem no 4º posto.

Observando e analisando então os últimos jogos com FC Porto e Benfica, o que falhou para que o Sporting não tivesse conseguido somar qualquer ponto nesses encontros?

OFENSIVAMENTE

Com Amorim a equipa leonina mostrou sempre um forte vinco naquilo que é o seu padrão de jogo ofensivo, concretamente na sua construção e criação independentemente da valia do adversário e, como seria de esperar, isso não se alterou nestes jogos com dragões e águias.

Construindo curto desde trás e a 3, a equipa procurou potenciar, de forma mais acentuada, sair em apoio pelo lado direito com Ristovski a posicionar-se de forma mais baixa, dando um 1º apoio lateral ao central pela direita (Quaresma).

Plata e Jovane a procurarem receber dentro e Sporar a funcionar como apoio frontal (corredor central).

Contudo, sentiram em muitas dessas situações dificuldades para potenciar essa saída curta deste trás. O baixo posicionamento de Ristovski à direita era um “chamariz” à pressão alta do lateral adversário.

Plata, quase sempre a receber de costas (e até mesmo Jovane à esquerda), era(m) outro forte indicador para a pressão do central contrário.

No meio campo, Wendel e Matheus Nunes, praticamente lado a lado e também eles a receberem de frente para a sua baliza, indicavam também dificuldades para fazer fluir o jogar dos comandados de Amorim.

Ora, olhando para estes comportamentos, os mesmos levavam a que a equipa sentisse muitas dificuldades em sair apoiado desde trás, e quando a bola entrava nos alas por dentro (Plata ou Jovane) estes raramente conseguiam receber enquadrados para o jogo, fazendo ou com que a equipa atrasasse os seus ataques organizados com passes para trás ou com perdas de bola que rapidamente se transformavam em fortes transições ofensivas para o adversário.

Em zonas baixas ou médias-baixas, com a equipa aberta para sair, existia sempre muito espaço no lado contrário entre o central do meio e central/defesa da esquerda ou entre este último e o ala esquerdo (posicionado já mais em profundidade), aquando da perda de bola nessas zonas.

Estando a bola em largura, nomeadamente em zonas baixas (construção-criação) e com os médios do corredor central em apoio nessas zonas (baixas), a equipa procurou a profundidade com “esticões” na tentativa de lançar em velocidade os seus alas ou o próprio Sporar no corredor central.

Sporar surgia também como principal referência na reposição de bola longa através de Max, sempre que a equipa optava por não sair curto.

A partir desse esticar de jogo, era visível a dificuldade de chegada dos médios para ganhar as 2ª’s bolas (muito espaço entre a linha média e avançada).

Como consequência (médios longe da linha avançada), a equipa sentia iguais dificuldades na chegada a zonas de finalização (dificuldade em criar superioridade ou até igualdade numérica nessas zonas).

DEFENSIVAMENTE

Em organização defensiva e concretamente no seu 1º momento de pressão, a formação do Sporting procurou (e procura) condicionar de forma alta a construção adversária. No entanto, com posicionamento em bloco alto, a equipa sente dificuldades em controlar certos espaços, espaços esses que permitem uma saída “limpa” ao adversário quando bem identificados e explorados.

Desde logo, a indefinição (saltar à frente ou baixar e resguardar atrás) no timing de pressão dos alas permitia, essencialmente através de uma bola mais longa, que se pudesse sair a jogar pelos corredores laterais (zonas média-baixas).

Em zonas um pouco mais altas (ligação construção – criação) e quando os médios do corredor central tentam saltar na pressão mais à frente, libertam espaços nas suas costas, possibilitando ao adversário que, a partir do momento em que a bola entra nesse espaço, acelere o seu jogo e possa enquadrar e “agredir” a última linha defensiva (a 5 já com os alas a fechar a largura nesta fase).

Já em bloco baixo, a equipa leonina denotou dificuldades na articulação e coordenação dessa última linha defensiva e no controlo da profundidade da mesma.

Relativamente ao 1º ponto, Borja foi aquele (no plano individual) que maior dificuldade teve no seu posicionamento defensivo aquando destas situações, estando muitas vezes desalinhado dos restantes colegas da última linha, facto que fez com que colocasse em jogo o adversário contrário (no caso em particular Marega no jogo frente ao FC Porto, sendo que numa dessas ocasiões o avançado portista acabou mesmo por fazer o 2º golo do encontro).

Max continua também ele a revelar grandes problemas no controlo da profundidade. 

BOLA PARADA DEFENSIVA

3 dos 4 golos que os comandados de Amorim sofreram diante de FC Porto e Benfica, surgiram na sequência de lances de bola parada, mais concretamente na sequência de cantos.

Neste capítulo a equipa apresentou duas dificuldades distintas: a primeira está ligada diretamente ao 1º golo do FC Porto, onde não conseguiu controlar a zona do 1º poste, zona que Danilo atacou para inaugurar o marcador nesse encontro.

Ristovski e Matheus Nunes são arrastados da zona do 1º poste (por Otávio e Marega) e face ao posicionamento de Sporar (dentro e nas costas de Ristovski e Matheus Nunes), Danilo, vindo de trás, consegue atacar esse espaço libertado para fazer golo.

Numa outra situação observada, prende-se com o facto da equipa se mostrar lenta em subir e sair da área, para retirar profundidade ao adversário, e posteriormente para definir a linha defensiva pelo elemento mais perto do portador (contenção), nomeadamente aquando de situações de 2ª bola. Isto foi visível tanto em ações de canto como de livre lateral defensivo, uma vez que em ambos os jogos a equipa do Sporting acabou mesmo por sofrer 2 golos em situações desse tipo contra o Benfica.

No 1º golo do Benfica é Sporar que coloca Seferovic em jogo, após assistência de Rúben Dias.

No 2º golo, é Matheus Nunes que coloca Viníciuis em posição regular para que o avançado brasileiro fizesse aquele que seria o golo da vitória encarnada.



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