Menu Close

Frente a Frente: Comparação entre épocas dos três grandes

Todos os anos a expectativa para saber quem vai ser o campeão no final da temporada é enorme, e grande parte dessa mesma expectativa é moldada com base em entrada e saída de jogadores e técnicos.

Nos dias de hoje até não é muito comum, mas os três grandes mantiveram os seus treinadores. Ainda assim, a abordagem ao mercado foi muito diferente, também resultado das necessidades de cada clube.

No entanto, este ano foi caso diferente e tirando João Mário no Benfica, nenhuma das transferências está a interferir de forma notável nos resultados das equipas e a principal mudança em cada equipa tem a ver com mudanças táticas, de jogadores e de uma maior estabilidade.

Desta forma, segue-se uma curta análise aos fatores que determinamos como principais melhorias em cada clube.

FC Porto

Na equipa de Sérgio Conceição, a principal mudança, tem a ver com um aumento do volume e eficácia ofensiva, como podemos verificar através da tabela seguinte:

A tabela é bastante esclarecedora e existem apenas dois pontos pintados a vermelho, no entanto, a menor taxa de golos de canto e número de cruzamentos até pode significar algo positivo, caso associemos a uma menor dependência desses momentos. De resto, em todos os outros parâmetros o Porto subiu de rendimento, algo que se deve a vários fatores, nomeadamente:

– Saída de Marega: O jogador maliano teve vários anos em grande nível ao serviço do Porto, no entanto o ano passado o nível baixou e já não justificava a titularidade absoluta. Ainda assim, a principal consequência da sua saída, é a menor dependência dos azuis e brancos nos seus movimentos e a entrada de um avançado com diferentes características para o seu lugar.

No final da temporada passada elaboramos um artigo com o intuito de procurar o novo avançado do Porto, algo que não chegou a acontecer, onde através da estatística analisamos o rendimento de Marega e comparamos aos outros avançados dos Dragões, para dessa forma percebermos melhor este fator.

– Mudança de perfil individual: Este ponto vai ligeiramente de encontro ao anterior, mas esquecendo o rendimento ou não-rendimento de Marega, a mudança de perfil é outro fator que influenciou em muito o ataque portista. Toni Martínez, que assumiu a titularidade no início da época, mostrou ser também forte no ataque à profundidade, mas garante maior capacidade de jogo em apoio e um maior entendimento com Taremi, sendo mais completo. Evanilson, que tem sido agora titular, acrescentou bastante dinamismo à equipa do Porto, através das suas diagonais curtas e jogo em apoio. Para além disto, podemos em parte associar o maior tempo de jogo de Fábio Vieira, Vitinha e até Francisco Conceição, a uma maior fluidez e capacidade de retenção de bola.

– Fator “Luis Díaz”: Os “meninos” da formação e até Taremi subiram claramente de rendimento, mas Luis Díaz está num patamar acima. Depois de uma fenomenal Copa América, o colombiano voltou ao Dragão e tem sido o melhor jogador do Porto. A sua capacidade técnica não é novidade, mas este ano tem se mostrado fortíssimo ao nível da movimentação, finalização e decisão, pelo que seria impossível não associar a melhoria ofensiva do Porto às exibições de Luis Díaz.

Ainda assim, como não podia deixar de ser, as táticas de Sérgio Conceição têm grande interferência em tudo isto, tal como é explicado no seguinte vídeo:

SL Benfica

A principal mudança no Benfica de Jorge Jesus diz respeito à segurança e estabilidade defensiva, algo evidenciado pela seguinte tabela:

Fazendo uma leitura unicamente dos dados, percebemos que o Benfica sofre menos golos, concede menos oportunidades e tem um menor volume de ações defensivas, sendo este o único aspeto onde os índices baixaram. No entanto isto pode ser associado a uma maior percentagem posse de bola e organização no momento ofensivo para a reação à perda. Para além disso, os dados indica-nos que o número de recuperações de bola diminui, mas o número de bolas recuperadas em zonas mais adiantadas aumentou – pressão mais subida e eficaz. Para completar, a eficácia das ações defensivas subiu em todos os parâmetros, algo resultado de todos os aspetos anteriormente mencionados. Associando os dados ao jogo em si, percebemos que o Benfica se apresenta cada vez mais seguro defensivamente, o rendimento individual dos jogadores (em especial dos defesas) subiu e a equipa de Jorge Jesus encontra-se mais preparada para a perda de bola. Tudo isto tem vários motivos, entre eles:

– Estabilidade da linha defensiva: Jesus garantiu a continuidade do 3-4-3, algo que permitiu aos jogadores ambientarem-se ao sistema e entender melhor as dinâmicas a nível individual, setorial e coletivo. Para além disso, existe também uma maior estabilidade ao nível individual, que também contribui para esta subida de rendimento.

