Gabriel Appelt Pires, médio centro do Sport Lisboa e Benfica, de 26 anos, chegou ao clube da Luz em 2018. Proveniente do Clube Desportivo Leganés, por uma verba de 8 milhões de euros, tem neste momento um valor de mercado a rondar os 12 milhões de euros, com contrato até 2024, com uma cláusula de 60 milhões de euros. Tem sido uma das peças base da equipa e um dos pontos de interrogação colocados ao momento de forma da equipa, após a sua lesão em fevereiro. Contava nesta época, até à data da lesão, 24 jogos oficiais pelo clube, com 2 golos e 1 assistência.
Os dados apresentados de seguida neste artigo, referem-se à competição da Liga NOS, após ter recuperado da primeira lesão que teve na presente época 2019/2020 (de agosto a setembro). Antes da lesão de Gabriel em fevereiro, a equipa do Benfica encontrava-se em 1º classificado (tabela 1). Após a lesão, a equipa conquista apenas 5 pontos em 15 possíveis, obtendo apenas uma vitória, fora de casa, pela margem mínima (0-1), 2 empates e 2 derrotas, para além de também ter sofrido 6 golos, quase tantos como até ao momento em que deixou de jogar por lesão (8 golos).
Perfil Defensivo
A nível coletivo, equipa do Sport Lisboa e Benfica é a que mais desarmes realiza (média de 38/jogo), com uma eficácia de 55%; é também das que tem mais eficácia a realizar a pressão na fase de construção do adversário (primeiro quarto: 69%) – um dado indicador das zonas habituais para pressão da equipa. É neste momento do jogo, que Gabriel apresenta um nível tático que lhe permite ter a capacidade de leitura e entendimento diferenciado, mais concretamente a realizar pressão alta. Na tabela 2, podemos verificar que a nível de golos sofridos através de bola corrida, a equipa não sofreu nenhum pelo corredor central. Este espaço é habitualmente ocupado por Gabriel, e através deste dado, podemos constatar novamente o seu importante contributo na equipa.
Gabriel é um médio centro, de equilíbrio defensivo, uma peça importante no sistema e forma de jogar da equipa, pela estabilidade que transmite. A sua leitura de jogo, posicionamento e marcação tornam difícil a ligação de jogo ao adversário entre a defesa e os médios, permitindo também realizar uma pressão forte, de modo a que o adversário não consiga prosseguir com o ataque. A sua capacidade de antecipar o próximo passo do adversário, garante uma maior eficácia, e também decisiva, a defender o espaço central. Com um raio de ação abrangente, a sua leitura de jogo permite pressionar o adversário ainda na fase de construção. A constante ação simples de levantar a cabeça, permite uma melhor avaliação do momento e antecipação do próximo. A sua ação de desarme é também uma característica forte, procurando ser bastante agressivo na abordagem aos duelos.
Perfil Ofensivo
A nível técnico, tem como ponto forte o passe, quer curto, quer longo, prova disso a sua capacidade de realizar um passe desde o meio campo defensivo e a partir daí acelerar o jogo. Mesmo sendo um médio mais recuado, consegue oferecer soluções ao ataque com a mesma qualidade. Apresenta uma boa relação com a bola e não se priva de jogar com pé direito, mesmo sendo esquerdino. A sua capacidade técnica aliado à robustez física, permite-lhe proteger a bola e conseguir sair da zona de pressão com sucesso. A seguinte tabela (tabela 3), indica o número de golos marcados através de bola corrida e a eficácia ofensiva da equipa.
Perfil Físico
A sua capacidade de ganhar os duelos e de aguentar o choque, faz com que consiga guardar a bola sob pressão.
Por outro lado, é também a este nível que Gabriel poderá limitar a sua intervenção no jogo, pois é um jogador mais lento no momento de recuperar posição.
Alternativas a Meio Campo
Na liga, do top-10 jogadores suplentes utilizados pelo Benfica (em número de jogos), 4 são para a posição de médio centro, dado que reflete bem a importância e a necessidade para um grande leque de opções para a posição.
