A 6ª jornada ditou que Rio Ave e FC Porto, sendo que a equipa da casa vinha de uma derrota no último minuto no terreno dificil do Marítimo e um empate caseiro contra o campeão Benfica. No caso dos visitantes, tinham um teste de fogo pois, como já mencionado, o Benfica tinha aqui perdido pontos e o Sporting tinha vencido o Tondela, pelo que era imperativo vencer.
O Rio Ave apresentou uma equipa com um duplo pivot com Tarantini e Leandrinho, explorando os flancos com Bruno Teles e Lionn a subirem no terreno, com Barreto e Nuno Santos com o apoio de Rúben Ribeiro, que tanto descai para os flancos como vai buscar jogo, esperando o apoio no centro de Tarantini ou Leandrinho e com Guedes na frente como um avançado mais móvel.
O FC Porto mantinha a estrutura defensiva, com Alex Telles e Ricardo e os habituais centrais Marcano e Felipe. Já antevendo uma luta acesa a meio-campo, retirou Oliver para colocar Herrera, que oferece outra capacidade física e de pressão. A entrada de Otávio, apesar de não ser um extremo, passava pelo principio que Marega iria descair para o flanco direito, aproveitando a maior profundidade que o malaio oferece. Aboubakar a regressar ao onze, com Brahimi a repetir a titularidade naturalmente.
Papéis invertidos?
Pode-se dizer que o jogo começou ao contrário do que se poderia esperar. O Rio Ave com bola, privilegiando a saída de bola atrás dos centrais e do guarda-redes Cássio, mas o FC Porto a pressionar de forma a não permitir essa saída. Os médios vila-condenses baixavam para buscar jogo, mas o FC Porto prendia as marcação e a pressão alta fazia com que essa saída de bola não fosse bem sucedida. Os dragões procuravam o erro do adversário e transições rápidas, aproveitando a rapidez de Brahimi e Marega, mas o facto de se jogar em espaços muito curtos faziam com que se sucedessem passes errados e percas de bola parte a parte.
A partir dos 15 minutos, o Rio Ave conseguiu soltar-se das amarras, mas essa liberdade permitia mais espaços ao FC Porto para atacar com rapidez. Antes disso, Brahimi poderia ter marcar, aos 10 minutos, quando rematou a cruzamento atrasado de Marega, ao lado da baliza. Apesar de conseguir chegar à frente, com destaque para Nuno Santos e Ruben Ribeiro, que causavam muitas dificuldades em trocas de bola constantes, com Lionn a colaborar, sendo que foi o lateral brasileiro a cruzar para Guedes, pressionado por Ricardo, a não conseguir cabecear bem.
O jogo mais esticado também significava que o FC Porto teria mais espaço e quase marcou, quando Marega, assistido por Herrera, remata com a bola a raspar na barra de Cássio. Do outro lado, Barreto, que ainda não tinha aparecido, ultrapassa Ricardo e remata com muito perigo. Nesta altura, ambas equipas já jogavam de forma mais aberta e mais estendida em campo, sendo que esses espaços permitiam mais bolas perto da grande área. Até ao final da 1ª parte, de destacar um remate de Guedes que saiu ao lado da baliza do Casillas e um cruzamento de Marega que Aboubakar não acreditou que chegaria e a ficar para trás.
A parte de todos os golos
A segunda parte começa com uma importante alteração tática, quando Marega se encosta ao lado de Aboubakar e Otávio descai mais para o lado direito, sendo que esta alteração teve logo efeitos, com o FC Porto a ter logo 3 oportunidades de golo, com Aboubakar a falhar no remate, já na grande área. Felipe cabeceia para as mãos de Cássio, após cantos, e Aboubakar, que se isola após passe de Otávio, a deixar-se apanhar por Marcelo e a rematar contra o defesa brasileiro. A alteração permitiu ao FC Porto jogar com mais profundidade, aproveitando os passes longos de Otávio, se bem que nem sempre com a melhor direção, para Brahimi, Marega e Aboubakar.
No entanto, foi num campo que Danilo, um dos melhores em campo, cabeceia vitoriosamente para a baliza de Cássio. Com as hostilidades abertas, esperava-se um jogo mais aberto mas o Rio Ave sentiu o toque e não conseguia criar reproduzir o BomFutebol com que tinha terminado a 1ª parte. Por outro lado, Marega continuava a destruir a defesa contrária, com jogadas individuais e sprints, deixando-se cair demasiadas vezes em fora de jogo. Num dos lances em que foi servido por Aboubakar, perdeu na dividida com Cássio, sentindo-se que o 2-0 estava mais próximo que o empate.
Marega duro em pedra mole…
E o golo chegou quando Marega serve Brahimi, que fura pela direita e cruza atrasado para Marega rematar para o fundo das redes vila-condenses. As substituições programas por Sérgio Conceição foram efetuadas, não obstante o resultado mais confortável, saindo Aboubakar para a entrada de Soares e de Otávio para a entrada de Maxi, com Ricardo a subir no terreno. Por seu lado, Miguel Cardoso tirou Barreto para entrar João Novais e Guedes para entrar Karamanos. A lesão de Alex Telles obrigou Sérgio Conceição esgotar as substituições colocando André André no lugar do lateral. E este momento foi chave para os restantes 15 minutos de jogo.
Lançamento lateral do Rio Ave, com Karamanos a entrar na área e a descobrir Nuno Santos sozinho no outro lado da grande área, com Ricardo, desviado para lateral esquerdo no minuto anterior, a falhar na marcação. O jovem extremo não perdoou e Casillas foi, finalmente, batido nesta edição da Liga NOS. E Miguel Cardoso arriscou, colocando Gabrielzinho no lugar de Leandrinho no tudo por tudo. Mas na verdade, apesar da pressão do Rio Ave, o FC Porto conseguiu suster as tentativas de ataque e o Rio Ave despachava mais bolas pelo ar, sem critério, do que no jogo apoiado. Finda a partida, resultado justo para a equipa que mais perigo criou durante a partida.
Atenção!
Como autor, sinto-me obrigado a deixar 2 notas muito relevantes para quem gosta de BomFutebol. Esta equipa de Miguel Cardoso merece todo o destaque pois propõe um tipo de futebol que não se trai por resultados, tentando sempre jogar um futebol bonito, se possível ao primeiro toque e evitando o chuta para a frente ou focar-se em individualidades. Claro que com jogadores como Rúben Ribeiro, Nuno Santos ou, esperemos nós, Gabrielzinho sobressaem, nem sempre com a eficácia e eficiência necessária. No entanto, o que o Rio Ave faz dentro de campo é algo que todos os treinadores em Portugal deverão olhar e admirar.
Também deveremos olhar para outro aspecto, quando dois mundos colidiram. O mundo do virtuosismo, técnica e finta rápida de Rúben Ribeiro contra o jogo atabalhoado mas intenso e incessante de Marega. No caso do português, sentimos que poderia ter chegado a outro patamar pelo seu “futebol de rua” mas percebe-se que lhe falta algumas características essenciais para o futebol atual, como a reação à bola ou colocar a equipa à frente do individualismo. Por outro lado, Marega tem lacunas técnicas a nível de drible e passe que são bastante evidentes, mas que compensa com uma intensidade e entrega que leva, literalmente, tudo à frente. O fato de ter um potente remate ajuda a compensar este fato. Devo dizer que sou bastante fã de ambos, com as suas lacunas lembrando-me que afinal os jogadores são “apenas” seres humanos!
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