– Lucas Veríssimo e Otamendi: O central brasileiro e o “El Capitán” do Benfica subiram de rendimento e até agora têm se apresentado num nível elevadíssimo, não esquecendo que Lucas se lesionou gravemente e irá desfalcar a equipa por várias vezes.

– Fator “João Mário”: O médio português acrescentou ao Benfica uma segurança e capacidade de ter bola que o Benfica não tinha. Weigl oferecia algo semelhante, mas não se notava de forma tão acentuada (principalmente por causa de Taarabt, que arriscava muito e desequilibrava a equipa). Esta característica de João Mário é associada ao processo ofensivo, mas influencia bastante o processo defensivo: o Benfica desequilibra-se menos com bola, circulando a mesma com mais facilidade, e encontra-se muito mais preparado para a reação à perda do que o ano passado.

Nos últimos jogos, nomeadamente no jogo com o Sporting, o Benfica deixou uma imagem negativa, mas o trabalho realizado esta temporada tem sido positivo e a melhoria em relação ao ano passado é evidente, algo que se deve principalmente a Jorge Jesus, que conseguiu passar bem as suas ideias e melhorar o rendimento individual e coletivo da sua equipa. Essas principais ideias encontram-se explicadas neste vídeo, que tem como objetivo ilustrar o que mudou Jesus e ao que se deve a maior segurança defensiva do Benfica.

Sporting CP

O Sporting mereceu um destaque diferente dos seus rivais, pelo que a principal melhoria diz respeito a algo mais específico, a bola-parada.

A equipa treinada por Rúben Amorim viu aumentar o número de cantos por jogo, mas a principal melhoria diz respeito ao aproveitamento que os Leões fazem dos mesmos. A percentagem de cantos que resultou em remate aumentou cerca de 11%, um aumento bastante considerável, e a percentagem de cantos que resultou em golo também aumentou, 2,7%, um aumento mais baixo, mas também significativo. Este fator deve-se a vários aspetos, alguns diretamente relacionados com a bola-parada e outros nem tanto:

– Trabalho de Rúben Amorim: O técnico dos Leões e a sua equipa técnica são os principais responsáveis por detrás deste maior aproveitamento das bolas paradas. No aspeto tático, o Sporting encontra-se mais completo e competente para abordar estes lances. Isto é algo óbvio, pois se analisarmos os golos em questão, facilmente percebemos que existe um padrão, algo obviamente preparado e treinado pela equipa técnica, como está explicado no vídeo final.

– Menor eficácia de remate: Pedro Gonçalves lesionou-se e Paulinho tem-se mostrado bastante ineficaz em frente à baliza, algo que indiretamente afeta o rendimento das bolas paradas. O Sporting mostra menor capacidade de marcar golos de bola corrida e dessa forma, o foco nas bolas paradas duplica-se e por sua vez o rendimento deste momento de jogo aumenta.

Por fim, fica aqui um vídeo, já utilizado anteriormente num outro artigo, no qual são explicados os padrões preparados por Rúben Amorim para garantir que o Sporting tem um maior aproveitamento na bola parada.

Conclusão

Em comparação com a época anterior, o Porto e o Benfica destacam-se por uma maior estabilidade e qualidade ofensiva e defensiva. Enquanto que no caso do Sporting, a principal melhoria diz respeito a um maior aproveitamento dos cantos ofensivos.

Esta temporada promete ter luta até ao fim e será um dos campeonatos mais renhidos dos últimos anos. O Benfica investiu imenso e tem Jorge Jesus no banco, o Porto garantiu a continuidade de ativos importantes e tem Sérgio Conceição como treinador, que a bem ou a mal garante sempre imensa competitividade e títulos. O Sporting encontra-se num estado de equilíbrio como já não se encontrava há alguns anos e Rúben Amorim tem demonstrado ser um treinador imensamente inteligente e conhecedor do jogo.

Artigo realizado pelos analistas Pedro Carvalho e Afonso Cabral.



Para todos os clubes, treinadores, jogadores, olheiros, agentes, empresas e media que queiram saber mais sobre os nossos serviços de scouting, não hesitem em contactar-nos através de mensagem privada ou do nosso email geral@proscout.pt.



Related Posts