Sob o comando de Pep Guardiola, o Manchester City gastou 355 milhões de euros em jogadores para o setor defensivo. No entanto, ao longo desta época, a linha defensiva dos Citizens revelou-se algo permeável (facto que se traduz nas 9 derrotas na Premier League – mais 5 que na época anterior – e nos 35 golos sofridos – mais 12 que em 2018-2019). De facto, em 1/3 dos seus jogos desta época, o City sofreu primeiro, ficando em desvantagem no marcador.
Estes números levam-nos a perguntar o que se poderá passar com a defesa do Manchester City. Seja por claros erros individuais, por lesões ou pela saída do capitão e líder Vicent Kompany, a verdade é que Pep Guardiola não conseguiu encontrar a estabilidade que por certo desejará para o seu setor defensivo.
Um dos maiores problemas que a equipa tem revelado, prende-se com questões relacionadas com o controlo da profundidade da sua linha defensiva.
Na meia final da FA Cup, este problema esteve bem visível no segundo golo do Arsenal, que atirou os Citizens para fora da competição.
Nos jogos ao longo desta época existiram uma série de lances semelhantes ao ocorrido no passado fim de semana. Os princípios que parecem nortear a linha defensiva do Man City, passam por ter a defesa sempre alta, próxima da linha média, retirando qualquer espaço entre-linhas que o adversário possa aproveitar.
Em casos de bola descoberta (adversário com bola e sem pressão, pronto para realizar um passe nas costas da defesa), a linha defensiva dos Citizens pode aparecer exposta. O jogo de futebol, apesar do seu caráter caótico, pode absorver vivências e aprendizagens de outras modalidades ou de outras áreas da sociedade. Por exemplo, a Ciência Militar diz-nos que no meio militar as operações defensivas são caracterizadas por operações de combate que procuram garantir o insucesso do inimigo, ganhar tempo para se reorganizar e criar condições favoráveis para conduzir operações ofensivas. Neste sentido, a profundidade da defesa permite absorver o momento físico do atacante, evitando uma rotura do dispositivo defensivo. Esta ação confere à defesa tempo para se organizar, trocando o espaço por tempo.
Percebemos facilmente que esta analogia tem imenso transfer para aquilo que é a realidade do jogo. Quando o adversário tem a bola sem pressão, dentro do nosso bloco, ou quando a linha defensiva está exposta a que um passe entre diretamente nas suas costas, esta deve ter uma maior preocupação em controlar a profundidade do que propriamente com o espaço entre-linhas (que até poderá ter que ser aumentado com o baixar da linha defensiva).
Obviamente que outros fatores devem ser tidos em conta na operacionalização destes comportamentos. A linha não precisa de baixar só por a bola estar descoberta, mas sim quando existe uma real intenção e ameaça da bola entrar nas suas costas. Além disso, as questões relacionadas com a orientação dos apoios (de lado, orientados para a profundidade e prontos a reagir) e das coberturas defensivas (por exemplo uma linha de 3 mais atrás do lateral que saiu na bola no corredor lateral) parecem-nos fundamentais.
Em 2014, Vítor Pereira, quando estagiava com o Guardiola (na altura no Bayern de Munique), disse-lhe que em alguns momentos a sua linha defensiva estava exposta nos momentos de transição. Em 2019/2020 conseguimos observar que não só em transição, mas também em organização defensiva, a equipa voltou a apresentar uma linha defensiva muitas vezes exposta a movimentos de rotura dos seus adversários, aproveitando o espaço nas suas costas.
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