Ricardo Sá Pinto: perfil tático e encaixe no Vasco da Gama
Ricardo Sá Pinto é o novo treinador do Vasco da Gama. Depois de técnicos portugueses como Jorge Jesus, Jesualdo Ferreira, Sérgio Vieira e Paulo Bento, Ricardo Sá Pinto será o próximo treinador a abraçar um projeto brasileiro. Aos 48 anos, este será o 12º clube do treinador português, tendo passado por 6 países até chegar ao Vasco da Gama.
Contexto
Começou a carreira de treinador como adjunto, na altura na União de Leiria. Rapidamente passou a treinador principal, assumindo a equipa de sub-19 do Sporting CP. Em 2011/12, o Sporting CP passava por um período conturbado, com Sá Pinto a substituir Domingos Paciência no decorrer dessa temporada.
Após 30 jogos no Sporting CP, onde alcançou 15 vitórias, seguiram-se uma passagem pelo Crvena Zvezda, da Sérvia, pelo OFI e pelo Atromitos, da Grécia. Em 2015/16, regressou a Portugal para assumir o comando técnico do Belenenses. Na época seguinte iniciou no Al Fateh da Arábia Saudita, tendo depois regressado ao Atromitos. Após este período seguiram-se os três projetos onde Ricardo Sá Pinto conseguiu, em vários períodos, apresentar resultados: Standard Liège, Legia Warszawa e Sporting de Braga.
Até agora, Ricardo Sá Pinto conquistou um campeonato nacional de sub-19, uma Taça da Liga Portuguesa e uma Taça da Bélgica. O treinador português ainda procura a sua primeira grande conquista.
No Gigante da Colina, Sá Pinto vai encontrar uma equipa que não vence há 7 jogos consecutivos. Tem, no Brasileirão, 18 pontos em 14 jogos disputados. Está a 6 pontos do 6º classificado, o Santos, que dá acesso às pré-eliminatórias da Libertadores (menos dois jogos). Do líder Atl. Mineiro, o Vasco da Gama está a 13 pontos (menos um jogo).
“Eu e a minha equipa estamos muito confiantes no trabalho que vamos ter que fazer. Sabemos que a situação não é ideal e é grande a responsabilidade, mas é na dificuldade que se criam grandes oportunidades. Conto com o vosso apoio. Já sabem: lutar pela vitória!” — Ricardo Sá Pinto
Ricardo Sá Pinto – Perfil Tático
O treinador português estrutura as suas equipas num 4x3x3, valorizando as dinâmicas da equipa, mais do que o sistema de jogo em si.
Ricardo Sá Pinto estrutura no meio campo o motor da equipa. As dinâmicas impostas pelos três jogadores do meio campo são fundamentais para a equipa, seja no momento defensivo, seja no momento ofensivo.
Um volante de qualidade, com capacidade posicional, de equilibrar a equipa em todos os momentos de jogo é importante para o modelo do treinador. No Sporting de Braga, João Palhinha assumia este papel. Um jogador muito forte defensivamente, que recupera bolas e permite à equipa iniciar rapidamente o seu processo ofensivo.
Os outros dois jogadores que compõem o meio campo têm de ser dois meias tecnicamente evoluídos. Dois jogadores que consigam pegar no jogo da equipa, seja baixando no terreno de jogo, formando uma linha de três com os centrais, seja a receber entre linhas e a desequilibrar no meio campo ofensivo.
Processo Ofensivo
No momento ofensivo, as equipas de Sá Pinto procuram uma saída de bola a três, com um dos médios mais criativos a baixar numa das laterais, formando essa linha de três.
Os laterais são bastante ofensivos, procurando desequilibrar no último terço. Associam-se com os pontas, procurando combinações simples de 1×2 e ações de cruzamento.
Os pontas jogam com o pé trocado, ou seja, um ponta de pé esquerdo joga pelo lado direito, enquanto um ponta de pé direito joga pelo lado esquerdo. Isto porque o corredor lateral é para ficar livre para o lateral progredir, enquanto os pontas têm de procurar movimentações em espaços interiores. Jogando com o pé contrário os pontas ficam a possibilidade de rematar à baliza assim que estiverem enquadrados com a mesma.
Processo Defensivo
No processo defensivo, as equipas de Ricardo Sá Pinto apresentam características bem vincadas da personalidade do treinador. À imagem do técnico português, as suas equipas são agressivas, colocando agressividade em todos os duelos disputados. A exigência é máxima e as suas equipas serão agressivas em todos os momentos do jogo.
A reação à perda da bola e a pressão alta são características identificáveis e vincadas nas equipas de Ricardo Sá Pinto. O treinador português pode ainda acrescentar rigor, organização e compromisso à equipa do Vasco da Gama. Tem sido no capítulo tático que o trabalho do treinador português no Brasil se tem destacado.
O impacto de Sá Pinto no Vasco da Gama
Sá Pinto quererá ter um impacto imediato no Vasco da Gama. No primeiro jogo eles irão ter pela frente um adversário difícil, o Internacional. É expectável que possa realizar algumas alterações no onze inicial, mas também no sistema tático.
No primeiro jogo, sendo um adversário do topo de tabela e de maior exigência, há a possibilidade de iniciarem o encontro com dois volantes mais defensivos. Pelos últimos trabalhos de Sá Pinto, leva-nos a acreditar que serão dois meias mais ofensivos, a juntar ao jogador mais posicional a fazer a posição de volante.
Da baliza ao ataque
Na baliza não existem grandes dúvidas, Fernando Miguel deverá ser o dono da baliza. Na linha defensiva também não é expectável que haja muitas alterações. A defesa direito deverá alinhar o jovem Cayo Tenório, um jovem com boa capacidade técnica, que consegue atacar bem o espaço em profundidade, é bom em situações de 1 vs 1 e tem poder de aceleração. No modelo de Sá Pinto, os laterais envolvem-se bastante no processo ofensivo. Na restante linha defensiva, Leandro Castán, Miranda e Henrique deverão manter o lugar.
No meio campo é onde residem as maior incógnitas com a chegada de Sá Pinto. A formação do trio do meio campo oferece algumas incertezas sobre a sua disposição em campo. Analisando os trabalhos já realizados pelo novo treinador do Vasco da Gama, percebemos que, por norma, opta por jogar um volante e dois meias mais ofensivos. O volante tem de ser um jogador com um bom sentido posicional e capaz de oferecer equilíbrios à equipa. Numa fase inicial, Bruno Gomes deverá ser o detentor do lugar, sendo que Andrey poderá ser a 2ª opção. Mas há que ter em atenção a chegada de Leonardo Gil que poderá encaixar no sistema de Sá Pinto.
No meio campo ofensivo, Martín Benítez e Carlinhos devem ser as opções. De destacar que Carlinhos já foi treinado por Sá Pinto no Standard Liége, tendo ocupado a posição de médio ofensivo no seu sistema de jogo.
Na frente de ataque Talles Magno e Germán Cano devem ter lugar garantido, ficando apenas por completar a posição de ponta direito. Atendendo às ideias de Sá Pinto, o ideal seria um ponta que jogasse com o pé esquerdo, capaz de procurar os espaços interiores e de rematar à baliza. Não existindo essa opção no plantel, Vinícius será o jogador que mais se aproxima do pretendido pelo treinador português.
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