Numa equipa como a do Benfica, as opções são várias e com qualidade acima da média. A diferença está no reportório de soluções que cada jogador apresenta, e, neste aspeto, existem diferenças entre as várias opções para o meio campo, de modo a potenciar uma forma de jogar. Neste sentido, Gabriel é o que mais pode oferecer ao jogo, não apenas pela relação entre o momento ofensivo e defensivo de qualidade, mas o que consegue dar em cada um deles com a mesma qualidade. Na tabela seguinte (tabela 4), podemos comparar o nível de eficácia dos médios mais utilizados na liga pela equipa, que podem ser solução para a vaga de Gabriel: Taraabt, Weigl e Samaris.
Com Gabriel, Taarabt poderá ser o elemento da dupla que mais contributo dá ao ataque da equipa, ainda que numa posição mais recuada, a sua intervenção equilibra entre o apoio ao colega do meio campo, quer a nível da construção de jogo, quer no apoio à equipa no momento de criação de situações para finalizar.
No seguimento, Samaris é um jogador com mais preponderância defensiva, que oferece menos opções a nível de ataque, que menos arrisca no passe, não dando soluções a nível vertical ao contrário dos restantes; Taarabt, como vimos anteriormente, é o contrário de Samaris, com uma maior capacidade ofensiva, é um elemento para desequilibrar no ataque, que trás menos equilíbrio defensivo à equipa. Com Samaris em campo, Gabriel poderá assumir maior responsabilidade no apoio ao ataque da equipa, ao mesmo tempo que dá o seu contributo importante a nível de equilíbrio.
Por último, Weigl, recentemente adicionado ao plantel, fez a última dupla com o Gabriel, antes da sua lesão. A colocação desta dupla em jogo, oferece duas soluções de qualidade nos vários momentos do jogo em simultâneo, tanto a nível da saída de jogo para o ataque, como no equilíbrio defensivo. Esta dupla permite colocar o Taarabt no seu habitat natural, ou seja, mais perto da baliza do adversário, podendo jogar assim com as várias “soluções mediante o adversário”, situação já referida pelo treinador Bruno Lage em várias ocasiões através das conferências de imprensa.
Perspetivas pós-Gabriel
Nas duas derrotas que o conjunto das Águias tiveram após a lesão de Gabriel, com o Futebol Clube do Porto (3-2), e Sporting Clube de Braga (0-1), Weigl fez dupla com Taarabt em ambos os jogos. A nível individual, Weigl é das opções que menos eficácia defensiva apresentou (tabela 4) a nível de desarme e duelos. Por sua vez, Taraabt, não é conhecido pelas suas características defensivas, sendo então um elemento que pouco poderia contribuir a este nível em ambos os jogos. Assim, resta a opção Samaris, apenas titular na liga pela última vez em outubro passado, sem apresentar prestações positivas até ao momento, não mereceu a confiança para a titularidade em ambos os jogos, tendo sido apenas utilizado como suplente no jogo contra os azuis e brancos.
Dos jogos que antecederam à sua lesão, Gabriel foi titular em 11 jogos, e suplente utilizado em 2. O camisola 8 do Benfica é o médio que serve uma ideia de jogador entre a posição “6” e “10”. A jogar atualmente num sistema 1x4x4x2, de duplo-pivôt (médios lado a lado), é um elemento em jogo que lê muito bem o espaço a ocupar (com e sem bola), permitindo à equipa ter um importante equilíbrio a nível do espaço central. A nível defensivo contribuiu muito para que a equipa não tivesse sofrido qualquer golo a partir do espaço central. Consegue ter uma melhor perceção dos indicadores dados pelo adversário, e dessa forma ajudar a equipa a realizar uma pressão alta. As suas características não se limitam apenas a defender, pois é um jogador que “gosta” de ter a bola, procura o jogo, não se esconde e também participa de forma ativa no processo ofensivo.
Não tem apenas o conhecimento necessário do jogo, como também tem comportamentos de liderança dentro de campo, procurando ajudar os colegas a posicionarem-se.
Desta forma, podemos concluir que Gabriel era até ao momento da lesão em fevereiro uma peça importante do puzzle, e que poderá a sua ausência ter contribuído para um desempenho menos positivo da equipa.
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